21.5 C
Uberlândia
quinta-feira, março 6, 2025
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosAumenta incidência de helicoverpa no feijoeiro

Aumenta incidência de helicoverpa no feijoeiro

A helicoverpa tem sido um desafio crescente para os produtores de feijão, exigindo estratégias eficazes de controle.

João Augusto Dourado Loiola
Mestrando em Agronomia/Ciência do Solo – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
joaoaugustodourado@gmail.com
Ana Carolina Muniz de Araujo
Engenheira agrônoma – UFRRJ
Júlio Leonardo Lucindar Junior
Yan Mirando Mostacada Ramalho
Graduandos em Agronomia – UFRRJ

A Helicoverpa armigera é uma espécie polífaga, tendo o seu registro em mais de 100 espécies botânicas, em mais de 45 famílias, resultando em danos econômicos severos em grandes culturas, como o algodão, soja, milho e feijão.
A praga é um Lepidóptero da família Noctuidae. Seu hábito alimentar está no consumo de folhas e caules, resultando em danos na fase vegetativa e reprodutiva. Além disso, com alto potencial reprodutivo, podem alcançar até 1.500 ovos/fêmea.
O ciclo biológico é composto por ovo, lagarta, pupa e adulto. A deposição ocorre nos talos, flores, frutos e folhas na face adaxial, de forma isolada em períodos noturnos.

Crédito: Cristiano Oliveira

Conhecimento é tudo

O conhecimento sobre o ciclo e período de desenvolvimento é de extrema importância para que as estratégias de controle sejam efetivas, portanto, o período larval será composto por cinco a seis instares e podem durar de duas a três semanas.
A espécie apresenta uma grande mobilidade e capacidade de dispersão, além da ampla capacidade de adaptação em diferentes cultivos.
A união do hábito alimentar, alta dispersão, capacidade adaptativa em diversos cultivos, presença de plantas hospedeiras na propriedade e a falta de ação efetiva no manejo favorecem os altos danos econômicos da praga.
A intensidade dos danos econômicos causados pela H. armigera caracterizou a praga com grande incidência nas lavouras no País. Os primeiros focos foram em Goiás e também foi observado no oeste baiano.
Atualmente, a praga está distribuída pelo Brasil e pode afetar diversas lavouras, desde hortaliças a grandes culturas, como o feijão, representando grande preocupação e a necessidade da tomada de decisão nas estratégias de manejo.

Por que é considerada uma praga brasileira?

A Helicoverpa armigera se alimenta de uma grande variedade de plantas, o que dificulta o manejo do agricultor. A fêmea possui algumas espécies preferenciais para a postura dos ovos, bem como algumas espécies alternativas.
As hospedeiras alternativas tornam-se espécies decisivas para a sobrevivência e disseminação da praga. É considerada uma espécie exótica, desta forma, não possui predadores naturais no Brasil. Por esta razão, se disseminou rapidamente e se tornou uma das principais pragas agrícolas.
A rápida disseminação desta espécie está associada à capacidade do adulto migrar a distâncias de até 1.000 km. Outra habilidade é a sua resistência às variações ambientais adversas, como calor extremo, frio e épocas de seca.

Prejuízos

A praga pode levar a perdas de até 80% da lavoura de feijão. Os danos causados pela Helicoverpa armigera são irreversíveis, desta forma, a praga deve ser controlada para que possa apresentar população que cause dano econômico ao produtor.
Estima-se que a perda mundial causada pelas lagartas, nas diferentes culturas que ataca, chega, anualmente, a US$ 5 bilhões. A infestação da Helicoverpa armigera na cultura do feijão pode ter efeitos em toda cadeia produtiva, afetando os produtores, os fornecedores de insumos e os processadores.

Danos

Associado aos danos causados pela praga em diversas culturas no feijoeiro, identificou-se que a espécie pode causar desfolha e atacar as flores, vagens e os grãos. Em estádio V2, as plântulas do feijoeiro toleram até 50% de desfolha sem que os danos afetem os rendimentos da produção.
Em estádio V3, os danos da desfolha não podem ultrapassar 25%, caso ultrapasse pode ocorrer uma queda na produtividade. O efeito da desfolha na cultura do feijão irá interferir na redução do número de vagens por planta nos estádios V3, V4 e R7.
Além disso, o ataque da praga no período de florescimento (R6) da cultura do feijão afeta a produtividade.

