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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Benefícios do silício para batata-salsa

Autores

Rodrigo Vieira da Silva Engenheiro agrônomo, doutor em Fitopatologia e professor – IF Goiano – Campus Morrinhosrodrigo.silva@ifgoiano.edu.br

João Paulo Marques FurtadoEngenheiro agrônomo e pós-graduado em Proteção de Plantas – Universidade Federal de Viçosa (UFV)furtado.agro@gmail.com

Ana Paula Gonçalves Ferreira ganapaula61@gmail.com

Larissa Dias Ferreira da Silva larissaagroo@gmail.com

Marya Eduarda Castro Silva maryaeduardacs@outlook.com

Graduandas em Agronomia – IF Goiano – Campus Morrinhos

Batata-salsa – Crédito: Embrapa Hortaliças

A mandioquinha-salsa, Arracacia xanthorrhiza, também conhecida como batata-baroa, batata-cenoura ou batata-salsa, é uma espécie nativa das montanhas andinas na América do Sul. Constitui-se numa importante e saborosa hortaliça no Brasil, onde a sua produção é destinada ao mercado predominantemente na forma in natura.

A planta produz uma raiz tuberosa, podendo ser utilizada na preparação de sopas, cremes, pré-cozidos, purês e fritas fatiadas. Essa raiz destaca-se no grupo de alimentos ricos em carboidratos, com amido considerado de fácil digestibilidade. A raiz tem alto conteúdo de cálcio, ferro, fósforo e vitaminas A e do complexo B, representando também uma ótima e saudável fonte de energia.

A batata-salsa é uma ótima alternativa de cultivo para pequenos e médios produtores, especialmente dentro dos conceitos de agricultura familiar, por exigir uma maior demanda de mão de obra do plantio à colheita, além de se adaptar facilmente ao cultivo orgânico, com baixo uso de insumos agrícolas sintéticos, além de apresentar um alto valor comercial durante todo o ano.

A sociedade cada vez mais consciente e exigente por produtos mais saudáveis e nutritivos fez com que os produtores buscassem formas de cultivo mais eficientes, econômicas e menos danosas ao homem e ao meio ambiente, especialmente para lidar com as pragas e doenças das plantas.

Neste contexto, o silício (Si) apresenta-se como uma excelente opção, tanto do ponto de vista nutricional, melhorando o desenvolvimento e aumentando a produtividade, quanto sanitário, tornando as plantas mais tolerantes às pragas, doenças, nematoides e estresses ambientais.

Principais doenças da batata-salsa

As principais doenças da batata-salsa nas condições brasileiras são a podridão das mudas, causada por fungos de solo: Rhizoctonia spp., Fusarium spp., Rhizopus spp., bactérias do gênero Erwinia spp., além dos nematoides de galhas do gênero Meloidogyne.

As mudas da batata-salsa estão sujeitas ao ataque de diversos organismos patógenos quando são retiradas da planta-mãe e armazenadas antes do plantio definitivo no campo. Os cortes para separar as mudas da planta-mãe expõem os tecidos, e os ferimentos podem ser a porta de entrada de fungos e bactérias, que podem levar as mudas a apodrecer rapidamente.

Por esta razão, deve-se deixar as mudas em local sombreado e ventilado para que os tecidos cortados sejam curados, formando uma camada seca e suberizada. Após o plantio, as mudas também podem ser atacadas por estes mesmos fungos e bactérias, principalmente quando ocorre excesso de chuvas ou de irrigação. O uso de mudas pré-enraizadas reduz este problema.

Benefícios do silício para a batata-salsa

Os produtos à base de silício, de uma forma geral, são originados de resíduo de siderúrgicas, que estão contidos na escória de produção do aço. O Brasil produz, anualmente, três milhões de toneladas de escória. Todavia, ainda é pouco usado na agricultura, apesar de nos últimos anos apresentar grande aumento na sua utilização.

O Si, por participar dos processos fisiológicos, bioquímicos e fitotécnicos, se torna um nutriente benéfico para as plantas, podendo estimular uma maior taxa de crescimento e produtividade. O Si acumula na parede celular vegetal, tornando-a mais rígida, dificultando assim a penetração de agentes agressores, como; insetos, nematoides, fungos, bactérias e vírus e também contra fatores abióticos.

