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Aumenta incidência de helicoverpa no feijoeiro

A helicoverpa tem sido um desafio crescente para os produtores de feijão, exigindo estratégias eficazes de controle.

João Augusto Dourado Loiola
Mestrando em Agronomia/Ciência do Solo – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
joaoaugustodourado@gmail.com
Ana Carolina Muniz de Araujo
Engenheira agrônoma – UFRRJ
Júlio Leonardo Lucindar Junior
Yan Mirando Mostacada Ramalho
Graduandos em Agronomia – UFRRJ

A Helicoverpa armigera é uma espécie polífaga, tendo o seu registro em mais de 100 espécies botânicas, em mais de 45 famílias, resultando em danos econômicos severos em grandes culturas, como o algodão, soja, milho e feijão.
A praga é um Lepidóptero da família Noctuidae. Seu hábito alimentar está no consumo de folhas e caules, resultando em danos na fase vegetativa e reprodutiva. Além disso, com alto potencial reprodutivo, podem alcançar até 1.500 ovos/fêmea.
O ciclo biológico é composto por ovo, lagarta, pupa e adulto. A deposição ocorre nos talos, flores, frutos e folhas na face adaxial, de forma isolada em períodos noturnos.

Crédito: Cristiano Oliveira

Conhecimento é tudo

O conhecimento sobre o ciclo e período de desenvolvimento é de extrema importância para que as estratégias de controle sejam efetivas, portanto, o período larval será composto por cinco a seis instares e podem durar de duas a três semanas.
A espécie apresenta uma grande mobilidade e capacidade de dispersão, além da ampla capacidade de adaptação em diferentes cultivos.
A união do hábito alimentar, alta dispersão, capacidade adaptativa em diversos cultivos, presença de plantas hospedeiras na propriedade e a falta de ação efetiva no manejo favorecem os altos danos econômicos da praga.
A intensidade dos danos econômicos causados pela H. armigera caracterizou a praga com grande incidência nas lavouras no País. Os primeiros focos foram em Goiás e também foi observado no oeste baiano.
Atualmente, a praga está distribuída pelo Brasil e pode afetar diversas lavouras, desde hortaliças a grandes culturas, como o feijão, representando grande preocupação e a necessidade da tomada de decisão nas estratégias de manejo.

Por que é considerada uma praga brasileira?

A Helicoverpa armigera se alimenta de uma grande variedade de plantas, o que dificulta o manejo do agricultor. A fêmea possui algumas espécies preferenciais para a postura dos ovos, bem como algumas espécies alternativas.
As hospedeiras alternativas tornam-se espécies decisivas para a sobrevivência e disseminação da praga. É considerada uma espécie exótica, desta forma, não possui predadores naturais no Brasil. Por esta razão, se disseminou rapidamente e se tornou uma das principais pragas agrícolas.
A rápida disseminação desta espécie está associada à capacidade do adulto migrar a distâncias de até 1.000 km. Outra habilidade é a sua resistência às variações ambientais adversas, como calor extremo, frio e épocas de seca.

Prejuízos

A praga pode levar a perdas de até 80% da lavoura de feijão. Os danos causados pela Helicoverpa armigera são irreversíveis, desta forma, a praga deve ser controlada para que possa apresentar população que cause dano econômico ao produtor.
Estima-se que a perda mundial causada pelas lagartas, nas diferentes culturas que ataca, chega, anualmente, a US$ 5 bilhões. A infestação da Helicoverpa armigera na cultura do feijão pode ter efeitos em toda cadeia produtiva, afetando os produtores, os fornecedores de insumos e os processadores.

Danos

Associado aos danos causados pela praga em diversas culturas no feijoeiro, identificou-se que a espécie pode causar desfolha e atacar as flores, vagens e os grãos. Em estádio V2, as plântulas do feijoeiro toleram até 50% de desfolha sem que os danos afetem os rendimentos da produção.
Em estádio V3, os danos da desfolha não podem ultrapassar 25%, caso ultrapasse pode ocorrer uma queda na produtividade. O efeito da desfolha na cultura do feijão irá interferir na redução do número de vagens por planta nos estádios V3, V4 e R7.
Além disso, o ataque da praga no período de florescimento (R6) da cultura do feijão afeta a produtividade.

