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Análises de solo e folha

Júlio César RibeiroEngenheiro agrônomo e doutor em Agronomia/Ciência do Solo – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)jcragronomo@gmail.com

João Augusto Dourado Loiola Graduando em Engenharia Agronômica – UFRRJjoaoaugustodourado@gmail.com  

Cebola – Crédito: Shutterstock

O conhecimento da qualidade do solo e das plantas é essencial para que se obtenha boa produtividade e, consequentemente, retornos financeiros satisfatórios. Existem vários recursos que permitem fazer a avaliação do desenvolvimento e manutenção da cebola, dentre os quais podem ser destacados a observação de sintomas visuais de deficiências e/ou excesso de nutrientes nas plantas, análises de folhas ou de outros tecidos vegetais, e a análise de solo.

A análise foliar é indicada para identificar algum distúrbio nutricional ou para ajustar o programa de adubação, visto que o resultado desta análise é consequência de um conjunto de fatores que condicionam a absorção de nutrientes, refletindo o estado fértil do solo, mas não permite avaliar sua fertilidade.

Já a análise do solo é a única técnica de fácil acesso que permite efetuar uma avaliação completa da fertilidade do solo. Porém, somente a análise de solo é insuficiente para obter sucesso no acompanhamento do estado nutricional das plantas, devendo as análises de solo e tecido foliar serem conjuntamente realizadas, permitindo a identificação de carências de nutrientes e suprimento dos mesmos de forma correta, o que refletirá no desenvolvimento e produtividade das plantas, além da economia no uso de insumos.

Diagnose foliar e visual

 A diagnose visual é realizada com o acompanhamento do comportamento morfológico ao longo do crescimento e desenvolvimento da cultura. Diversos sintomas podem ser apresentados de acordo com a carência e/ou excesso de nutrientes, como por exemplo, quando a cebola apresenta uma diminuição no seu crescimento e na intensidade da coloração das folhas, ela pode estar com deficiência de nitrogênio.

A deficiência de fósforo pode ser identificada quando as folhas mais velhas apresentarem amarelecimento e secarem com o tempo. Já a deficiência de potássio é notada quando as folhas velhas se apresentam amareladas e secas nas pontas.

Deste modo, a diagnose visual deve ser usada para obter um conhecimento prévio da falta e/ou excesso de nutrientes nas plantas, não devendo a mesma ser usada apenas para a tomada de decisão sobre essa deficiência e/ou excesso de nutrientes.

A diagnose visual deve sempre ser confirmada por análises químicas, como a diagnose foliar (análise de tecido vegetal) e a análise de solo.

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Manejo

A diagnose foliar é feita a partir de uma amostragem do tecido vegetal, devendo ser realizada na metade do ciclo da cultura, ou quando for diagnosticada uma carência e/ou excesso de nutrientes.

Para realizar esta diagnose, é necessário coletar a folha mais alta das plantas escolhidas, totalizando 40 folhas por área homogênea. Após coletadas, as folhas devem ser acondicionadas em sacos de papel devidamente identificados com o tipo de material, local de coleta, responsável, propriedade e endereço, sendo encaminhado para um laboratório de análise de tecido vegetal, que seja idôneo e certificado, garantindo a qualidade das análises.

Caso não seja possível o envio imediato do material coletado ao laboratório, recomenda-se lavar o material em água corrente e seca-lo a 60°C, até que atinja peso constante.

Através da análise de solo é possível detectar as necessidades de calagem e/ou adubação de determinada área agrícola. No entanto, a eficácia das informações sobre o estado nutricional do solo depende da qualidade do processo de amostragem, visto que os solos geralmente são bastante heterogêneos, apresentando variações químicas em decorrência a diversos fatores.

Coleta do solo

A coleta de amostras de solo deve ser realizada de forma correta, de modo que representem as características químicas fieis de cada área. Para isso, a área a ser amostrada deve ser dividida em glebas homogêneas, devendo ser coletadas de 15 a 20 amostras simples por hectare numa profundidade de 0-20 cm, para formar uma amostra composta.

Para que se tenha a máxima representatividade da área, os pontos de coleta devem ser estabelecidos por meio do caminhamento aleatório ou em zigue-zague pela gleba. Após coletadas, as amostras de solo deverão ser identificadas de acordo com as glebas, responsável, propriedade e endereço, e enviadas a laboratório idôneo e certificado para realização da análise química.

Com o resultado de ambas as análises (foliar e de solo), é possível que se prossiga com a avaliação da fertilidade do solo e do estado nutricional das plantas de cebola, podendo, assim, efetuar de forma precisa a condução da cultura.

Orientações nutricionais

A cebola é uma hortaliça muito sensível à acidez do solo, tendo como pH ideal entre 6,0 e 6,5 para alcançar uma ótima produtividade e maior qualidade dos bulbos. Em solos ácidos, recomenda-se realizar a calagem, que promove a neutralização do alumínio tóxico, aumentando a disponibilidade de nutrientes no solo.

A correção do solo deve ser realizada preferencialmente 60 dias antes do plantio, sendo a quantidade de calcário a ser aplicada relacionada à necessidade conforme o resultado da análise de solo.  

Atenção especial deve ser dada aos níveis de nutrientes essenciais necessários ao desenvolvimento adequado das plantas de cebola, que podem ser verificados através dos resultados da análise do tecido vegetal.

Para os elementos nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre, os teores adequados no tecido vegetal devem ser de, respectivamente: 40 g.kg-1, 3,0 g.kg-1, 40 g.kg-1, 4,0 g.kg-1, 4,0 g.kg-1, e 7,0 g.kg-1 de matéria seca da planta.

Deste modo, a adubação equilibrada é fundamental para o desenvolvimento adequado da cultura, possibilitando bulbos de qualidade e produtividade satisfatória.

Direto ao ponto

Para a análise de solo, é preciso realizar a coleta das amostras em áreas que apresentem o mesmo tipo de solo, cor, textura, manejo, adubação e tipo de relevo, ou seja, áreas homogêneas, tendo sempre muita atenção com a identificação das amostras com as respectivas áreas correspondentes.

É fundamental que o produtor limpe a superfície do solo nos pontos escolhidos para coleta, não utilizando, ainda, recipientes sujos com agroquímicos para misturar e acondicionar as amostras, evitando assim possíveis contaminações que possam levar a interpretações equivocadas.

Para a análise foliar, é preciso evitar erros, como não realizar a coleta da folha representativa, não efetuar a coleta da quantidade correta de tecido vegetal que represente de forma homogênea a área cultivada a ser analisada, enviar ao laboratório amostras que já sofreram deterioração, dentre outros.

Erros, ainda, com relação à escolha da cultivar e a época de plantio, são ocorrentes, devendo-se optar por cultivares adaptadas às condições climáticas locais. No entanto, épocas do ano com temperaturas e pluviosidade elevadas podem proporcionar desenvolvimento insatisfatório da cultura, além de uma maior incidência de pragas e doenças.

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