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Sementes tratadas com micronutrientes

Os micronutrientes promovem um crescimento vigoroso das raízes, porém devem ser fornecidos nas quantidades adequadas, uma vez que o excesso pode causar toxidez e morte das sementes e plântulas.

Jolinda Mércia de Sá
Engenheira agrônoma e doutoranda em Agronomia/Horticultura – UNESP
jolinda.sa@unesp.br

Os hormônios vegetais desempenham um papel fundamental na regulação do enraizamento das plantas, com destaque para o ácido indolacético, conhecido como AIA, que é uma auxina responsável por controlar o crescimento das raízes.

Crédito: Marcelo Borges

Notavelmente, micronutrientes como zinco e boro exercem influência sobre esse processo, uma vez que pode afetar os níveis de auxina, impactando, assim, o desenvolvimento das raízes. Além disso, esses elementos estão envolvidos no transporte de açúcares nas plantas, o que afeta indiretamente o crescimento do sistema radicular.

Mais efeitos

Além de zinco e boro, o molibdênio também tem sido associado ao bom desenvolvimento vegetativo, com efeitos notáveis sobre as raízes das plantas. Por estar envolvido com a atividade enzimática, o molibdênio é requerido no processo de fixação biológica de nitrogênio e na conversão de nitrato em amônio, principal forma de metabolização do nitrogênio nas plantas.

Sendo o nitrogênio essencial para o crescimento das raízes, a disponibilidade adequada de molibdênio melhora o aproveitamento desse nutriente.

Manejo

Esses micronutrientes podem ser aplicados nas sementes como o objetivo de promover um crescimento vigoroso das raízes, porém devem ser fornecidos nas quantidades adequadas, uma vez que o excesso pode causar toxidez e morte das sementes e plântulas.

Potencial produtivo

O tratamento de sementes de milho e soja com produtos como reguladores de crescimento, contendo micronutrientes em sua composição, aliado à qualidade resultante do processo de produção das sementes, pode ampliar o potencial de germinação.

Observa-se, ainda, maior desenvolvimento inicial das plântulas no campo, uniformizando a lavoura e, consequentemente, elevando sua produtividade. Esses produtos aplicados nas sementes promovem um melhor desenvolvimento de raízes, aumentando a área de contato com o solo e otimizando a absorção de nutrientes e água, ou ainda aumentando a resistência a seca.

Nodulação dos rizóbios

A nodulação dos rizóbios promove a fixação de nitrogênio do ar em uma forma assimilável pelas plantas, promovendo o desenvolvimento adequado e maior produtividade. 

Além disso, reduz a dependência por fertilizantes nitrogenados, os custos e aumenta a eficiência das lavouras.

Absorção de nutrientes

A aplicação de micronutrientes nas sementes oferece diversas vantagens para o desenvolvimento das plantas. Em primeiro lugar, esse método fornece uma fonte concentrada de nutrientes às plântulas, o que resulta em uma disponibilidade imediata para o crescimento inicial.

Além disso, os micronutrientes aplicados às sementes estão em estreita proximidade com as raízes em desenvolvimento, o que garante que as plântulas tenham acesso imediato aos nutrientes necessários para o desenvolvimento das raízes e do sistema vascular.

Isso também reduz a competição por nutrientes no solo e minimiza as perdas de micronutrientes devido à lixiviação ou reações químicas no solo. Além disso, a resposta mais rápida da planta à aplicação de micronutrientes nas sementes é particularmente benéfica em solos deficientes em certos micronutrientes, evitando deficiências precoces que podem prejudicar o crescimento e a produtividade.

Considerando o fato de que os micronutrientes são requeridos em pequenas quantidades pelas plantas ao longo do ciclo, a aplicação dos nutrientes via semente pode ser mais econômica e eficiente em termos de recursos, uma vez que reduz a necessidade de aplicações subsequentes durante o crescimento da planta.

Micronutrientes específicos para soja e milho

A aplicação de micronutrientes específicos nas sementes de soja e milho é uma prática que pode variar conforme as condições do solo, a localização geográfica e as demandas específicas de cada cultura.

No contexto da soja, os micronutrientes que apresentam maior capacidade de resposta à cultura quando aplicados são o zinco, boro e molibdênio.  Os benefícios da aplicação de zinco e do boro são pronunciados no desenvolvimento das raízes e translocação de açúcares nas plantas.

Por outro lado, o molibdênio está envolvido com a redução do nitrato e consequentemente influencia a fixação biológica de nitrogênio (FBN). No caso do milho, o boro (B) é um micronutriente crucial para o crescimento das raízes, florescimento e a formação dos grãos.

Além do molibdênio, o cobalto também é essencial para a fixação biológica de nitrogênio nessa gramínea. Para fins de classificação, é importante destacar que o cobalto não se trata de um micronutriente e sim de um elemento benéfico, em que na sua ausência a planta consegue completar o seu ciclo sem prejuízo.

No entanto, torna-se essencial em plantas fixadoras de nitrogênio que não possuem entrada livre de compostos nitrogenados, como o milho. Estudos indicam que a aplicação de cobalto em sementes de soja promove uma melhor nodulação, aumentando a eficiência da FBN.

Recomendações de aplicação

Existem, no mercado, diferentes formulações de fertilizantes contendo micronutrientes e algas em sua composição. Estes devem ser aplicados conforme as recomendações do fabricante.

Normalmente, esses fertilizantes são aplicados em pequenas quantidades por meio do tratamento de sementes, pulverizados no sulco de plantio ou aplicados nos estágios iniciais do desenvolvimento das plantas.

Resultados de campo

A aplicação de micronutrientes nas sementes pode resultar em diversos impactos observados no campo, e esses efeitos dependem das condições específicas do solo e das exigências da cultura em questão.

De modo geral, observa-se primeiramente um desenvolvimento inicial mais robusto das plantas, especialmente em solos que carecem de micronutrientes específicos. Isso se traduz em plântulas mais vigorosas, crescimento mais acelerado e, frequentemente, uma safra inicial mais uniforme.

Sementes tratadas proporcionam maior desenvolvimento inicial e uniformidade da lavoura
Crédito: Shutterstock

Benefícios adicionais

A qualidade dos grãos de soja e milho pode ser melhorada por meio da aplicação de micronutrientes nas sementes. Isso ocorre porque a aplicação de micronutrientes previne deficiências nutricionais específicas, como clorose, que é o amarelecimento das folhas, muitas vezes causado pela falta de ferro ou zinco, ou problemas de crescimento de raízes devido à carência de boro.

As plantas que recebem micronutrientes adequados desde o início também apresentam maior resistência ao estresse, enfrentando condições adversas como seca, temperaturas baixas e doenças de maneira mais eficaz devido ao fornecimento de nutrientes essenciais.

No entanto, é essencial seguir as recomendações específicas para cada cultura, realizar análises de solo para determinar as necessidades de micronutrientes, e aplicar esses nutrientes nas quantidades adequadas para obter os benefícios desejados, evitando excessos que podem prejudicar as plantas.

Cuidados necessários

A decisão de aplicar micronutrientes nas sementes deve ser baseada em análises de solo e recomendações específicas para a região e a cultura em questão. O excesso de micronutrientes pode prejudicar o desenvolvimento das plantas, enfatizando a importância de seguir as orientações de um agrônomo ou realizar análises de solo para identificar as necessidades particulares de micronutrientes no campo.

Além disso, as formulações e as taxas de aplicação de micronutrientes podem variar, portanto, é fundamental consultar os fabricantes dos produtos e as pesquisas agrícolas para obter informações atualizadas.

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