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segunda-feira, maio 6, 2024
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Bioestimulantes: menos estresses e mais produtividade

Fotos: Shutterstock

Gabriela Araújo Martins
gabriela.martins@estudante.ifgoiano.edu.br  
Ana Paula Gonçalves Ferreira
ana.goncalves@estudante.ifgoiano.edu.br
Engenheiras agrônomas e mestrandas em olericultura – IF Goiano – Campus Morrinhos
Rodrigo Vieira da Silva
Engenheiro agrônomo, doutor em Fitopatologia e professor – IF Goiano
rodrigo.silva@ifgoino.edu.br

Os bioestimulantes são produtos à base de reguladores vegetais e/ou microrganismos benéficos que estimulam o desenvolvimento das plantas. Estas substâncias propiciam diversos benefícios para os vegetais, podendo ser aplicadas via semente, superfície foliar e solo.

De uma maneira geral, auxiliam na absorção e eficiência dos nutrientes, no equilíbrio hormonal das plantas, o desenvolvimento do sistema radicular e, consequentemente, da parte aérea da planta.

Além disso, grande parte desses bioestimulantes são capazes de aumentar a absorção de água e nutrientes pelas plantas, resistência aos estresses hídricos e aos efeitos residuais de herbicidas no solo.

Mediante a utilização dos bioestimulantes, os produtores rurais buscam obter maiores produtividade e melhoria na qualidade das sementes e frutos, uma vez que favorecem uma melhor expressão genética das plantas.

Bioestimulantes x produtividade

Diversos trabalhos de pesquisa demonstram que as plantas onde os bioestimulantes são empregados apresentam significativos incrementos no sistema radicular, no desenvolvimento vegetativo e na produtividade.

O principal objetivo do uso dos bioestimulantes é elevar o potencial produtivo das culturas agrícolas. Além disso, seu emprego reduz o estresse das plantas às condições climáticas adversas, ativando também o sistema de defesa das plantas e melhorando a fisiologia de absorção de água e nutrientes.

Vale salientar que a aplicação dos bioestimulantes no tratamento de sementes e nas fases iniciais de desenvolvimento das plantas estimula o crescimento radicular, o que possibilita uma rápida recuperação das plantas jovens em condições desfavoráveis, como o déficit hídrico.

Além disso, essas substâncias contribuem para uma maior diversidade de microrganismos benéficos no solo.

Portanto, os agricultores, ao utilizarem os bioestimulantes, podem adaptar o seu sistema de cultivo às alterações climáticas adversas, ao mesmo tempo que podem aumentar a produção de alimentos e contribuir para uma agricultura inteligente e sustentável.

Culturas beneficiadas

Fotos: Shutterstock

Praticamente todas as culturas podem ser beneficiadas pelo uso de bioestimulantes, com destaque para a soja, milho, feijão, café, cana-de-açúcar, sorgo, tomate, melancia, uva, maracujá e citros. Em seguida, são descritos exemplos de sucesso de aplicação desse produto em diferentes culturas.

Em feijoeiro, alguns pesquisadores relatam que a utilização dos bioestimulantes favoreceu algumas características ligadas à produtividade da planta, a exemplo do peso de 100 sementes, e incrementos de produtividade de aproximadamente 22%.

Na cultura do algodão, a sua utilização promoveu um aumento do percentual de emergência das plântulas, além de maior velocidade do crescimento radicular, proporcionando plantas mais vigorosas e produtivas.

Na cultura da soja, os bioestimulantes influenciaram positivamente na germinação e biomassa da matéria seca das sementes, uma vez que promovem o crescimento das plantas em altura.

Em café, quando aplicados os bioestimulantes por mais de um ano consecutivo, houve um aumento na produtividade da lavoura de aproximadamente 70%, além de causar efeitos positivos no controle de pragas e de ferrugem alaranjada do cafeeiro.

A aplicação de bioestimulantes na cultura do sorgo, com auxina em sua composição, promoveu melhor crescimento e desenvolvimento da cultura, com incrementos de até 60% no rendimento do sorgo de inverno. Na cultura do milho cultivado na safra verão, a aplicação de bioestimulantes proporcionou aumentos de produtividade de até 25%.

Na cultura da cana-de-açúcar a aplicação pode ocorrer durante ou após o plantio, para que haja melhor desenvolvimento do sistema radicular, aproveitamento de nutrientes e garantia de maior uniformidade e estande de plantas.

Manejo

Fotos: Shutterstock

Os bioestimulantes podem ser aplicados via tratamento de sementes, em sulcos de plantio, de forma localizada no colo das plantas ou por meio de pulverizações foliares. Vale mencionar que há, no mercado, diversos tipos de bioestimulantes com concentrações e formulações diferentes.

A exemplo, produtos que contêm os hormônios vegetais auxinas, citocininas, giberelinas e etileno. As auxinas atuam, principalmente, na regulação do crescimento e promoção do enraizamento dos primórdios radiculares.

Já as giberelinas apresentam, como uma de suas principais funções, a estimulação da divisão e alongamento celular. As citocininas possuem a capacidade de promover divisão celular, participando no processo de diferenciação celular e alongamento, principalmente quando interagem com as auxinas.