A planta, com suas paredes celulares mais rígidas, faz com que a perda de água por transpiração seja menor, bem como seu risco de acamamento por vento e chuvas. No caso da batata-salsa, outro ponto que pode se destacar acontece na pós-colheita, que por sua vez é um produto comercializado principalmente de forma in natura, em que a planta tratada com silício vai ter uma menor perda de água e também uma menor ação de todos os agentes citados, aumentando então a vida de prateleira.

Produtividade

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Uma tecnologia promissora para a batata-salsa é a suplementação com o Si, que tem o potencial de aumentar a sua produtividade na ordem de 10 a 15%, em função da melhoria na interação entre a planta e o ambiente, proporcionando à planta uma maior tolerância ao ataque de fitopatógenos e pragas, além de fatores ambientais adversos.

Portanto, os benefícios do Si devem-se à sua influência na formação da parede celular de raízes e folhas. Logo, este elemento não tem um papel metabólico definido nas plantas acumuladoras e sua ação.

Na cultura da batata inglesa, uma parente próxima, a utilização de adubação silicatada proporcionou uma redução de mais de 60% no acamamento das plantas e aumentou a produção na ordem de 15% e a produção de tubérculos comerciais em 16%, segundo trabalhos desenvolvidos na Faculdade de Ciências Agronômicas – UNESP, campus de Botucatu.

Portanto, o emprego do silício no cultivo da batata-salsa é benéfico porque é capaz de aumentar o desenvolvimento qualitativo e produtivo da cultura, tendo ainda a possibilidade de melhorar o aspecto em pós-colheita do produto a ser comercializado, aumentado ainda a vida de prateleira.

Manejo de aplicação do silício

O Si é um elemento que pode ser encontrado em diversas fontes, como metassilicatos de sódio e de potássio, ácido silícico e escórias básicas de siderurgia. O silício é um elemento pouco móvel no interior da planta, portanto, a aplicação via foliar com poucas quantidades já supre a necessidade do elemento, trazendo efeitos benéficos para a cultura.

Para aplicar maiores quantidades e ter efeitos prolongados, a melhor alternativa é a aplicação via solo. A quantidade e forma de aplicação vai depender do objetivo e da necessidade da cultura, aliado à função, que pode variar a depender do controle de pragas, insetos, redução da transpiração e aumento de produtividade.

A aplicação foliar vai ser aplicada via o uso de calda ou fertirrigação, de acordo com as recomendações fornecidas por um profissional, e aplicação via solo também vai ser fornecido a quantidade recomendada de acordo com a necessidade.

Para a suplementação mineral com o Si recomenda-se que se observe a forma sólida na forma de silicatos em pó, é preferível que haja a sua incorporação em área total. Outra maneira para possível aplicação são os silicatos granulados, podendo ser combinados com outros fertilizantes na linha de plantio, com doses de entre 0,6 a 1,0 t ha-1.

No entanto, para que a aplicação de silício seja otimizada, o produtor deve-se atentar às condições do solo, tais como: umidade adequada e capacidade de campo, variando em torno de 60%, ou seja, o solo com boa umidade, mas não encharcado.

Resultados práticos a campo

O emprego do Si a campo já vem trazendo resultados benéficos para a produtividade das mais diversas culturas de interesse agronômico, uma vez que fornece uma nutrição mais equilibrada e fisiologicamente mais eficiente.

Pesquisas demonstram que este nutriente tem como função principal a proteção mecânica, na qual é atribuída a deposição deste na parede celular das plantas. Um importante exemplo do sucesso de Si é sobre o controle de doenças, minimizando a queda de produção ao longo do ciclo da bata-salsa.

Embora amplamente benéfico, algumas considerações acerca do incremento da produtividade devem ser feitas, uma vez que este nutriente mantém o índice produtivo da cultura somente quando bem manejado. Portanto, a sua utilização a campo pode trazer resultados significativos quanto à maior resistência a patógenos, diminuindo o impacto ambiental, custos de produção e a quantidade de resíduos de agrotóxicos no produto comercializado.

