Nilva Teresinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora e professora de Bioquímica, Nutrição de Plantas e Produção Orgânica – UniPinhal
nilva@unipinhal.edu.br
A importância econômica dos brócolis vem crescendo: é muito apreciado na culinária, tem excelentes propriedades nutricionais e alto valor nutricional. Sua inflorescência contém consideráveis quantidades de fibras; de vitaminas A (retinol), B1 (tiamina), de B2 (riboflavina) e de minerais como cobre, magnésio, manganês, zinco, potássio, sódio, cálcio, ferro e fósforo.
Conta ainda com quantidades expressivas de glucosinolatos, que apresentam propriedades anticancerígenas. Assim, é um alimento saudável e auxiliar na preservação da saúde.
Aspectos produtivos
No Brasil, a região sudeste é a maior produtora, destacando-se o estado de São Paulo. São vários os aspectos que influenciam a produção e a produtividade do brócolis, como a escolha da cultivar adequada ao local, preparo do solo, adubação, pragas, doenças e irrigação.
Nos tempos atuais, as mudanças climáticas, temperaturas extremas e a insolação também influenciam. A espécie tem melhor desenvolvimento e produtividade nas épocas de temperatura amena.
Para a maioria das variedades, as temperaturas máximas e mínimas ótimas estão entre 20 e 24°C, e entre 15 e 18°C, antes e depois da emergência da inflorescência central. Porém, há cultivares que se adaptam a temperaturas mais altas, quando distúrbios fisiológicos aumentam e há queda da produtividade e qualidade dos floretes.
Obstáculos e soluções
A ocorrência, no ciclo de cultivo, de temperaturas inadequadas, altas ou baixas, está entre os principais problemas para o brócolis.
Entre as ferramentas disponíveis para solucionar o problema citado e também para aumentar a produtividade e a qualidade do produto estão os bioestimulantes, entre eles os derivados de algas marinhas e de ácidos húmicos e fúlvicos, que podem ser aplicados na produção de mudas e no cultivo propriamente dito.
As algas marinhas são seres de composição extremamente rica. Então, nos seus extratos há aminoácidos, proteínas, polissacarídeos e como alginato, hormônios análogos aos dos vegetais.
Recomendações
Seu emprego via solo pode melhorar a retenção de água no perfil e, assim, a disponibilidade dela para as plantas e a resistência ao estresse hídrico. Estimula a divisão celular, promovendo raízes mais vigorosas, que exploram mais adequadamente o solo e, assim, melhora a utilização da água e de nutrientes pelas plantas.
O emprego durante o ciclo, via solo ou foliar, vai beneficiar os níveis de clorofila, a taxa fotossintética e a atividade respiratória, o que pode condicionar ganhos de produtividade, pois tais processos são os geradores da energia que é canalizada para as diversas sequências metabólicas responsáveis pela formação da produção vegetal.
Os aminoácidos presentes nas algas contribuem para que o metabolismo nitrogenado seja menos dispendioso energeticamente: para que o nitrogênio mineral dos fertilizantes se transforme em proteínas vegetais se emprega energia gerada pela planta, na forma de Adenosina Trifosfato (ATP), quantidades que diminuem significativamente quando a planta absorve os aminoácidos.
Como eles agem
Os ácidos húmicos e fúlvicos, que são derivados da decomposição microbiana de fragmentos orgânicos, são materiais que agem positivamente sobre as propriedades biológicas, químicas e físicas dos solos.
Estimulam a atividade microbiológica, melhoram a capacidade de troca catiônica, a disponibilidade de nutrientes, a estrutura e a capacidade de retenção de água dos solos e, ainda, a produção de substâncias que estimulam a divisão celular, favorecendo o enraizamento.
Beneficiam o desenvolvimento vegetativo, estimulando a taxa fotossintética e respiratória. A inclusão dos ácidos húmicos e fúlvicos no cultivo, devido às suas propriedades de melhorar a estruturação do solo, de indução de desenvolvimento da biota do solo, de estímulo às atividades metabólicas das plantas, tais quais síntese de clorofila e estímulo das enzimas respiratórias, promovem melhor produtividade e plantas mais resistentes ao estresse biótico e abiótico.
Assim, tanto os bioestimulantes compostos por algas marinhas quanto por ácidos húmicos e fúlvicos podem beneficiar o desenvolvimento e a produtividade dos brócolis.
