Gabriel Araújo e Silva Ferraz
Engenheiro agrícola, mestre e doutor em Engenharia Agrícola, e professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA)
Carlos Eduardo Silva Volpato
Engenheiro florestal, mestre e doutor em Engenharia Agrícola, e professor da UFLA
A agricultura de precisão, popularmente conhecida por AP, é um conjunto de técnicas e tecnologias capaz de auxiliar o agricultor a manejar sua lavoura, baseando-se na variabilidade espacial, ou seja, em diferenças existentes dentro de um mesmo talhão, quer sejam vistas no solo ou observadas na planta.
Visa-se, com a agricultura de precisão, aumentar a eficiência dos processos de plantio, adubação, pulverização, colheita e manejo em geral, culminando ainda em aumento de produtividade, qualidade final do produto e maior eficiência gerencial.
Etapas da AP
As etapas que podem ser desenvolvidas utilizando a aplicação de técnicas da agricultura de precisão incluem:
â–ºAmostragem do solo, visando a análise da fertilidade e geração de mapas do solo, análise dos atributos físicos e da compactação do solo;
â–ºNutrição foliar e geração de mapas;
â–º Aplicação de fertilizantes a taxas variáveis, por meio de uso de sistemas de posicionamento global via satélite (GNSS) e por máquinas adubadoras com sistemas de controle de taxa de aplicação;
â–ºMapeamento de atributos da planta, por meio da amostragem em campo, via satélite ou aeronaves remotamente pilotadas (drones ou VANT’s);
â–ºAnálise de pragas e doenças, definição de mapa da infestação;
â–º Pulverização, realizada em locais específicos e em dosagens corretas, fechamento de seções para evitar sobreposição de aplicação e com maior qualidade na aplicação;
â–ºColheita, criação do mapa de produtividade em tempo real, que pode ser analisado em conjunto com os demais mapas produzidos para entender melhor o que pode ter gerado menores ou maiores ganhos produtivos;
â–ºSemeadura, definição das linhas de plantio, uso de piloto automático, fechamento de seções para evitar sobreposição de plantio, dentre outras;
â–ºMonitoramento, uso de imagens de satélite e/ou de imagens obtidas por aeronaves remotamente pilotadas;
â–º Gestão da lavoura – a obtenção desta gama de informações supracitadas alimentará o banco de dados da propriedade que fará com que os processos de tomada de decisão sejam mais assertivos.
Investimento
Todas as etapas supracitadas requerem certo grau de investimento financeiro que variarão em função do grau de sofisticação e tecnificação desejados. O fato é que podem variar de alguns mil reais, chegando a mais de R$ 200 mil.
Viabilidade
A agricultura de precisão pode ser uma possibilidade para os mais distintos tipos de produtores rurais, os quais podem, por exemplo, ser divididos em três pacotes tecnológicos.
O primeiro é voltado para a agricultura familiar. Considerando que o tamanho médio de um estabelecimento deste tipo de produtor de soja no Brasil é de aproximadamente 17 ha, sugere-se para este produtor a coleta de amostras do solo, análise em laboratório, criação de mapas de aplicação de fertilizantes e corretivos à taxa variável e contratação de profissionais especializados, além de um curso de capacitação e aquisição de um aparelho receptor GNSS (sistema de posicionamento global via satélite) de navegação.
O segundo pacote tecnológico é mais voltado para a agricultura de médio impacto, e pode ser dado como modelo o estabelecimento médio de um produtor de soja de 72,5 ha. Poder-se-ia indicar para este, além da coleta e análise do solo, a aquisição de equipamentos agrícolas para as diferentes fases de cultivo, semeadura, fertilização, pulverização e colheita, e também notebook, receptor GNSS, barra de luzes, monitor de taxa variável e capacitação de operadores.
O terceiro pacote tecnológico é indicado para grandes produtores, altamente tecnificados, cujo tamanho e modelo pode ser a partir de 249 ha. Para estes, indicam-se os mesmos itens do segundo, porém, com equipamentos mais sofisticados e modernos, acrescentando-se ainda outros equipamentos mais tecnificados e precisos, além da contratação de profissional especializado, aquisição de uma aeronave remotamente pilotada (drone ou VANT), sistema RTK e montagem de central de comando para acompanhamento em tempo real das atividades.