Veridiana Zocoler de Mendonça
Engenheira agrônoma, doutora e assistente agropecuária – Secretaria de Agricultura e Abastecimento
veriadianazm@yahoo.com.br
Aline Mendes de Sousa Gouveia
Engenheira agrônoma, doutora e professora – Centro Universitário de Ourinhos (Unifio)
aline.gouveia@unifio.edu.br
A maioria dos extratos comerciais de algas marinhas é feito a partir de macroalgas castanhas (Ascophyllum nodosum) e apresentam em sua composição os macro (N, P, K, Ca, Mg e S) e micronutrientes (Cu, Zn, Mn, B e Co), além de aminoácidos, vitaminas (B1, B2, C e E) e fitohormônios, como as citocininas, auxinas, giberelinas, betaínas e alginatos.
Existem, ainda, compostos não identificados que possuem atividade similar à de alguns hormônios vegetais e que também podem estimular sua produção nas plantas. Esses fitohormônios, ou fitorreguladores de crescimento, atuam como bioestimulantes de plantas. Os principais grupos hormonais induzidos pelos extratos de algas são auxinas, giberelinas, citocininas, etileno, ácido abscísico, brassinosteroides, jasmonatos, salicilatos e poliaminas.
Efeito em HF
Os ECAMs são amplamente utilizados em horticultura, na maioria por seus efeitos promotores de crescimento e tolerância das culturas a estresses abióticos, como salinidade, estresse térmico, estresse hídrico e deficiência de nutrientes.
A aplicação de ECAMs pode melhorar a frutificação em tomate, pois fornece nutrientes essenciais e hormônios vegetais que estimulam o crescimento e o desenvolvimento das plantas. Os ECAMs, por conterem fitorreguladores, exercem efeito sobre algumas das vias mais importantes no metabolismo das plantas, como aumento na capacidade antioxidante, nos teores fenólicos e de flavonoides em plantas tratadas com esses bioativadores.
No geral, os fitorreguladores atuam no crescimento e desenvolvimento de partes ou do todo da planta, para induzir a manutenção de um estádio fenológico. Por exemplo, o crescimento durante a fase vegetativa, ou a mudança de estádio da fase vegetativa para a reprodutiva, incluindo o florescimento e a frutificação.
Também podem induzir o enraizamento por meio das auxinas e novas brotações com ação das giberelinas e citocininas.
Pesquisas
Em experimentos com olerícolas folhosas, couve e alface, observou-se efeito benéfico no desenvolvimento inicial e na produtividade, com aumento do número de folhas e da massa seca da parte aérea.
Em citros, houve aumento de produtividade. Em tomateiros, os modos de aplicação e as doses de extrato de algas afetaram significantemente o número, peso e qualidade de frutos.
Experimentos mostraram que a utilização dos extratos de algas influencia positivamente o desenvolvimento e crescimento de mudas de tomate, tornando-se uma alternativa ecologicamente correta e viável para a produção sustentável da cultura.
Na frutificação, a aplicação de compostos de algas marinhas, além de favorecer o tamanho e peso dos frutos do tomateiro, pode proporcionar maior tempo de prateleira, principalmente quando se trata de extratos de algas calcáricas (fonte de cálcio), como as do gênero Lithothamnium.
Isso porque o cálcio promove o retardamento da maturação e da senescência dos frutos mediante a diminuição da respiração e da produção de etileno no complexo membrana-parede celular, assim como no controle de distúrbios fisiológicos e na manutenção da qualidade do produto final e na sua capacidade de armazenamento depois da colheita.
Os íons de cálcio se ligam às pectinas da parede celular, dificultando o acesso e a ação de enzimas pectolíticas produzidas pelo fruto e que causam amaciamento, e daquelas produzidas pelos fungos e bactérias que causam deterioração, reduzindo assim a perecibilidade.
Aplicação
Os fertilizantes de uso agrícola à base de extratos de algas são fabricados e vendidos na forma de grãos ou em pó. Existem também extratos líquidos de algas, que por serem concentrados, podem ser diluídos e aplicados.
A aplicação pode ser via solo, antes do plantio, o que ajudará a melhorar a fertilidade do solo e fornecerá aos tomates os nutrientes essenciais de que precisam para o seu desenvolvimento. Além disso, o cálcio presente nas algas marinhas calcificadas pode ajudar a prevenir doenças como a podridão apical, comum em tomates.
Via foliar, os extratos de algas marinhas podem ser aplicadas diretamente nas folhas das plantas de tomate, aumentando a absorção de nutrientes e melhorando a eficiência do uso de nutrientes pelas plantas.
Na fertirrigação, os extratos de algas fornecem nutrientes essenciais às plantas de tomate. A suplementação da água de irrigação com algas marinhas pode ajudar a prevenir a acumulação excessiva de sais no solo, o que pode afetar negativamente o crescimento das plantas.