29.6 C
Uberlândia
sexta-feira, maio 3, 2024
- Publicidade -
InícioArtigosAceleração do crescimento em florestas desbastadas

Aceleração do crescimento em florestas desbastadas

Crédito: Depositphotos

Maria Luiza de Lima Castro
Engenheira florestal – Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
mcastro.luiza30@gmail.com
Kamilla Crysllayne Alves da Silva
Engenheira florestal e mestranda em Recursos Florestais – Universidade de São Paulo (USP)
kamilla.alves@usp.br

Uma das atividades que mais contribui para o efeito de aceleração do crescimento da floresta em relação ao diâmetro são o desbaste florestal. Existem quatro tipos de desbastes comumente utilizados para produção de madeira para serraria. Cada um desses modelos apresenta critérios e diretrizes recomendados para diferentes momentos e situações em que a floresta se encontra.

O desbaste

O desbaste florestal é a remoção de algumas árvores do plantio, com o propósito de aumentar a produção de madeira, que ocorrerá com a contribuição de uma maior eficiência no processo de fotossíntese e, consequentemente, o aumento da produção de energia, assim resultando em um maior diâmetro de cada indivíduo.

Os plantios comerciais geralmente costumam adotar esse trato silvicultural. A técnica consiste na extração de indivíduos específicos, para que o processo de fotossíntese seja potencializado, favorecendo a diminuição da competição por água, luz e nutrientes e, consequentemente, favorecendo o crescimento do volume de madeira produzida e de qualidade.

Como fazer?

Existem diversas formas de fazer os desbastes e isso irá depender do estágio das plantas, mudas ou florestas. Ainda como mudas, esse procedimento é feito de forma manual com o auxílio de uma tesoura ou apenas retirando como um todo, incluindo as raízes.

Entretanto, quando se trata de floresta, esse método é modificado. A fração de árvores a serem retiradas dependerá de diversas variáveis, como: qualidade das árvores (tronco e copa); diâmetro adotado; qualidade fitossanitária da árvore, entre outros. Após serem feitas essas classificações de quais indivíduos irão permanecer no plantio e quais serão removidas, é o momento de fazer os desbastes.

Os vários tipos de desbastes

Como comentado anteriormente, existem diferentes tipos de se realizar essa técnica para a produção de madeira para serraria, no total são quatro (desbaste por baixo, desbaste por alto, desbaste seletivo e desbaste sistemático).

O desbaste por baixo consiste em retirar os indivíduos que possuem menor altura, onde as copas se mostram nos níveis mais inferiores. O desbaste por alto, diferente da anterior, compreende a remoção das árvores mais altas e que apresentam um baixo crescimento em diâmetro.

No desbaste seletivo, as árvores são selecionadas de forma visual, onde serão removidos os indivíduos doentes e/ou mortos, diâmetro com valor muito baixo e defeituosos. Por fim, o desbaste sistemático, comumente utilizado em plantios uniformes e as árvores derrubadas são selecionadas a partir do seu posicionamento no talhão para facilitar o futuro processo de colheita e transporte.

Critérios e diretrizes

Como já visto, o desbaste florestal visa favorecer o crescimento das árvores remanescentes objetivando o seu crescimento em diâmetro por meio da remoção de indivíduos que apresentaram crescimento insatisfatório.

Dessa forma, após serem removidas as características negativas ao desenvolvimento das árvores, o dossel é aberto e a competição entres as mesmas é restringida, colaborando para o crescimento do diâmetro, também melhorando seu fator de forma pela arquitetura das árvores, tornando-se ideal para produção de madeira nobre.

Recomendações

As principais recomendações para as atividades de desbaste como manutenção da floresta é que seja realizado periodicamente em plantios com espaçamentos mais densos, com lotação inicial de 1.100 a 1.800 árvores/ha, evitando assim o autodesbaste, denominado de desbaste natural.

O desbaste natural acontece quando há menor disponibilidade de nutrientes no solo, ocasionando em mudanças no tamanho das árvores, podendo acarretar até na morte dos indivíduos, como resultado da competição entres elas.

Diante disso, espera-se que em plantios com espaçamentos menores a competição entre indivíduos por água, luz e nutrientes seja maior, fazendo com que elas cresçam mais rápido e de forma retilínea logo nos primeiros anos da floresta.

Aceleração do crescimento

Existem diversas práticas que colaboram para a aceleração do crescimento em florestas desbastadas, como o preparo pré-plantio, correção de solo, espaçamento entre as plantas, atividades de manutenção de poda/desrama e os manejos de desbastes.

O setor florestal sempre busca novas técnicas para aumentar a produtividade das florestas em seus diversos âmbitos de aplicação, todavia, sempre visando a praticidade, viabilidade e economia.

A produtividade de um povoamento, ou seja, o volume resultante de um ciclo de produção, está diretamente associado com a altura, diâmetro, área basal e número de árvores ao final do ciclo.

Um alto valor de área basal pode ser ocasionado por um número grande de árvores de pequenos diâmetros, como a um número pequeno de árvores com grandes diâmetros. À vista disso, o desbaste pode acarretar no aumento do espaço vital e assegurar uma maior disponibilidade de nutrientes e luz para o aumento da área basal individual, o que equilibra a retirada de árvores menores e preserva a área basal total da floresta quase inalterada, alcançando, ao final, árvores de diâmetros maiores.

Neste contexto, encontra-se a área basal como sendo um dos parâmetros mais úteis no controle do desbaste e na descrição de um povoamento, pois se relaciona matematicamente ao diâmetro à altura do peito médio (DAP) e ao número de árvores por hectare (N/ha), os quais são importantes fatores no manejo e, comparativamente, simples de serem medidos acertadamente.

Riscos

Os espaçamentos mais reduzidos de florestas comerciais acarretam na competição entre as árvores por nutrientes, água e luz. A principal função desta atividade é proporcionar maior crescimento diamétrico das árvores remanescentes.

Se, porventura, não forem feitos os desbastes, acontecerá o desbaste natural, que poderá recair sobre árvores que possuíam incremento médio anual maior e mais aptas para permanecerem até o corte raso da floresta.

Dessa forma, o produtor que escolher por não desbastar periodicamente pode ter prejuízos significativos, gerando assim menor retorno financeiro.

Consequentemente, os manejos de desbastes possuem fundamental importância para acelerar o crescimento das florestas comerciais, principalmente as que estão destinadas à produção de madeira nobre. Ou seja, elas demandam cuidados até o final de seu ciclo, sendo assim, é recomendado o monitoramento constante do desenvolvimento da floresta.

ARTIGOS RELACIONADOS

Mosaicos florestais

O conceito de sustentabilidade tem sido recorrente em todo mundo, pois o que antes era visto como ...

Indígenas têm duas vezes mais chances de morrer em incêndios florestais

Povos da América do Sul sofrem com exposição à fumaça de queimadas; áreas do Brasil, Peru e Bolívia têm mortalidade até 6 vezes maior que a média.

Plantios tardios de cedro australiano e adequação ao clima

Para melhor utilizar as janelas de plantio tardio e garantir seu bom desenvolvimento e sucesso, a adequação ao clima é fundamental, pois dependem diretamente dos agentes climáticos (como o regime de chuva, incidência de radiação solar e temperatura).

Mercado de Carbono é importante, mas possui lacunas

Ao não incluir mudanças no uso e cobertura da terra e atividades agropecuárias, projeto de lei que estabelece o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões, ignora cerca de 75% das emissões brasileiras.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!