Pesquisas
Informações na literatura indicam que insumos derivados de algas marinhas podem ser empregados já na formação de mudas, por meio de tratamento de sementes, quando o uso de extratos da alga parda Ascophylum nodosun ou de alga calcária (Lithothamnium calcareum) propiciam aumentos de taxas de germinação e plântulas mais enraizadas e melhor desenvolvidas.
No início da formação dos pellets e aplicação, citações informam que o emprego de bioestimulantes à base de glicina-betaína mais prolina e formulados com algas permite o enfrentamento de situações extremas de temperatura, seca ou salinidade e protege as plantas de estresses hídrico e térmico.
O uso no ciclo de cultivo tem proporcionado bons resultados em desenvolvimento e produtividade. A aplicação de formulados comerciais e à base de aminoácidos e de algas marinhas, em estudo realizado por Iqbal et al. (2022), trinta dias após plantio, beneficiou significativamente a altura da planta, peso verde e seco, área foliar e rendimento.
Propiciaram, também, o aumento dos teores de enzimas antioxidantes, ou seja, da superóxido dismutase, peroxidase e catalase, que protegem contra os efeitos deletérios de temperaturas extremas e de falta de água.
O uso de formulados compostos por ácidos húmicos e fúlvicos associados a aminoácidos aplicados por ocasião do plantio e ao longo do ciclo, via foliar ou drench, tem proporcionado bons resultados em produtividade, qualidade dos floretes e resistência aos raios solares e a temperaturas altas.
Os bioestimulantes
As mudanças climáticas estão propiciando períodos de temperaturas extremas, distribuição irregular de chuvas e alta incidência de raios solares, o que pode prejudicar a produtividade dos brócolis.
Uma das ferramentas que pode minimizar tais perdas são os bioestimulantes que, como já se referiu, promovem maior taxa respiratória e fotossintética, processos geradores de energia, o que torna as plantas mais resistentes a tais problemas.
Outro fator que auxilia a minimizar os prejuízos causados pelos problemas em questão é que os bioestimulantes em análise melhoram a disponibilidade no solo e os teores de água nos vegetais.
Como já se colocou, a incidência de pragas e doenças também influencia a produtividade. Os bioestimulantes, principalmente os naturais, como os derivados de algas marinhas e os compostos por ácidos húmicos e fúlvicos, estimulam a formação de fitoalexinas, que aumentam a resistência das plantas aos problemas fitossanitários.
Lista de benefícios
Todos os potenciais benefícios listados fazem com que o uso dos bioestimulantes\ base de algas marinhas e de ácidos húmicos e fúlvicos propiciem plantas de brócolis e de outras e espécies vegetais mais resistência às intempéries e às pragas e doenças e, assim, mais produtividade.
O uso de bioestimulantes naturais, como os formulados com extratos de algas e de ácidos húmicos e fúlvicos, que proporcionam maior disponibilidade de nutrientes para as plantas e aproveitamento pelos vegetais, condicionam menor necessidade de uso de fertilizantes, plantas mais equilibradas e maior produtividade e qualidade dos produtos.
Já se destacou que um dos problemas no cultivo de brócolis é a ocorrência de temperaturas inadequadas durante o ciclo, quando a formação e a qualidade dos floretes são bastante prejudicadas e o emprego dos bioestimulantes compostos de algas marinhas e/ou ácidos húmicos e fúlvicos pode auxiliar no enfrentamento de tal problema.
São insumos que aumentam a disponibilidade de água e os teores dela nas plantas, melhoram o nível de energia no vegetal, tornando-a mais resistente ao frio e a altas temperaturas.
Aspecto importante
As indicações de aplicação dependem do produto e da forma de aplicação, podendo ser via solo, drench, irrigação por gravidade ou injetado no sistema – via semente – na formação de mudas – ou via foliar, podendo-se aplicar durante todo o ciclo: duas a três aplicações no desenvolvimento vegetativo e uma a duas durante o desenvolvimento dos floretes.
Para que se tenha êxito no uso, é importante considerar orientação técnica e se a ater a tais recomendações.
Lembre-se que os bioestimulantes não são fertilizantes e não os substituem. Mas, podem proporcionar melhor aproveitamento deles e, até mesmo, provocar redução das quantidades necessárias.