Silvia Massruhá
Chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária
A Agricultura 4.0 (Agro 4.0), também chamada de agricultura digital, é uma era na qual a produção estará cada vez mais baseada em tecnologia de ponta, conteúdo digital e conectividade.
Essa definição é uma referência à Indústria 4.0, inovação que teve início na indústria automobilÃstica alemã e que agora conquista fábricas de diversos segmentos devido à completa automatização proporcionada aos processos produtivos.
A Agro 4.0, ou melhor, a agricultura digital e conectada, vem ajudar o produtor rural a elevar os Ãndices de produtividade, de eficiência no uso de insumos, de redução de custos com mão de obra, e ainda melhorar a qualidade do trabalho e a segurança dos trabalhadores, além de diminuir os impactos ao meio ambiente por meio de tecnologias de ponta.
![Silvia Silveira Massruhá, chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária - Crédito Lilian Alves](https://revistacampoenegocios.com.br/wp-content/uploads/2017/05/Foto-02-1-Silvia-Silveira-Massruha-chefe-geral-da-Embrapa-Informatica-Agropecuaria-Credito-Lilian-Alves.jpg)
Os métodos computacionais de alto desempenho, rede de sensores, comunicação máquina para máquina (M2M), conectividade entre dispositivos móveis, computação em nuvem, métodos e soluções analÃticas para processar grandes volumes de dados sistematicamente e em tempo real contribuirão para a construção de sistemas de suporte à tomada de decisões de planejamento e manejo, beneficiando tanto a parte de gestão como agronômica da propriedade rural.
Ainda que a Agricultura 4.0 seja um desafio, ela precisa acontecer. Confira as características do mercado que vão forçar essa mudança.
![Os drones são a aposta da Agricultura 4.0 - Crédito Shutterstock](https://revistacampoenegocios.com.br/wp-content/uploads/2017/05/Foto-03-2-Os-drones-são-a-aposta-da-Agricultura-4.0-CréditoShutterstock.jpg)
ü O perfil do agricultor mudou nos últimos dez anos;
ü Quem comanda as fazendas hoje, devido à sucessão familiar, é mais ávido e quer velocidade para fazer acontecer;
ü Inconformados trouxeram ideias de aplicativos do setor bancário para o agronegócio;
ü Produtores querem conteúdo e conectividade;
ü Eles entenderam que há uma forma nova de fazer as coisas;
ü Querem economia de recurso. Fazer mais com menos.
ü Há necessidade de aumentar a produção agrícola sem ampliar a área plantada;
ü Estima-se a presença de 50 bilhões de dispositivos móveis conectados à internet em 2020.
![Foto 05a - colocar de fundo e a 5b recortada sobre a lavoura - As novas tecnologias chegaram para trazer mais profissional](https://revistacampoenegocios.com.br/wp-content/uploads/2017/05/Foto-05a-colocar-de-fundo-e-a-5b-recortada-sobre-a-lavoura-As-novas-tecnologias-chegaram-para-trazer-mais-profissional-1-1.jpg)
Inúmeras possibilidades
Em nossa visão, a Agricultura 4.0 é uma possibilidade para todos os produtores. Os grandes agricultores já estão mais inseridos neste contexto, enquanto entre os pequenos e médios produtores o desafio é maior em relação à infraestrutura física, humana e de comunicação.
Estima-se que 95% do aumento da produção mundial de alimentos daqui em diante terá que vir de ganhos de produtividade e tecnologias que auxiliem o agricultor a fazer mais com menos, de modo mais eficiente, rápido e com menos custos. A agricultura digital será capaz de conectar informações e dados de modo a maximizar os benefícios de todas as outras tecnologias já existentes, e as que estão por vir.
Mais que isso, a próxima evolução da tecnologia da informação, a Internet das Coisas redefine a maneira como interagimos com o mundo físico e viabiliza formas mediadas por computação ” até então impossÃveis ” de produzir, fazer negócios, gerenciar infraestrutura pública, prover segurança e organizar a vida das pessoas.
Penso que os produtores que adotam a Agricultura 4.0 saem na frente na busca pela otimização no uso dos recursos naturais e dos insumos, o que fará com que a fazenda do futuro seja massivamente monitorada e automatizada.
Sensores dispersos por toda a propriedade e interligados à internet (Internet das Coisas) gerarão dados em grande volume (Big Data) que necessitarão ser filtrados, armazenados (computação em nuvem) e analisados. A força de trabalho humana não será capaz de gerenciar essa quantidade de dados e necessitará de algoritmos cada vez mais aprimorados, por meio de técnicas de inteligência computacional e computação cognitiva, para auxiliá-los no processo de análise.
Após a análise, o ciclo é fechado por meio de comandos remotos aos tratores e implementos agrícolas que, munidos de GPS, farão intervenções pontuais apenas onde necessário para otimizar custo, produção e impacto ao meio ambiente.
Dentre as vantagens desta agricultura conectada, pode-se destacar que produtores acompanharão remotamente, de casa ou da sede da fazenda, pelo computador, tablet ou smartphone, o desempenho de suas máquinas nas lavouras por telemetria, a transmissão automática de dados via sinal de telefonia celular.
Além disso, com o apoio destas tecnologias o produtor, as cooperativas e o governo podem tomar microdecisões e macrodecisões mais assertivas, e com isso conseguir melhorar a produção agrícola com o uso sustentável dos recursos naturais e insumos, minimizando os custos e triplicando a produtividade no campo.
![A agricultura digital será capaz de conectar informações para uma agricultura mais precisa e eficiente - Crédito](https://revistacampoenegocios.com.br/wp-content/uploads/2017/05/Foto-06-A-agricultura-digital-será-capaz-de-conectar-informações-para-uma-agricultura-mais-precisa-e-eficiente-Crédito-1024x683.jpg)
Realidade
Um das barreiras que a Agricultura 4.0 enfrenta é a comunicação, o sinal de celular no campo. Muitas empresas, multinacionais ou startups têm lançado ou testado suas tecnologias nas regiões sul e sudeste, principalmente nos Estados do Rio Grande do Sul e São Paulo, onde a cobertura de celular na zona rural está entre regular e boa.
As empresas têm avançado para outros Estados, como Goiás e Mato Grosso, mas a tecnologia esbarra neste problema de conectividade.Além do problema de conexão no campo, um outro entrave para a Agricultura 4.0 é a mão de obra capacitada.
Um grande desafio é a capacitação para os produtores, os técnicos agrícolas, agrônomos e consultores, que terão de trabalhar com essas máquinas inteligentes e sensores no campo, saber analisar os dados gerados e transformá-los em informação e conhecimento para que o produtor possa tomar uma decisão em tempo real.
Essa capacitação é estratégica para o País e tem tido um papel fundamental e polÃtico em outros setores da economia; e na agricultura não será diferente.
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