19.6 C
Uberlândia
sexta-feira, abril 19, 2024
- Publicidade -
InícioArtigosGrãosAmostragem de solo após a safrinha

Amostragem de solo após a safrinha

Autores

Antonio Santana Batista de Oliveira Filho Engenheiro agrônomo e mestrando em Agronomia/Produção Vegetal – FCAV/UNESPa15santanafilho@gmail.com

Adriana Araujo Diniz Doutora em Agronomia e professora – Universidade Estadual do Maranhão (UEMA/CESBA)adrisolos2016@gmail.com

Abimael dos Santos Carmo FilhoEngenheiro agrônomo e mestrando em Fitotecnia – ESALQ/USPabmaelfilho@hotmail.com

Créditos: Shutterstock

A amostragem do solo é a primeira e principal etapa de um programa de avaliação da fertilidade do solo, pois é com base na análise química desta que se realiza a interpretação e que são definidas as doses de corretivos e de adubos.

Desse modo, a amostragem após a safrinha é de extrema importância para o produtor, pois ela indicará a condição de fertilidade do solo antes da implantação da cultura safra, podendo, portanto, possibilitar ao produtor realizar as devidas correções e assim evitar perdas de produtividade durante a safra.

Uma amostragem eficiente deve ser efetuada com o máximo rigor, levando-se em consideração a divisão da propriedade em áreas uniformes, adotando critérios de classificação como: cobertura vegetal ou cultura, topografia ou situação no terreno, cor do solo, textura ou tipo de solo, drenagem, histórico de calagem e de adubação, e produção em anos anteriores.

Além disso, outros fatores relacionados a uma amostragem eficiente estão ligados ao procedimento, número de amostras simples por amostra composta, local, profundidade e época da amostragem. Assim, a amostragem torna-se uma etapa fundamental em um bom diagnóstico das propriedades físicas e químicas do solo.

Portanto, realizar a amostragem subsequente ao término da safrinha evitará correrias no processo, o que reduz as chances de erro e aumenta a precisão da análise de solo. 

Benefícios proporcionados

Entre os principais benefícios que a amostragem e análise de solo podem proporcionar estão o aumento da produtividade por meio da identificação de nutrientes ou fatores químicos do solo que estão limitando/afetando o crescimento das plantas, melhor eficiência do uso de fertilizantes e recomendação de taxas de fertilizantes adequadas para os diversos solos e culturas.

Além disso, ao permitir uma adubação eficiente e racional, a amostragem do solo pode ajudar a proteger o meio ambiente, mediante a redução de aplicações excessivas de fertilizantes, além de identificar solos contaminados (Buck, 2015). Assim, uma correção e adubação eficientes podem aumentar a produtividade em até 50% do esperado.

Como implantar a técnica

[rml_read_more]

Antes de realizar a coleta de material de solo, deve-se fazer um estudo da área, do que foi plantado antes, quais culturas foram trabalhadas e se havia alternância de culturas ou não.

O segundo procedimento a ser adotado é separação da gleba em áreas homogêneas, ou seja, para que a amostra do solo seja representativa, a área amostrada deve ser a mais parecida possível.

Na amostragem de solo para análise química, trabalha-se com amostras simples e compostas. A amostra simples é constituída pelo volume de solo coletado em um ponto da gleba e a amostra composta representa a mistura homogênea das várias amostras simples coletadas da gleba, sendo parte representativa dessa aquela que será submetida à análise química.

Devem ser coletadas de 20 a 30 amostras simples por gleba. O maior número de amostras simples (30) deve ser coletado em glebas sujeitas à maior heterogeneidade do solo. Após homogeneizar as subamostras é necessário retirar uma amostra composta de aproximadamente 600 gramas.

Detalhes

. As amostras simples devem ser uniformemente distribuídas por toda a gleba, o que é obtido realizando a coleta ao longo de um caminhamento percorrido em zigue-zague pela gleba, ou seja, assim é possível obter uma representação melhor de toda a área.

É importante que as amostras simples coletadas em uma gleba tenham o mesmo volume de solo. Isto se consegue padronizando a área e a profundidade de coleta da amostra simples. Obtém-se boa padronização, utilizando os instrumentos denominados trados de amostragem, no entanto, uma eficiência satisfatória pode ser obtida com instrumentos mais simples, tais como pá ou enxadão.

Quando se utiliza pá ou enxadão, deve-se abrir um buraco com as paredes verticais (pequena trincheira). Observando-se a profundidade de amostragem, a coleta da amostra é realizada cortando-se uma fatia de 4,0 cm de espessura em uma das paredes do buraco. Em seguida, com o solo aderido ao instrumento, são cortadas e descartadas as porções laterais do volume de solo de forma a deixar apenas os 4,0 cm centrais.

Para a maioria das culturas, as amostras simples são coletadas na camada de 0-20 cm, entretanto, é importante levar em conta a camada de solo onde se concentra o maior volume do sistema radicular.

Por fim, as amostras simples devem ser reunidas em um recipiente limpo. Deve-se evitar recipientes metálicos, principalmente aqueles galvanizados, que podem acarretar contaminação das amostras, resultando em possíveis alterações dos resultados, portanto, recomenda-se, preferencialmente, recipientes de plástico.

O volume de solo das amostras simples deve ser cuidadosamente destorroado e perfeitamente homogeneizado, para obter uma amostra composta e representativa. Esse volume de solo pode ser seco à sombra e depois enviado ao laboratório.

Interpretação

Conforme a amostragem de solo é possível obter através da análise do solo amostrado valores (faixas), dos elementos constituintes do solo analisado. As interpretações dos valores obtidos na análise do solo expressarão o conteúdo dos seguintes constituintes: teores de argila e de matéria orgânica, indicadores de acidez, CTC, teores de cálcio, de fósforo, de enxofre, de potássio, de magnésio, e de micronutrientes do solo coletado.