O ataque

A praga está amplamente disseminada pelo País, porém, para constatação da sua incidência nas diversas regiões agrícolas, é necessário a realização de pesquisas de levantamento taxonômico.
Este levantamento tem por objetivo determinar a sua distribuição geográfica. Desta forma, a obtenção dos catálogos entomológicos proporcionará subsídios para o planejamento do manejo integrado de pragas nas regiões agrícolas, aumentando a efetividade no controle.
Atualmente, se sabe que a Helicoverpa armigera tem grande incidência nas regiões norte, nordeste e centro-oeste.

O feijoeiro

O período de incubação do ovo da praga dura, em média, três dias. Após a eclosão do ovo, a lagarta apresenta-se no primeiro e no segundo sub estágio. Elas são pouco móveis nas folhas, desta forma, o nível de dano é baixo.
É de suma importância destacar que as lagartas podem se desenvolver rapidamente em condições ambientais favoráveis, completando seu ciclo de quatro a cinco semanas. Por isso, é importante monitorar a presença da praga desde o início da implantação da cultura, adotando medidas preventivas, como uso de armadilhas para o monitoramento, manejo integrado de pragas e de produtos biológicos, sintéticos quando necessários.

Controle da Helicoverpa armigera

Quando identificada a presença da Helicoverpa armigera na cultura, deve-se, primeiro, verificar o seu nível de controle. Atualmente, mesmo com diversos métodos, o controle químico é o mais utilizado, por conta de sua praticidade e eficiência.
No entanto, existem métodos, como controle cultural, genético e biológico. No controle químico é necessária a rotação do princípio ativo do inseticida, para que a praga não desenvolva resistência. Para a implementação deste tipo de controle, é de suma importância consultar um técnico.
No controle biológico, pode ser utilizados agentes biológicos, como parasitoides e bactérias entomopatogênicas. Como parasitoide, pode ser utilizado o Trichogramma pretiosum, que tem uma eficiência de cerca de 70 a 80%. Como bactéria entomopagênica, pode ser utilizada a bactéria Bacillus thuringiensis.
Já o controle cultural consiste na destruição de restos culturais e plantas hospedeiras. Também pode ser implementado o uso de variedades precoces, que visa diminuir o tempo de ataque da praga.

Crédito: João Nestor

Estratégias na cultura do feijão

Estratégias de prevenção para que a praga não alcance percentuais de infestações que sejam prejudiciais à cultura do feijoeiro são cada vez mais utilizadas, visando eficiência e economia na produção.
Entre os métodos estão a rotação de culturas, vazio sanitário e respeitar a legislação, destruição de plantas hospedeiras e restos culturais, além da utilização de área de refúgio. O intuito da maioria desses métodos é eliminar possíveis focos de abrigo e/ou alimento para a praga.
Esses e outros métodos são importantes para minimizar as possibilidades de a Helicoverpa armigera chegar a um nível populacional elevado. Os inseticidas biológicos e sintéticos devem ser aplicados enquanto as lagartas estiverem em sub-estádio inicial, com até 8,0 mm de comprimento.
É importante retardar ao máximo o uso de inseticidas piretroides e organofosforados.

Impactos econômicos da praga

 Redução da produtividade;
 Aumento dos custos de produção;
 Impactos na cadeia produtiva.
Tudo isso remete à infestação da Helicoverpa armigera que, se for potencializada em uma determinada região produtora de feijão, pode afetar a qualidade do produto final, tendo impactos econômicos significativos.

Essa espécie se alimenta das folhas e vagens do feijão, o que leva a uma redução na produção da cultura. Para o seu combate, os produtores necessitam investir em pesticidas e outras medidas de controle, aumentando assim os custos de produção e reduzindo a rentabilidade. Consequentemente, os consumidores sentem o aumento dos preços de feijão.

ARTIGOS RELACIONADOS

Plantio de soja Bt deve ser expressivo na próxima safra

  Adeney de Freitas Bueno Jose Ubirajara Moreira Pesquisadores da Embrapa Soja   Na safra 2014/15, a lagarta mais daninha para a cultura da soja foi novamente a falsa-medideira,...

Manejo de pragas em soja Bt – Olhando para as flores

João Paulo Ziotti Narita Fábio Maximiano de Andrade Silva Engenheiros agrônomos   A cultura da soja apresenta várias espécies de insetos-praga que podem danificá-la, alimentando-se de suas...

Fosfito de cobre

Patógenos fúngicos presentes no solo constituem uma das principais ameaças ao cultivo ...

Sistema atrai lagartas para longe da lavoura de milho

Autores Talita de Santana Matos talitasnatos@gmail.com Elisamara Cadeira do Nascimento elisamara.caldeira@gmail.com Doutoras em Agronomia/Ciência do Solo – Universidade Federal Rural do Rio...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!