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Mancha púrpura do alho

Uma das maneiras de reduzir o uso de agrotóxicos é conhecendo as condições que favorecem a ocorrência da doença.

Leandro Luiz Marcuzzo
Doutor e professor – Instituto Federal Catarinense (IFC/Campus Rio do Sul)
leandro.marcuzzo@ifc.edu.br

Djonatan Deivid Mariano
Graduando em Agronomia – IFC/Campus Rio do Sul

Aline Cristina Paulakoski
Engenheira agrônoma – IFC/Campus Rio do Sul

Dentre as doenças que atacam a cultura do alho (Allium sativum L.) e reduzem seu potencial produtivo, a mancha púrpura causada por Alternaria porri Ellis Cif. é comum em condições de temperatura elevada. O controle da doença é feito com pulverizações frequentes de fungicidas protetores e sistêmicos. 

Área foliar afetada pela doença
Foto: Leandro Marcuzzo

Formas de controle

Uma das maneiras de reduzir o uso de agrotóxicos é conhecendo as condições que favorecem a ocorrência da doença, que envolvem o ambiente, o patógeno e o hospedeiro.

Em relação ao patógeno, o detalhamento da deposição de conídios da A. porri no ar em área de cultivo constitui-se em uma informação de relevância no avanço do manejo fitossanitário.

Diante do exposto, a pesquisa a seguir teve por objetivo avaliar a deposição de conídios de A. porri presente no ar em área de cultivo de alho e sua relação com a severidade da mancha púrpura nos anos de 2020 e 2021.

Condução do experimento

Os experimentos foram realizados de 15 de junho a 09 de novembro de 2020 e de 14 de junho a 08 de novembro de 2021 no Instituto Federal Catarinense, Campus de Rio do Sul, município de Rio do Sul (SC), com latitude sul de 27°11’07”, longitude oeste de 49°39’39” e altitude de 687 metros do nível do mar.

Segundo a classificação de Köeppen, o clima local é subtropical úmido (Cfa) e os dados meteorológicos foram obtidos de uma estação Davis® Vantage Vue 300 m, localizada ao lado do experimento.

Os dados médios durante a condução do experimento foram de 15,7 e 14,8ºC para temperatura do ar, de 13,5 e 15,5 horas de umidade relativa do ar ≥90% e a precipitação pluvial acumulada foi de 465,2 e 554,3 mm para 2020 e 2021, respectivamente. 

O solo é classificado como Cambissolo Háplico Tb distrófico, com os seguintes atributos químicos: pH em água de 6,0; teores de Ca+2, Mg+2, Al+3 e CTC de 4,2; 1,8; 0,0 e 9,54 cmolc.dm-3, respectivamente; saturação por bases de 66,49%, teor de argila de 30% m/v e teores de P e K de 14 e 134 mg.dm-3, respectivamente.

Bulbilhos de alho da cultivar Chonan foram vernalizados a 4,0ºC por 50 dias e semeados em quatro canteiros, contendo cada um deles cinco metros de comprimento por 1,25 m de largura. Em cada canteiro com cinco linhas foram semeados 250 bulbilhos, com espaçamento de 0,25 entre filas e 0,10 entre plantas.

A calagem, adubação de plantio e de cobertura e os tratos culturais foram feitos conforme recomendação para a cultura.

Infecção

Para que houvesse inóculo na área, mudas de cebolinha-verde (Allium fistolusum L.) infectadas naturalmente com A. porri e apresentando sintomas nas folhas foram transplantadas a cada metro linear ao redor do experimento no dia do plantio.

 Duas lâminas de microscópio (7,5 x 2,5 cm) foram untadas e cada uma depositada em um tijolo, intercalados no centro do experimento, ficando à altura de 5,0 cm do solo. As lâminas permaneceram expostas à deposição dos conídios por um período de sete dias, sendo substituídas periodicamente neste mesmo intervalo por outras.

Em laboratório, a lâmina foi dividida em dois pontos centrais e adicionou-se duas gotas de azul de metileno 33% diluído em água. Foram depositadas as lamínulas (1,8 x 1,8 cm) correspondendo a uma área de 6,48 cm².

Pela visualização em microscópio óptico com a objetiva de 10 vezes, quantificou-se o número de conídios coletados semanalmente.

Análise

A severidade da doença foi analisada pela porcentagem de área foliar afetada pela doença em cada folha exposta por meio da escala, que varia de 1,0 a 80%, proposta por Azevedo (1997).

A coleta de conídios ocorreu antecipadamente à constatação da doença a campo na 5ª semana após a semeadura em ambos os anos (Tabela 1). Isso se deve ao fato de o inóculo já estar presente na área devido às plantas inoculadas nas bordaduras do experimento.

Houve oscilação na maioria do número de conídios coletados na mesma semana de avaliação entre 2020 e 2021 (Tabela 1). No entanto, a severidade da doença em 2021 foi mais acentuada a partir da 14ª semana, finalizando com 3,96%, enquanto que em 2020 atingiu menos de 1% (Tabela 1). 

Isso se deve à estiagem que ocorreu durante o período inicial de condução da cultura em 2020 que, apesar da diferença (89 mm) a mais na precipitação pluvial, as chuvas foram mais concentradas em 2021, favorecendo o progresso da doença.

Após a 13ª semana do aparecimento da doença no ano de 2020, observou-se um aumento lento da severidade. Apesar disso, o número de conídios coletados variou durante o período (Tabela 1). 

No ano de 2021, apesar de pouco variável o número de conídios entre a 15ª e 21ª semana após a semeadura, verificou-se que a severidade da doença se manteve durante esse período.

Tabela 1. Deposição de conídios de Alternaria porri coletados semanalmente e as respectivas severidades da mancha púrpura em 2020 e 2021. IFC, Campus de Rio do Sul (SC)

Semanas após a semeaduraN° de conídiosSeveridade (%) N° de conídiosSeveridade (%) 
2020 2021 
100 00 
200 00 
300 00 
400 00 
530 50 
610,08 30,19 
75020,08 160,29 
81530,12 140,35 
920,24 40,42 
1070,36 600,43 
11110,41 550,46 
12210,47 290,51 
1320,50 140,53 
14140,56 72,78 
1530,64 33,92 
1680,67 63,93 
1730,71 43,94 
1820,79 63,96 
19100,85 73,96 
2050,88 13,96 
2120,94 13,96 

A presença de conídios de A. porri é um indicador para ocorrência da mancha púrpura do alho e pode ser usada futuramente como uma ferramenta para tomada de decisão quanto ao controle em um sistema de previsão da doença.

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