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A importância dos micronutrientes

Foto: Dário Pauletto

Para o bom desenvolvimento das culturas, uma série de elementos químicos são fundamentais. Entre eles, os micronutrientes, como o boro (B), cloro (Cl), cobre (Cu), zinco (Zn), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), cobalto (Co), silício (Si) e níquel (Ni).

Sabemos que os micronutrientes estão condicionados à “lei do mínimo”, que diz: o nutriente presente em menor quantidade tende a ter efeito limitante sobre a planta. Sendo assim, são essenciais e absorvidos em pequenas quantidades (a unidade de medida é miligramas por quilograma de matéria seca da planta – mg/kg de MS).

É necessário entender melhor as necessidades nutricionais de cada cultura, conhecer os sintomas causados pelas deficiências e garantir uma nutrição com fertilizantes adequados.

Conhecendo os elementos

Os micronutrientes são divididos em aniônicos: boro (B), cloro (Cl) e molibdênio (Mo). E os catiônicos: cobre (Cu), manganês (Mn), zinco (Zn) e ferro (Fe).

Eles também são classificados com base na sua mobilidade dentro da planta, tendo a possibilidade de se translocar no caso de surgir a deficiência desse elemento em determinado momento do desenvolvimento.

Alguns elementos são imóveis, como o boro (B) e o cálcio (Ca); outros apresentam menor mobilidade, como o cobre (Cu) e o ferro (Fe); já o cloro (Cl), sódio (Na), molibdênio (Mo) e zinco (Zn) apresentam maior mobilidade.

Sabendo disso, podemos diagnosticar a deficiência causada pelo desequilíbrio de um determinado elemento químico de acordo com as características de cada uma das regiões da planta.

A deficiência de elementos imóveis ou com menor mobilidade se manifesta nas folhas novas e na área de crescimento da planta. Já os elementos móveis geram deficiências nas folhas velhas e partes já formadas da planta.

Ou seja, quando observamos uma alteração visual em folhas velhas, podemos associar a um desequilíbrio nutricional dos elementos que translocam dentro da planta. E quando ocorre nas folhas e áreas vegetativas novas, o desequilíbrio está associado aos elementos imóveis.

Resumindo: os sintomas de deficiência são expressão de distúrbios metabólicos resultantes de um suprimento insuficiente de um determinado elemento.

Equilíbrio é fundamental

Fatores que podem levar a insuficiência ou excesso de determinado elemento:

– Falta ou insuficiência de um determinado elemento no balanço nutricional da solução nutritiva ou da correção do solo;

– Quantidades excessivas de um determinado elemento podem induzir a deficiência de outro, como, por exemplo, o excesso de manganês pode induzir a deficiência de ferro e molibdênio;

– Para quem planta em solo, a deficiência ou excesso de cada elemento pode surgir por questões geológicas do solo da região. Também sabemos que solos arenosos ou pobres em matéria orgânica são deficientes em micronutrientes;

– O pH do solo ou do substrato é o principal fator que regula a disponibilidade ou falta dos micronutrientes para a planta. Assim, temos que pH menor do que 6,5 aumenta a disponibilidade de ferro (Fe), cobre (Cu), manganês (Mn) e zinco (Zn); e acima de 6,5, disponibilizam molibdênio (Mo), cloro (Cl) e boro (B);

– A disponibilidade de ferro (Fe) e manganês (Mn) está relacionada com a condição de aeração do solo e/ou do substrato;

– O desbalanceamento entre cátions metálicos por uma inibição competitiva, como a deficiência de manganês (Mn), ocorre pelo excesso de ferro (Fe);

– Também temos o desbalanceamento entre os íons que podem ser antagônicos, ou seja, quando a presença de um íon não deixa manifestar a toxicidade de outro. Por exemplo, a relação entre o cobre (Cu) e o cálcio (Ca);

– Sinérgicos: quando a presença de um facilita a presença do outro.

Foto: Dário Pauletto

A importância de cada micronutriente

Sabemos que a deficiência de um determinado elemento ou desequilíbrio nutricional provoca mudanças morfológicas e bioquímicas nas plantas, podendo aumentar ou diminuir sua resistência ao ataque de pragas ou doenças.

Molibdênio (Mo): participa da absorção, transporte e fixação do nitrogênio, sendo componente de diversas enzimas. Sua deficiência se manifesta com clorose generalizada entre as nervuras e a necrose das folhas mais velhas, favorecendo infecções em geral e ataques de pragas devido ao acúmulo de nitratos nas folhas;

Cobalto (Co): essencial para a fixação do nitrogênio. Sua deficiência se apresenta nas folhas novas, como o amarelecimento e enfezamento da planta;

Zinco (Zn): essencial para o crescimento da planta, muitas enzimas requerem íon de Zinco (Zn2+) para suas atividades, fazendo parte de hormônios reguladores de crescimento e da síntese da clorofila. Sua deficiência promove a redução do crescimento internodal e clorose em folhas novas, além do aparecimento de Oidium sp e Phytophthora sp;

Cloro (Cl): está envolvido na fotossíntese e no transporte de outros nutrientes, como potássio, cálcio e magnésio. É encontrado nas plantas como íon cloreto (Cl), sendo necessário para a divisão celular tanto em folhas quanto em raízes;

Boro (B): ativador de crescimento e multiplicação celular, é vital para o metabolismo e translocação de açúcares, promove o crescimento do tubo polínico e a germinação do grão de pólen. Plantas com deficiência de boro podem exibir uma grande variedade de sintomas, dependendo da espécie e idade da planta. Entre eles está a necrose das folhas jovens e gemas terminais, devido à inibição da divisão celular. Com a deficiência desse elemento, as paredes celulares se tornam mais finas, apresentando menor barreira mecânica, favorecendo a penetração de hifas de fungos e o aparecimento de Botrytis sp. Diminui também a capacidade da planta de translocar açúcares solúveis das folhas para o caule, aumentando a concentração desses açúcares, que são alimento para pragas;

