Harleson Sidney Almeida Monteiro
harleson.sa.monteiro@unesp.br
Sinara de N. Santana Brito
sinara.santana@unesp.br
Engenheiros agrônomos e mestrandos em Agronomia/Horticultura – UNESP
Antonia B. da Silva Bronze
Doutora em Agronomia e professora – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
antonia.silva@ufra.edu.br
A antracnose é uma doença fúngica, causada pelo complexo de fungos Colletotrichum ssp. Está entre as doenças fúngicas de maior importância no território das Américas para a cultura do citros, devido aos elevados prejuízos que são causados aos pomares das mais diversas espécies e variedades, afetando praticamente todas as variedades comerciais de citros.
Como reconhece-lo
O fungo tem seu crescimento nos mais diversos órgãos da planta, seja nos ramos, folhas, flores e frutos. A disseminação ocorre a curtas distâncias por meio dos principais fatores, que são: chuva, orvalhos e da irrigação (aspersão).
A contaminação ocorre de maneira inesperada e drástica, influenciada pelas condições climáticas favoráveis da região onde o pomar de citros está instalado.
A favor da doença
As condições favoráveis à ocorrência da doença estão associadas a chuvas, período prolongado de molhamento (<48 horas) e elevadas temperaturas. As condições ideais de desenvolvimento do fungo dependem de alta umidade e temperatura na faixa de 25 e 28ºC.
Contudo, no geral, a contaminação pelo fungo pode ocorrer em condições de temperatura de 20 a 30ºC.
A antracnose, em geral, ocorre quando as plantas sofrem injúrias por queimaduras, ventos, pragas, entre outras, podendo ainda ser infectadas mesmo que elas não tenham sofrido nenhum tipo de injúria.
O ciclo da doença pode ser observado a seguir, quando se inicia na planta com inóculo, pois os conídios do fungo C. gloeosporioides são produzidos em ramos secos.
Infecção
O fungo sobrevive por meio de estruturas especializadas que produzem os esporos e, com o auxílio da água das chuvas e da irrigação, são transportados, dando início às infecções e a formação dos sintomas da doença, que pode atacar além dos frutos, as flores, folhas e ramos de plantas de citros.
E a doença é mais severa em regiões de clima tropical e subtropical. Ressalta-se que o fungo tem duas formas de infectar, que são: apenas os tecidos novos e em expansão e frutos que sofreram ou não algum tipo de injúria, tendo os primeiros sintomas entre dois a sete dias após a infecção.
A contaminação do fungo nos citros ocasiona aumento na produção de hormônios conhecidos, como o etileno e o ácido-acético, que acarretam queda dos frutos ainda na fase inicial de desenvolvimento, mas mantém o cálice das flores nos ramos das plantas.
Sintomas
Esses danos, quando os sintomas da antracnose estão associados aos frutos com injúrias, ocasionam lesões deprimidas, firmes e secas, de cor marrom-escura/preta, com diâmetro de 1,5 cm, podendo tomar grandes áreas dos frutos.
Sob condições de elevada de umidade, os esporos ficam de cor rosa ou marrom/preto. Quando ocorre em frutos sem injúrias, as lesões são superficiais, firmes, iniciando na cor prata e atingindo a cor marrom/cinza-escuro.
Os sintomas nas folhas são manchas necróticas, ocasionando a queda do tecido, com “buracos de bala’. Nas folhas e nos ramos, as lesões aparecem somente após a morte do tecido, que apresenta infecções quiescentes, ocasionadas pela ação anterior do fungo, com lesões deprimidas e frutificação do fungo típica em acérvulos.
Danos
Os prejuízos e danos econômicos à cultura do citros, causados pela doença, são inúmeros, como ocasionar a redução da produção dos pomares de laranjas doces em até 85%.
Sabe-se que a antracnose causa danos mais severos em variedades de laranja, como: ‘Bahia’, ‘Baianinha’, ‘Natal’, ‘Pera’ e ‘Valência’. Elevados surtos da doença têm atingido também pomares de limões e limas ácidas.
Já nos pomelos e tangelos, os danos encontrados estão em nível moderado e baixo. Essa maior resistência tem a ver com o porta-enxerto utilizado e com as condições ambientais que atuam na intensidade da doença.
A antracnose também é uma doença de grande importância econômica para inúmeras culturas além do citros, como podemos ver no esquema a seguir.
As perdas ocasionadas pelo patógeno, podem ser irreversíveis, quando a contaminação se inicia desde a etapa da produção de mudas para enxerto, que estejam infectadas e das condições ambientais favoráveis, e são muito maiores os dados, quando mais cedo (precoce) forem o surgimento dos sintomas da doença no pomar.
O que fazer?
As medidas de controle começam por manter os pomares de citros em boas condições sanitárias e nutricionais a fim de evitar ou diminuir a formação de ramos secos nas plantas, eliminando meios de abrigo, proliferação e desenvolvimento do fungo.
O produtor deve dar preferência para a instalação de pomares de citros em regiões com baixas precipitações, plantar variedades resistentes à doença e sementes saudáveis, se preocupar com o arranjo do pomar, levando em consideração o espaçamento entre plantas e, se possível, cultivar ao redor do pomar plantas que não sejam hospedeiras do fungo, como exemplo o cafeeiro.
É importante, ainda, podar árvores anualmente para melhorar o arejamento do pomar, aumentando a ventilação, tirar da área folhas, furtos e ramos caídos do pomar, mantê-lo livre de plantas espontâneas, ter um sistema de irrigação eficiente, área com boa drenagem, e o armazenamento dos frutos deve ser feito em ambiente bem ventilado.
Quanto ao controle químico, recomenda-se a aplicação de fungicidas específicos para a cultura, a exemplo do triazol e estrobilurina + triazol, assim como aplicar as doses adequadas, considerando também o calibre do pulverizador, o volume da calda e a frequência da pulverização.
Já existem no mercado variedades de citros que são mais resistentes à doença, como a variedade ‘Ponkan’, entre outras.