Desse modo, será possível incrementar nesse solo a suplementação adequada e, consequentemente, permitir o pleno desenvolvimento da cultura a ser plantada. Além de resultados positivos em relação à oferta dos nutrientes adequados à cultura, a análise de solo, quando desempenhada de forma correta, também promove eficiência econômica por conta da utilização suficiente dos fertilizantes, dessa forma, sendo economicamente viável ao produtor.

Erros

No laboratório, não se consegue minimizar ou corrigir os erros cometidos na amostragem do solo. Assim, uma amostragem inadequada do solo resulta em uma análise inexata e em uma interpretação e recomendação equivocadas, podendo causar graves prejuízos econômicos ao produtor e/ou danos ao meio ambiente.

Os principais erros cometidos durante o processo de amostragem se dão principalmente pela distribuição de forma que não abranja áreas uniformes, o que recai em dados que não representam a total realidade da área. A quantidade de pontos coletados também é outro erro muito frequente, em que o produtor, para economizar tempo, não realiza a coleta em quantidade suficiente para eliminar pontos que não são representativos da área.

A mistura das amostras simples também é fator que, se recair em erros, pode gerar uma amostra não representativa da área, comprometendo o resultado final da análise. Os equipamentos utilizados para coleta, se estiverem contaminados com resíduos, podem interferir nos dados, e por fim, a interpretação, se realizada de forma errônea, pode levar a uma aplicação de corretivos e fertilizantes inadequada, gerando gastos desnecessários para o produtor.

Acertos

Uma amostragem criteriosa requer a observação não só do sistema agropecuário em uso, mas também de princípios relacionados com a seleção da área a ser amostrada e como se proceder a coleta das amostras.

Portanto, para evitar os principais erros de amostragem é necessário separar a área da gleba em áreas homogêneas. Assim, a propriedade ou área de amostragem deverá ser subdividida em glebas ou talhões homogêneos (Cantarutti et al., 2007).

Nessa subdivisão ou estratificação, incluem-se a vegetação, a posição topográfica (topo do morro, meia encosta, baixada, etc.), as características perceptíveis do solo (cor, textura, condição de drenagem, et.) e o histórico da área (cultura atual e anterior, produtividade observada, uso de fertilizantes e de corretivos, etc.).

No caso da amostragem de área com cultura perene, deve-se considerar na estratificação as variações da cultivar, idade das plantas, características do sistema de produção e, principalmente, a produtividade, no entanto, é importante destacar que quando se realiza amostragem em áreas com essas culturas a profundidade de coleta da amostra do solo pode variar entre 0-20-40 cm.

Desse modo, ressalta-se que os limites de uma gleba de terra para amostragem não devem ser definidos pela área (hectares), mas, sim, pelas características já enumeradas, que determinam sua homogeneidade. Sugere-se, no entanto, para maior eficiência, não amostrar glebas superiores a 10 ha. Assim, glebas muito grandes, mesmo que homogêneas, devem ser divididas em sub-glebas, com áreas de até 10 ha.

Investimento

O custo de uma análise de solo no laboratório atualmente está em média de R$ 40,00 a R$ 50,00 por amostra, avaliando-se a fertilidade e micronutrientes. Desse modo, o preço final vai variar conforme o tamanho da área de cada produtor e das características do local, como: a vegetação, a posição topográfica, as características perceptíveis do solo e o histórico da área.

Além disso, com a análise de solos em mãos o produtor consegue, em longo prazo, aumentar a longevidade da fertilidade do solo, pois com a correção adequada a fertilidade do solo será preservada por mais tempo, evitando assim o esgotamento desse solo e, consequentemente, investimentos anuais com corretivos.

Além disso, a análise correta pode reduzir gastos com defensivos, pois um solo com fertilidade adequada consegue manter plantas mais saudáveis e essas, por sua vez, são capazes de resistir melhor a pragas e doenças. Desse modo, de forma indireta, reduz também os gastos com o uso de defensivos agrícolas.

Assim, é notório que a relação custo-benefício é satisfatória para o produtor, em que avanços tecnológicos estão cada vez mais sendo inseridos no mercado, o que, em contrapartida, traz perspectivas positivas de crescimento do controle adequado da fertilidade do solo aliado a uma maior produtividade das culturas e ao menor impacto ambiental. 

ARTIGOS RELACIONADOS

Os resultados no manejo de estimulantes e condicionadores no tomateiro

Fernando Simoni Bacilieri Engenheiro agrônomo e doutorando em Fitotecnia - ICIAG-UFU ferbacilieri@zipmail.com.br Roberta Camargos de Oliveira Engenheira agrônoma e doutora em Fitotecnia robertacamargoss@gmail.com João Ricardo Rodrigues da Silva Engenheiro agrônomo joaoragr@hotmail.com   A cultura...

Entenda por que os fertilizantes organominerais melhoram a produtividade da cana

Laila de Carvalho Henrique Graduanda em Engenharia Agronômica da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ)" CSL e coordenadora de Ensino e Extensão - Gefit lailah94@gmail.com Paula...

Fertilizantes organominerais diminuem perdas por volatilização de nitrogênio

  Vanessa Junia Machado vanessajm@unipam.edu.br Carlos Henrique Eiterer de Souza carloshenrique@unipam.edu.br Engenheiros agrônomos, DSc. e professores do Centro Universitário de Patos de Minas - UNIPAM O nitrogênio figura entre os...

Sete motivos para usar aminoácidos no manejo da cultura de tomate

  Uso de produtos ricos em aminoácidos pode aumentar a produção e resultar em frutos de melhor qualidade Produtores de hortifrúti sabem que todas as culturas...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!