Nilva Terezinha Teixeira – Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, Bioquímica e Produção Orgânica do Centro Universitário do Espírito Santo do Pinhal (Unipinhal) – nilvatteixeira@yahoo.com.br
A germinação de sementes vegetais é um evento bioquímico que depende de muitos fatores. Os principais fatores externos são disponibilidade de água, de oxigênio e temperatura, que são fundamentais para as sequências metabólicas que ocorrem na germinação, quando as enzimas presentes são ativadas e novas são sintetizadas. Então, as células presentes se multiplicam e se modificam.
Na germinação, os princípios nutritivos presentes nas sementes se metabolizam: o amido se transforma em glicose, que se oxida liberando energia e compostos importantes para a emergência das sementes.
As proteínas se quebram, liberando aminoácidos que estimulam o desenvolvimento radicular e aéreo das plantas: o aminoácido triptofano, por exemplo, é precursor do ácido indolacético (AIA), hormônio responsável pela indução da multiplicação celular. O óleo presente, principalmente nas sementes de oleaginosas, se mobiliza para liberar energia e intermediários fundamentais para a germinação.
Todo o processo germinativo é coordenado pelos chamados hormônios vegetais classificados como auxinas e giberelinas. Assim, o uso exógeno de bioestimulantes, que são definidos como produtos contendo hormônios sintéticos ou, então, misturas deles com aminoácidos e nutrientes de plantas, podem beneficiar a germinação e o arranque inicial da cultura.
Pesquisas
Referências na literatura têm atestado os benefícios do uso das algas marinhas na germinação de sementes e o vigor das plântulas em várias espécies, como cebola, cevada, tomate, berinjela, pimentão, milho, feijão e soja; e, também na brotação de tubérculos de batata.
O tratamento das sementes de tais espécies com a alga Ascophyllum nodosum provocaram aumentos de 10 a 16% na taxa de germinação das sementes e de cerca de 12% no desenvolvimento de brotos nos tubérculos da batata.
A explicação para esse aumento está na rica constituição das algas: as auxinas presentes induzem a multiplicação e o desenvolvimento das novas células. As giberelinas promovem a mobilização do amido presente nas sementes, o que vai promover a liberação de energia.
E como empregar tal tecnologia?
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As algas marinhas podem ser aplicadas:
1. Na semeadura direta, tratando as sementes, pulverizando a área de plantio ou via drench, o que pode ser feito logo após semeadura, ou previamente.
2. Na produção de mudas, as alternativas são as mesmas oferecidas para a semeadura direta.
Quando se trata as sementes, pode-se misturar o formulado contendo algas com micronutrientes e, quando houver compatibilidade, também com defensivos. As doses a adotar dependem do produto, porém, são sempre pequenas.
Agora, não resolve incluir as algas no processo de produção se todas as etapas não forem bem realizadas: a época de plantio, o preparo do solo, a escolha da cultivar, a irrigação, controle de invasoras e de pragas e doenças são fundamentais para o sucesso.
Outro aspecto importante: a inclusão de formulados com algas não substitui a adubação, mas pode potencializar os seus efeitos.