Fabio Olivieri de Nobile
Doutor e professor de Fertilidade do Solo – Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (UNIFEB)
fabio.nobile@unifeb.edu.br
Letícia Ane Sizuki Nociti Dezem
Doutora e professora de Produção Vegetal – Faculdade São Luís de Jaboticabal
agronomia@saoluis.br
O uso crescente de biofertilizantes nos últimos anos é uma tendência observada não apenas no Brasil, mas também em muitos países ao redor do mundo. Existem vários fatores que impulsionaram essa tendência e contribuíram para o aumento da utilização de biofertilizantes na agricultura.
Uma das principais razões é a crescente preocupação com a sustentabilidade e a proteção ambiental. Os biofertilizantes são vistos como uma alternativa mais sustentável aos fertilizantes químicos convencionais, pois são obtidos a partir de fontes naturais, como esterco animal, resíduos vegetais e microrganismos benéficos.
Ao contrário dos fertilizantes químicos, os biofertilizantes têm menor impacto negativo no meio ambiente, pois não causam a contaminação do solo, água e ar com quantidades excessivas de elementos químicos.
Além disso, o uso de biofertilizantes contribui para a melhoria da qualidade do solo. Eles promovem o aumento da matéria orgânica, a ativação da microbiota benéfica do solo e o equilíbrio dos nutrientes disponíveis.
Essas ações auxiliam no desenvolvimento das plantas, melhorando sua resistência a pragas e doenças, e resultando em maior produtividade das culturas.
Práticas sustentáveis
Outro fator que impulsionou o crescimento do uso de biofertilizantes é a regulamentação governamental e as políticas agrícolas voltadas para a agricultura sustentável.
Muitos países têm implementado incentivos e subsídios para os agricultores adotarem práticas agrícolas mais sustentáveis, incluindo o uso de biofertilizantes. Essas políticas têm como objetivo reduzir a dependência dos agricultores em relação aos fertilizantes químicos e promover o manejo adequado dos recursos naturais.
Lista de benefícios
Os principais motivos que têm contribuído para o crescimento da utilização de biofertilizantes na agricultura brasileira podem variar, mas alguns fatores são:
1. Sustentabilidade e preocupações ambientais: são considerados uma alternativa mais sustentável em comparação aos fertilizantes químicos convencionais. Eles são produzidos a partir de fontes naturais, como resíduos orgânicos, e apresentam menor impacto ambiental, reduzindo a contaminação do solo, água e ar.
2. Melhoria da qualidade do solo: contribuem para a melhoria da estrutura do solo, aumentando a capacidade de retenção de nutrientes e melhorando sua fertilidade a longo prazo. Isso pode resultar em melhores rendimentos das culturas e menores custos de produção.
3. Menor dependência de fertilizantes químicos: o uso excessivo de fertilizantes químicos pode levar à degradação do solo e à contaminação do meio ambiente. Os biofertilizantes oferecem uma alternativa mais equilibrada, reduzindo a dependência dos agricultores em relação aos fertilizantes químicos e, consequentemente, diminuindo os riscos associados ao seu uso em excesso.
4. Regulamentações governamentais: políticas governamentais e regulamentações ambientais incentivam o uso de técnicas agrícolas mais sustentáveis, como os biofertilizantes. Isso pode incluir incentivos fiscais, subsídios ou programas de apoio à adoção dessas práticas pelos agricultores.
5. Melhoria na qualidade dos produtos agrícolas: a utilização de biofertilizantes pode contribuir para a produção de alimentos mais saudáveis e com menor teor de resíduos químicos. Isso atende à demanda crescente dos consumidores por produtos agrícolas mais naturais e livre de agroquímicos.
6. Diversificação de culturas: os biofertilizantes podem ser especialmente úteis na agricultura diversificada, onde diferentes culturas são cultivadas em rotação. Eles ajudam a manter a fertilidade do solo, fornecendo nutrientes de maneira equilibrada, o que é essencial para o sucesso desse tipo de sistema agrícola.
FBN
Alguns exemplos práticos de como os biofertilizantes podem aumentar a produtividade nas culturas agrícolas podem estar relacionados à fixação biológica de nitrogênio. Isso porque certas bactérias, como as do gênero Rhizobium, são capazes de fixar nitrogênio atmosférico e convertê-lo em uma forma utilizável pelas plantas.
Essas bactérias podem ser inoculadas nas sementes ou nas raízes das plantas leguminosas, como feijão, ervilha e soja, por meio do uso de biofertilizantes. Isso reduz a necessidade de fertilizantes nitrogenados sintéticos, que têm um grande impacto ambiental na sua produção e uso.
A presença de microrganismos solubilizadores de fosfato, presentes em biofertilizantes, tem a capacidade de solubilizar fosfatos insolúveis no solo, tornando-os disponíveis para as plantas, o que é especialmente importante em solos com deficiência de fósforo, um dos principais nutrientes necessários para o crescimento das plantas.
Ao usar biofertilizantes contendo esses microrganismos, os agricultores podem reduzir a necessidade de adubos fosfatados convencionais.