Manganês (Mn): é um ativador da fotossíntese, respiração e síntese de proteínas. Proporciona melhor aproveitamento de cálcio, magnésio e fósforo. O principal sintoma da deficiência é a clorose internervura, que pode ocorrer em folhas jovens ou mais velhas, dependendo da espécie vegetal e da taxa de crescimento. A deficiência favorece também a manifestação de infecção bacteriana;

Cobre (Cu): o cobre está envolvido no processo fisiológico da planta, como a fotossíntese, respiração, regulação hormonal e também é responsável pela promoção de maior resistência a doenças. Sua deficiência gera manchas necróticas das folhas jovens, estendendo-se para a base das folhas. Sob extrema deficiência, as folhas podem cair prematuramente;

Ferro (Fe): o ferro é essencial para a síntese de proteínas e nos processos da fotossíntese, além de ser fundamental para a formação da clorofila. Sob condições de deficiência extrema, as nervuras das folhas podem se tornar cloróticas;

Silício (Si): este micronutriente está presente nas plantas em pequenas quantidades. Plantas deficientes em silício são mais suscetíveis ao acamamento e a infecções fúngicas.

Causas mais comuns de deficiência nutricional de micronutrientes

Molibdênio (Mo):

Solo: deficiência provocada pela acidez do solo.

Solução nutritiva: estar em concentração menor do que a exigida pela planta; diminuição da disponibilidade quando o pH for menor que 5,5 e deficiência induzida pelo excesso de cobre.

– Zinco (Zn):

Solo: deficiência provocada pela pobreza do solo; calagem excessiva e correção fosfatada do solo em excesso.

Solução nutritiva: estar em concentração menor do que a exigida pela planta; diminuição da disponibilidade quando o pH for maior que 7 e inibição competitiva com excesso de fósforo, cálcio, boro ou magnésio.

– Boro (B):

Solo: pobreza do elemento no solo; acidez excessiva e deficiência de matéria orgânica e lixiviação.

Solução nutritiva: estar em concentração menor do que a exigida pela planta; baixa disponibilidade quando o pH for acima de 7 ou abaixo de 5 e deficiência induzida pelo excesso de fósforo.

– Manganês (Mn):

Solo: deficiência gerada pela calagem excessiva; excesso de matéria orgânica e solos encharcados.

Solução nutritiva: estar em concentração menor do que a exigida pela planta; excesso de retenção de água pelo substrato; baixa disponibilidade quando o pH for acima de 7 e deficiência induzida pelo excesso de ferro.

– Cobre (Cu):

Solo: deficiência nutricional do solo; calagem excessiva e excesso de matéria orgânica.

Solução nutritiva: estar em concentração menor do que a exigida pela planta; baixa disponibilidade quando o pH for acima de 7 e inibição competitiva com o molibdênio e induzida pelo excesso de fósforo.

– Ferro (Fe):

Solo; deficiência pelo excesso de calagem; excesso de umidade e excesso de matéria orgânica no solo.

Solução nutritiva: estar em concentração menor do que a exigida pela planta; substrato com o pH acima de 7; ineficiência na drenagem do substrato e inibição competitiva com o manganês.

Quando recorrer à aplicação de fertilizantes foliares?

Sabemos que a principal fonte de nutrição das plantas vem da adubação do solo ou do preparo da solução nutritiva, e que a forma mais eficaz de absorção de nutrientes é pela raiz, sendo a adubação foliar uma forma de complementar a nutrição.

Entre as vantagens do uso de foliares está a correção de deficiências específicas e momentâneas em determinado estágio de desenvolvimento da planta, como, por exemplo, o boro em pré-florada, o zinco em intenso florescimento ou mesmo o potássio em plena produção de frutos.

A seguir, outras recomendações para o uso de foliares:

– Quando existir uma deficiência específica de determinado elemento;

– Quando em um determinado estágio da planta houver necessidade de complementação nutricional, como cálcio e boro em pré-florescimento;

– Impedimento físico ou químico de absorção pelas raízes, como um solo compactado ou um substrato encharcado;

– Em condição de frio extremo, quando a atividade radicular é reduzida;

– Também devemos ficar atentos quanto à mobilidade do elemento. Assim, a aplicação foliar de cálcio e boro deve ser feita sempre de forma preventiva. Já os demais micronutrientes podem ser aplicados de forma corretiva.

– Os micronutrientes podem ser aplicados preventivamente para evitar deficiências futuras.

Cuidados especiais:

– Ambiente favorável para a aplicação;

– Evitar horas mais quentes do dia;

– Evitar alguns tipos de misturas que podem provocar queimaduras nas folhas e;

– Ajustar o pH para melhor disponibilidade dos nutrientes. Ideal entre 5 e 6.

Considerações finais

Para obtermos sucesso na produção precisamos, além do conhecimento técnico, contar com informações que só podemos obter com resultados de análises químicas e físicas do solo e/ou do substrato. Os resultados obtidos, quando bem interpretados, geram um programa de nutrição seguro para cada tipo de cultura.

Ressaltamos também a importância dos resultados de análise foliar, que quando feitas de forma correta, podemos perceber a real interação da planta com o aproveitamento nutricional obtido pela adubação.

Assim, com os resultados das análises em mãos e uma boa orientação técnica, o produtor obterá sucesso no uso e aplicação de seus fertilizantes.

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