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Biocontrole do míldio da cebola pela microbiolização de mudas

 

Leandro Luiz Marcuzzo

marcuzzo@ifc-riodosul.edu.br

Brendon Máximo Clei dos Santos

Fitopatologistas – Instituto Federal Catarinense – IFC / Campus Rio do Sul

 

Crédito Ana Maria Diniz
Crédito Ana Maria Diniz

A cebola é considerada a terceira olerácea de importância econômica para o Brasil, e em Santa Catarina destaca-se como a principal hortaliça cultivada, concentrando-se na região do Alto Vale do Itajaí.

A microbiolização consiste na utilização de microrganismos ou de seus metabólitos na semente ou no sistema radicular, e esses podem promover o desenvolvimento de plantas pelo estabelecimento de relações benéficas em seu sistema radicular e atuar como promotores de crescimento e/ou biocontroladores de doenças (Luz, Revisão Anual de Patologia de Plantas, v.4, p.1-49. 1996).

O míldio, incitado por Peronospora, é uma importante doença na cultura da cebola e está amplamente disseminada em regiões de clima temperado, onde são frequentes os períodos de temperaturas amenas, alta umidade e baixa luminosidade.

Os primeiros sintomas podem ser observados em qualquer estádio de desenvolvimento da cultura, tanto em folhas como em hastes florais aparentemente sadias, pela formação de eflorescência acinzentada constituída por esporângios e esporangióforos do patógeno.

Com a evolução da doença ocorre descoloração do tecido afetado, o qual adquire tonalidades de verde mais clara do que as regiões sadias das folhas. Ao aumentarem de tamanho, as manchas se alongam no sentido das nervuras e, em seguida, tornam-se necróticas.

A resistência genética é o método preferencial de controle, no entanto, em experimentos realizados por Carré-Missio et al. (Resistência de genótipos de cebola à míldio (Peronosporadestructor), Tropicalplantpathology, v.36, suplemento, 2011) não constataram resistência à doença entre os principais genótipos utilizados no Sul do Brasil.

Diante deste aspecto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da microbiolização em mudas de cebola com diferentes microrganismos em relação à produtividade e ao biocontrole do míldio.

 

Pesquisa

O experimento em delineamento em blocos ao acaso com quatro repetições foi conduzido no Instituto Federal Catarinense ” IFC/Campus Rio do Sul (região do Alto Vale do Itajaí, SC) em 2015 (transplantio em 04 de julho e colheita em 14 de novembro) utilizando-se mudas com 45 dias de idade da cultivar EMPASC 352-Bola Precoce.

O solo da área experimental é um CambissoloHáplico, com os seguintes atributos químicos: pH em água de 6,2; teores de Ca+2, Mg+2, Al+3 e CTC de 4,2; 2,2; 0,8 e 12,6 cmolc.dm-3, respectivamente; saturação por bases de 51,3%, teor de argila de 240 g.kg-1 e teores de P e K de 2,5 e 30 mg.dm-3, respectivamente.

Cada repetição foi constituída de canteiros de 1,65×2,00m com cinco linhas espaçadas em 33,3cm entre linha e 10 cm entre plantas, correspondente a uma população de 300.000 plantas por hectare.

As raízes das mudas ficaram submersas e foram microbiolizadas por uma hora em suspensão com NaCl 0,85% de 2×106 esporos/ml de Thichodermaharzianum; suspensão em NaCl 0,85% de 108 de Pantoeaagglomerans; suspensão a 1% de formulado comercial a base de T. harzianum, T. viride, T.sp., Clonostachysrosea, Bacillussubtilis, Paenibacilluslentimorbus (MIX 1); suspensão a 2% do formulado anterior (MIX 2); 1% de formulado comercial à base de Thichodermaharzianum (FCTh) e testemunha imersa em solução salina (NaCl 0,85%).

Ao redor da área experimental foi transplantada a cada um metro linear uma muda apresentando os sinais de P. destructor proveniente da Epagri/Estação experimental de Ituporanga para que as plantas do experimentos tivessem infecção natural.

Míldio em cebola - Crédito Luciano Brito
Míldio em cebola – Crédito Luciano Brito

Detalhes

Os dados de severidade foram integralizados e calculados pela área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) pela fórmula: AACPD = ∑ [(y1+y2)/2]*(t2-t1), onde y1 e y2 referem-se a duas avaliações sucessivas da intensidade da doença realizadas nos tempos t1 e t2, respectivamente.

A porcentagem de severidade final foi utilizada na avaliação da eficácia do biocontrole da doença. Aos 160 dias após o transplantio, quando 70% das plantas se apresentavam estaladas, foi realizada a colheita nas plantas avaliadas para a doença, as quais foram pesadas em balança digital semi-analítica com duas casas decimais e convertidas para produtividade comercial total em kg.ha-1.

As médias obtidas da AACPD, severidade final (%) e da produtividade (kg.ha-1) foram submetidas à análise de variância pelo teste F e se significativas comparadas por Tukey 5%.

Nenhum dos tratamentos com os agentes microbianos foi eficiente quanto ao incremento da produtividade e no biocontrole do míldio da cebola. Isso é confirmado pelo menor valor da AACPD e severidade final que a testemunha apresentou estatisticamente em relação aos demais tratamentos (Tabela 1).

 

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro 2018  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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