Matéria orgânica
Muitos biofertilizantes são compostos por microrganismos decompositores, como bactérias e fungos, que ajudam na decomposição da matéria orgânica no solo. Isso resulta na formação de húmus, que melhora a estrutura do solo e sua capacidade de retenção de água e nutrientes.
O aumento da matéria orgânica do solo por meio do uso de biofertilizantes contribui para a saúde do solo, aumentando sua fertilidade e, consequentemente, a produtividade das culturas.
Também temos exemplos práticos no controle biológico de patógenos e pragas. Alguns biofertilizantes contêm microrganismos antagonistas, como bactérias e fungos benéficos, que ajudam no controle de patógenos do solo e pragas de plantas.
Esses microrganismos competem com os patógenos e pragas por nutrientes e espaço, diminuindo sua população e, assim, reduzindo a necessidade de pesticidas químicos. Isso não apenas aumenta a sustentabilidade das práticas agrícolas, mas também contribui para a produção de alimentos mais seguros e saudáveis.
Integração de manejos
Os resultados podem variar, dependendo do contexto específico e das condições agrícolas, mas podem chegar a ganhos de até 6% na produtividade.
Para integrar efetivamente os biofertilizantes em seus sistemas de manejo e obter os benefícios mencionados, os agricultores podem seguir algumas práticas e estratégias:
1. Conheça a composição dos biofertilizantes: é importante entender a composição e os ingredientes ativos dos biofertilizantes disponíveis no mercado. Cada produto pode ter diferentes microrganismos benéficos e nutrientes, e é essencial escolher aqueles que são adequados para as necessidades específicas das culturas agrícolas.
2. Faça testes no solo: antes de aplicar os biofertilizantes em larga escala, é recomendado realizar testes de solo para avaliar as condições e nutrientes presentes. Isso ajudará a determinar a quantidade e o tipo de biofertilizante a ser utilizado, de acordo com as necessidades nutricionais da cultura em questão.
3. Adapte a aplicação ao estágio de crescimento: os biofertilizantes podem ser aplicados em diferentes etapas de crescimento da cultura agrícola. Por exemplo, na cultura da soja, a inoculação com bactérias fixadoras de nitrogênio pode ser realizada no momento do plantio ou na fase de desenvolvimento inicial das plantas. É essencial seguir as recomendações específicas para cada cultura e biofertilizante.
4. Siga as boas práticas agrícolas: isso inclui técnicas de aplicação adequadas, como a mistura adequada do biofertilizante com água ou outros adjuvantes, a aplicação uniforme no campo e a consideração das condições climáticas e estágio de crescimento adequados para a aplicação.
5. Monitore e avalie os resultados: é importante monitorar o desempenho das culturas após a aplicação dos biofertilizantes. Os agricultores devem observar o desenvolvimento das plantas, a adaptação aos nutrientes fornecidos pelos biofertilizantes, possíveis melhorias na produtividade e a saúde do solo. Essa avaliação contínua permitirá ajustes nas práticas de manejo, se necessário.
Além disso, é recomendado buscar orientação de especialistas ou consultores agrícolas, participar de treinamentos e capacitações sobre o uso de biofertilizantes e trocar experiências com outros agricultores que já tenham experimentado essas práticas.
A integração efetiva dos biofertilizantes requer um planejamento cuidadoso e uma abordagem adaptada às condições específicas de cada propriedade agrícola.
E a dose?
A dosagem de biofertilizantes para a cultura da soja pode variar de acordo com diversos fatores, como o tipo de biofertilizante utilizado, as características do solo, as condições climáticas, a variedade de soja e as práticas de manejo adotadas.
Geralmente, a dosagem de biofertilizantes é recomendada de acordo com a quantidade de nitrogênio e outros nutrientes necessários para o desenvolvimento saudável da cultura. Essa dosagem pode ser determinada por meio de análises de solo, que identificam as necessidades específicas da lavoura.
Custo-benefício
O uso de biofertilizantes na cultura da soja tem se mostrado uma prática promissora e sustentável para promover o crescimento e o desenvolvimento saudável das plantas, ao mesmo tempo em que reduz os impactos negativos ao meio ambiente.
Os biofertilizantes são produtos obtidos a partir de processos de fermentação de materiais orgânicos, como esterco animal, resíduos vegetais e microrganismos benéficos. Eles apresentam uma composição rica em nutrientes essenciais, como nitrogênio, fósforo, potássio e diversos micronutrientes, que são fundamentais para o desenvolvimento nutritivo da soja.
Ao contrário dos fertilizantes químicos convencionais, os biofertilizantes oferecem diversas vantagens. Além de fornecer nutrientes para as plantas, eles também melhoram a estrutura do solo, aumentam sua capacidade de retenção de água e nutrientes, promovem a atividade microbiana benéfica e estimulam o crescimento das raízes.
Esses benefícios resultam em um solo mais saudável e produtivo, contribuindo para maiores rendimentos da cultura.