O ataque

A praga está amplamente disseminada pelo País, porém, para constatação da sua incidência nas diversas regiões agrícolas, é necessário a realização de pesquisas de levantamento taxonômico.
Este levantamento tem por objetivo determinar a sua distribuição geográfica. Desta forma, a obtenção dos catálogos entomológicos proporcionará subsídios para o planejamento do manejo integrado de pragas nas regiões agrícolas, aumentando a efetividade no controle.
Atualmente, se sabe que a Helicoverpa armigera tem grande incidência nas regiões norte, nordeste e centro-oeste.

O feijoeiro

O período de incubação do ovo da praga dura, em média, três dias. Após a eclosão do ovo, a lagarta apresenta-se no primeiro e no segundo sub estágio. Elas são pouco móveis nas folhas, desta forma, o nível de dano é baixo.
É de suma importância destacar que as lagartas podem se desenvolver rapidamente em condições ambientais favoráveis, completando seu ciclo de quatro a cinco semanas. Por isso, é importante monitorar a presença da praga desde o início da implantação da cultura, adotando medidas preventivas, como uso de armadilhas para o monitoramento, manejo integrado de pragas e de produtos biológicos, sintéticos quando necessários.

Controle da Helicoverpa armigera

Quando identificada a presença da Helicoverpa armigera na cultura, deve-se, primeiro, verificar o seu nível de controle. Atualmente, mesmo com diversos métodos, o controle químico é o mais utilizado, por conta de sua praticidade e eficiência.
No entanto, existem métodos, como controle cultural, genético e biológico. No controle químico é necessária a rotação do princípio ativo do inseticida, para que a praga não desenvolva resistência. Para a implementação deste tipo de controle, é de suma importância consultar um técnico.
No controle biológico, pode ser utilizados agentes biológicos, como parasitoides e bactérias entomopatogênicas. Como parasitoide, pode ser utilizado o Trichogramma pretiosum, que tem uma eficiência de cerca de 70 a 80%. Como bactéria entomopagênica, pode ser utilizada a bactéria Bacillus thuringiensis.
Já o controle cultural consiste na destruição de restos culturais e plantas hospedeiras. Também pode ser implementado o uso de variedades precoces, que visa diminuir o tempo de ataque da praga.

Crédito: João Nestor

Estratégias na cultura do feijão

Estratégias de prevenção para que a praga não alcance percentuais de infestações que sejam prejudiciais à cultura do feijoeiro são cada vez mais utilizadas, visando eficiência e economia na produção.
Entre os métodos estão a rotação de culturas, vazio sanitário e respeitar a legislação, destruição de plantas hospedeiras e restos culturais, além da utilização de área de refúgio. O intuito da maioria desses métodos é eliminar possíveis focos de abrigo e/ou alimento para a praga.
Esses e outros métodos são importantes para minimizar as possibilidades de a Helicoverpa armigera chegar a um nível populacional elevado. Os inseticidas biológicos e sintéticos devem ser aplicados enquanto as lagartas estiverem em sub-estádio inicial, com até 8,0 mm de comprimento.
É importante retardar ao máximo o uso de inseticidas piretroides e organofosforados.

Impactos econômicos da praga

 Redução da produtividade;
 Aumento dos custos de produção;
 Impactos na cadeia produtiva.
Tudo isso remete à infestação da Helicoverpa armigera que, se for potencializada em uma determinada região produtora de feijão, pode afetar a qualidade do produto final, tendo impactos econômicos significativos.

Essa espécie se alimenta das folhas e vagens do feijão, o que leva a uma redução na produção da cultura. Para o seu combate, os produtores necessitam investir em pesticidas e outras medidas de controle, aumentando assim os custos de produção e reduzindo a rentabilidade. Consequentemente, os consumidores sentem o aumento dos preços de feijão.

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