Erros frequentes

Os principais equívocos ocorrem na escolha do produto, uma vez que o agricultor não presta a devida atenção nas características químicas e físicas do formulado silicatado. Assim, deve-se analisar as principais fontes de silício que podem ser aplicadas na agricultura, e a sua disponibilidade no mercado, como as escórias siderúrgicas e silicatos, que possuem granulometria fina e fornecem maiores quantidades de silício.

As características consideradas ideais para o uso de fontes de silício na agricultura são: alta concentração de silício solúvel, facilidade para a aplicação, pronta disponibilidade para as plantas, boa relação e quantidades de cálcio e magnésio, baixa concentração de metais pesados e reduzido custo. Outro fator primordial refere-se à época e condições ambientais relacionadas ao clima para a aplicação do Si.

Quanto à realização da aplicação, o ideal é que seja realizada nos canteiros pelo menos 30 dias antes do plantio na forma de silicatos. As condições ideais para aplicação na forma de calda contendo o Si é ausência de vento, baixas temperaturas, aconselhando aplicação no começo ou final do dia, sendo nas horas mais amenas por uma menor perda de calda por evaporação ou deriva do produto.

O correto é sempre procurar orientações de um engenheiro agrônomo em caso de eventuais dúvidas, não aplicando quaisquer fontes de Si sem o conhecimento técnico exigido para tal operação.

Custos

O Si é um mineral potencializador das características produtivas e defensivas da planta, as quais são expressas de maneira diferente, dependendo da região cultivada. Deste modo, as condições locais de ambiente é um fator essencial para calcular a lucratividade do uso do Si no cultivo da batata-salsa.

Em locais com alta probabilidade de estresses à planta, como incidência de patógenos e/ou falta de água, este elemento é uma ótima alternativa para agregar valor ao produto em qualidade e produtividade. Assim, há a possibilidade de redução dos custos para o produtor, fazendo com que o mesmo diminua o investimento em produtos químicos, que antes utilizava para driblar o mal da agricultura, no caso de pragas e o resultado que elas causam.

Deve-se considerar, ainda, a questão de logística, oferta, demanda e aplicação correta dos produtos à base de Si. Portanto, quando disponível a um preço acessível ao produtor, o Si é um mineral que agrega a lucratividade do cultivo e é recomendável seu uso, desde que de maneira consciente.

O Si reduz os custos de produção da batata-salsa, uma vez que as plantas ficam mais tolerantes ao ataque de insetos e agentes fitopatogênicos, de modo que diminui a quantidade e o número de aplicações de fungicidas, inseticidas e nematicidas na cultura.

Além disso, preserva os inimigos naturais, evita o acamamento para algumas outras culturas, aumenta a eficiência agronômica dos adubos (principalmente dos fosfatados, pois o silício disponibiliza mais fósforo para a planta), além disso, plantas que estão em ambientes salinos ou com déficit hídrico, aproveitarão melhor a água na presença do silício. Então, o produtor reduzirá seu custo, economizando o investimento em agroquímicos e demais insumos.

Para exemplificar, o custo estimado para o agricultor de um produto base de Si e K2O na aplicação via foliar, por irrigação, em média, é de R$ 320,00 por recipiente de 5,0 L. De acordo com o fabricante, recomenda-se realizar duas aplicações de 2,5 L/ha.

Ponto importante do silício

O silício está registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) como um produto natural para a nutrição, de forma que pode ser utilizado para o controle de pragas e doenças na agricultura orgânica. Possui ação de um fungicida protetor de aplicação nas folhas ou via solo para plantas pulverizado em folhas junto com outros produtos fitossanitários (Agrifertil, 2020).

Diversos trabalhos demonstram que o Si reduz a multiplicação de nematoides em hortaliças. Vale salientar que os nematoides de galhas são importantes agentes causadores de prejuízos em áreas de cultivo de batata-salsa.

– APLICAÇÃO VIA SOLO – A quantidade recomendada de acordo com a necessidade.

– APLICAÇÃO FOLIAR – A aplicação foliar vai ser aplicada via o uso de calda ou fertirrigação

– FORMAS DO PRODUTO: Silicatos em pó e granulados

DOSAGEM: 0,6 a 1,0 t ha-1.

– UMIDADE:  Solo com umidade adequada e capacidade de campo, variando em torno de 60%, ou seja, o solo com boa umidade, mas não encharcado.

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