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Banana orgânica: Um mercado potencial

Autores

Luana Keslley Nascimento Casais
luana.casais@gmail.com
Rhaiana Oliveira de Aviz
rhaianaoliveiradeaviz@gmail.com
Engenheiras agrônomas – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
Luciana da Silva Borges
Doutora e professora – UFRA, campus Paragominas, coordenadora do Grupo de Pesquisa em Horticultura da Amazônia (Hortizon) e Núcleo de Pesquisa em Agroecologia (NEA)
luciana.borges@ufra.edu.br
Fotos: Shutterstock

Hoje o mercado da bananicultura é um dos mais produtivos do território nacional, sendo esta a fruta a mais consumida dentre os brasileiros e a segunda mundialmente. A bananeira tem fácil adaptação a diversos climas e sistemas, sendo muitas vezes utilizada em policultivos e quintais agroecológicos, beneficiando não só a produção desta cultura, como de outras quando plantadas em consórcio.

Além dos benefícios citados anteriormente, o que se mostra mais interessante na visão dos agricultores é o fato de a bananeira ser bem receptível à adubação orgânica, em que são utilizados resíduos principalmente da própria bananeira, sendo dela aproveitada praticamente dois terços de toda fitomassa produzida, acarretando um ganho de aproximadamente 70% de restituição de tudo que é produzido pela planta ao solo novamente.

O Brasil produz 485 mil hectares de banana e o cultivo orgânico só ocupa 0,5% de toda banana produzida no Brasil. Sendo assim, este é um mercado em ascensão pelos produtores e que está sendo bastante visado, principalmente por acarretar redução de custos, já que o produtor está isento do uso de agroquímicos no plantio, não havendo necessidade de gastos eventuais com defensivos e adubos minerais.

O produtor pode fazer uso de coberturas viva ou mortas no plantio e adubos que podem ser formulados pelo próprio agricultor, reutilizando materiais antes descartados como resíduos industriais (casca de arroz e resíduo de soja), além da própria fitomassa da bananeira, que com o tempo se torna inutilizada pela planta.

Manejo orgânico

No sistema de cultivo da bananeira é muito importante começar fazendo uma boa escolha do material genético a ser implantado, priorizando cultivares que sejam adaptadas ao clima da região onde se deseja fazer o cultivo. Atualmente, ainda não existem cultivares desenvolvidas somente para cultivo orgânico, e por isso apenas o manejo é diferenciado.

Para o plantio, é interessante que o terreno seja plano ou levemente ondulado. É importante que o solo seja profundo e bem drenável, pois as raízes podem atingir mais de um metro de profundidade. Apesar do seu plantio ser possível em todas as partes do País, as melhores condições para que haja uma maior produtividade em questão de temperatura fica em torno de 15 a 35ºC e umidade relativa superior a 80%.

 A disposição das mudas em linhas duplas de plantio (4 x 2 x 2 m) tem se mostrado promissora, sendo no coveamento a profundidade de 30 a 40 cm a mais indicada. Esta é a forma mais adequada para o plantio. A partir do plantio é importante proceder com uma adubação orgânica nas plantas, sendo o esterco bovino e de galinha os maiores provedores de nitrogênio às bananeiras.

Daninhas em questão

As bananeiras são sensíveis a plantas competidoras, como as daninhas, fazendo-se necessário uma capina constante pelo menos nos primeiros cinco meses do plantio, podendo utilizar equipamentos como enxadas ou roçadeiras no controle das daninhas, assim como também pode-se utilizar de coberturas mortas ou outros métodos de controle.

Também é importante fazer desbaste do excesso de rebentos produzidos pelas bananeiras, evitando o perfilhamento e a competição por nutrientes na produção de cachos. Quando há produção de cachos, para uma boa produção é importante que se faça a eliminação do coração ou mangará e da última penca, retirando os frutos da última penca e deixando apenas os frutos centrais. Isto vai possibilitar uma colheita com cachos mais homogêneos e frutos mais longos e grossos, evitando-se a penca refugo de menor valor no mercado.


Cuidados

Alguns manejos devem ser realizados para quem pretende alcançar um plantio vigoroso e produtivo em um sistema orgânico. Por isso, é imprescindível que o produtor se atente a alguns aspectos importantes, como:

Ü Uso de variedades adaptadas: é recomendadoo uso de variedades que apresentem bom desempenho, possibilitando a substituição de insumos químicos, como defensivos agrícolas e que sejam resistentes a pragas e doenças da cultura. Para isso, é importante que uma boa pesquisa seja realizada a fim de se obter uma cultivar adaptada à região que o plantio será instalado, assim como as características devem ser minunciosamente observadas. Testes de adaptação também são uma boa para o produtor, escolhendo determinadas cultivares a serem plantadas e, por fim, escolher aquela que melhor desempenhar suas características e se obter boa produtividade.

Ü Uso de agroquímicos: é imprescindível que o produtor não faça uso de nenhum produto químico durante o plantio, assim como manter a plantação a uma distância segura de outros plantios convencionais. A utilização de outros meios de proteção, como defensivos alternativos, é amplamente recomendada para quem almeja uma produção em sistema orgânico.

Ü Manejo do solo: outro fator muito importante é a manutenção das propriedades físicas e químicas do solo. A preparação é determinante para um plantio produtivo. O produtor deve se atentar à escolha da área, análise química e preparo do solo, assim como a calagem e adubação corretas da área de plantio, como também é interessante aliar esses cuidados à utilização de uma proteção do solo com o uso de coberturas vivas ou mortas, que podem ser produzidas a partir da própria bananeira. A adubação verde também auxilia bastante no desenvolvimento das bananeiras no fornecimento de nitrogênio ao solo e matéria orgânica.

Mais produtividade

Hoje, no Brasil, a área plantada pela bananicultura orgânica corresponde a 0,5% de toda a área produzida pela cultura, num total de 2.400 hectares. Os ganhos são inúmeros, principalmente por agregar valor ao produto.

Outro fator que torna a técnica atrativa é o fato de haver um menor custo de manutenção, já que produtos como defensivos e fertilizantes não são utilizados, angariando assim ao produtor uma redução de 50% nos custos de produção e, consequente, maior lucro de vendas.

Algumas regiões se tornaram grandes produtoras de banana orgânica no Brasil, alavancando ainda mais a técnica, como no caso do extremo sul brasileiro, que só no ano de 2018 colheu aproximadamente 72 mil toneladas de banana orgânica, deixando de aplicar mais 300 toneladas de fertilizantes, tendo ganhos extraordinários na cultura.

Os erros mais frequentes cometidos pelos os agricultores são, sem dúvida, a falta de informação a respeito das normativas que regem a produção de produtos orgânicos em território brasileiro.

Sendo assim, para receber a denominação de produto orgânico, a unidade de produção precisará cumprir com o Regulamento Técnico constante da Instrução Normativa no 46, de 6 de outubro de 2011 (Brasil, 2011), que é complementada pela Instrução Normativa no 17, de 18/6/2014 (Brasil, 2014), juntas estabelecem o Regulamento Técnico para os Sistemas Orgânicos de Produção Animal e Vegetal, devendo ser seguido por toda pessoa, seja física ou jurídica, responsável por unidades de produção de sistemas orgânicos.

Por conta disso, o agricultor precisa estar atento às normas de produção e se encaixar nas diretrizes. Evitando erros como este, o produtor passa a estar apto para produzir banana orgânica e comercializar livremente, expandindo mercado e consolidando este grande mercado em potencial.

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