Por outro lado, o etileno tem como principal funcionalidade a regulação do processo de amadurecimento de frutos e senescência. As giberelinas atuam ativamente na germinação das sementes por induzirem a síntese de enzimas que promovem a quebra e a mobilização de substâncias de reserva no endosperma das sementes.

Máximo aproveitamento

Para que os seus benefícios sejam realmente aproveitados pelas plantas, faz-se necessário entender cada sistema de cultivo, de modo a conhecer bem as exigências de cada cultivar.

Portanto, a dose do bioestimulante, a fase de desenvolvimento da cultura e a qualidade da aplicação influenciam diretamente nos resultados esperados pela aplicação de um bioestimulante.

Considerando que as aplicações de agroquímicos implicam em elevação de custo aos produtores, para aproveitar uma aplicação de outros produtos e incluir o bioestimulante deve-se verificar a possibilidade de incompatibilidade entre as substâncias.

Resultados práticos a campo

No Brasil, especialmente a partir dos anos 2000, os bioestimulantes passaram a ser utilizados em muitas culturas, com destaque para hortaliças, soja, milho, feijão, cana-de-açúcar e frutíferas.

Em estudo realizado na Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Botucatu (SP), foi demonstrado que a aplicação de bioestimulantes em sementes de maracujá aumentou o percentual de germinação, emergência de plântulas e resultou em mudas de melhor qualidade.

Em trabalhos realizados por pesquisadores da Universidade Federal do Tocantins utilizando três bioestimulantes em plantas de milho, verificou-se que houve aumento nas características da planta: diâmetro de caule, altura da planta e massa seca de caule, raízes e folhas.

A aplicação via foliar de bioestimulantes na cultura da soja também foi responsável por aumentar o número de vagens e a produtividade de grãos. Estudos também comprovam que no tomate a aplicação via foliar promoveu o aumento de números de frutos em 21% e pencas em 40%.

Eficácia

Diante de diversos resultados de pesquisas, foi possível verificar que as aplicações de bioestimulantes, via semente e foliar, proporcionaram resultados satisfatórios para diferentes culturas.

A aplicação via solo também proporciona benefícios, dentre eles melhorias na estrutura do solo na eficiência do uso dos fertilizantes. Em pesquisa realizada na Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR, a aplicação do bioestimulante via solo proporcionou aumento na produtividade de grãos da cultura da soja, elevando em 8% o rendimento de grãos, quando comparado com o tratamento controle, sem a adição do bioestimulante.

Erros mais frequentes e formas de evitar

Os bioestimulantes trazem muitos benefícios ao crescimento vegetal, porém, alguns erros podem influenciar na sua eficiência, causando impactos negativos para a cultura. Dentre os erros mais comuns estão as doses aplicadas erroneamente e de forma imprópria, sem o acompanhamento de um técnico especialista.

Além disso, as condições ambientais não favoráveis, forma de aplicação utilizada e momento certo de aplicação são erros comuns.

Para evitar esses erros, faz-se necessário ficar atento à dose ideal do produto, seguindo a recomendação da bula, além de ter um profissional capacitado para repassar as orientações corretas sobre o produto, manejo e forma de aplicação.

Outro ponto essencial é se atentar ao momento correto de aplicação do bioestimulante, não realizando de forma tardia, ou seja, quando a planta já ficou exposta por ataques de condições adversas, não recuperando sua máxima produtividade.

Custo-benefício dos bioestimulantes

Fotos: Shutterstock

Em relação ao custo-benefício, os bioestimulantes são considerados uma tecnologia simples, eficiente e de baixo custo. Estes produtos são capazes de aumentar a produtividade, diminuindo os custos e, consequentemente, aumentar os lucros do produtor, em especial pelo fato de tornar a planta mais tolerante a condições adversas e ao ataque de pragas e doenças.

Assim, ocorre uma redução na aplicação de agrotóxicos, proporcionando uma redução no custo de produção.

Para minimizar o custo de aplicação, o produtor pode realizar a adição do bioestimulante junto com operações já planejadas, a exemplo, na aplicação via sementes os bioestimulantes podem ser aplicados no momento da inoculação.

Em aplicação via foliar, pode vir juntamente com as pulverizações de manejo de pragas e doenças, desde que seja compatível com os demais defensivos.

Novas tecnologias

Na agricultura atual do terceiro milênio, em razão da crescente demanda pelo alimento, quantidade e qualidade, novas tecnologias estão sendo pesquisadas e empregadas em sistemas produtivos.

O principal objetivo é melhorar o desenvolvimento agronômico e a produtividade das culturas, além de minimizar custos e os impactos ambientais. Neste contexto, a utilização dos bioestimulantes se apresenta como uma excelente alternativa para o manejo das plantas com finalidade agrícola.

Os bioestimulantes representam uma tecnologia considerada recente. Deste modo, faz-se necessário estudos mais detalhados sobre os seus modos de ação nas culturas de interesse agrícola. Assim, os produtores rurais terão disponíveis mais informações sobre a ação dos bioestimulantes, auxiliando na tomada de decisão a respeito da utilização destas substâncias no manejo das culturas.

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