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Gabriel Anastácio
Graduando em Engenharia Agronômica ” ESALQ/USP
Grupo de Apoio à Pesquisa e Extensão – GAPE
A crescente demanda por altas produtividades no campo, seja por motivações rentáveis, seja pela preocupação em se desenvolver sistemas de produção cada vez mais eficazes, moldados de forma a maximizar o potencial produtivo da terra, minimizando, contudo, a demanda pela utilização de recursos não renováveis, apresenta inúmeros desafios a técnicos e pesquisadores do setor agrícola brasileiro e mundial.
A prática da agricultura de “alta performance” torna-se possível mediante a união de avanços tecnológicos vindos de diversas áreas, desde a seleção de variedades e cultivares mais resistentes e produtivos, até o aprimoramento de tratos culturais e manejo da fertilidade no campo.
Neste contexto, a correção do solo apresenta-se como ponto chave na obtenção de sistemas altamente produtivos, uma vez que o elevado intemperismo decorrido ao longo dos processos de formação dos solos das principais regiões agrícolas brasileiras gera condições desfavoráveis à agricultura, como baixos teores de nutrientes, alta capacidade de fixação de fosfatos e, principalmente, altos Ãndices de acidez.
Limitação à produtividade
A acidez do solo limita a produção agrícola, especialmente em decorrência da toxidez causada pelos íons Al+3 e Mn+2, assim como pela baixa saturação por bases. Malavolta (1980) demonstrou que, em solos com baixo pH, depara-se com considerável indisponibilidade dos elementos essenciais às plantas, além da indesejável solubilização do alumÃnio que, como já citado, possui efeito tóxico.
No solo, o alumÃnio na forma solúvel causa, dentre outros malefÃcios, lentidão no crescimento radicular, assim como engrossamento e ramificações anormais das raízes, gerando, portanto, uma redução na capacidade das plantas em explorar água e nutrientes.
Destaca-se, ainda, que o crescimento radicular sofre fortes limitações ocasionadas por baixos teores disponíveis de cálcio. A deficiência deste nutriente gera notórios prejuízos ao desenvolvimento das plantas, em especial das raízes, causando, por exemplo, inibição do crescimento radicular, má formação dos pelos absorventes, restrição à nodulação, deformação de bulbos e tubérculos e morte do ápice.
Neste contexto, a calagem apresenta-se como prática indispensável à agricultura de alto rendimento, uma vez que proporciona correção da acidez do solo, fornecimento de cálcio e magnésio e inúmeros outros benefícios, como aumento da disponibilidade de nutrientes, redução da absorção de alumÃnio, ferro e manganês e aumento da atividade de microrganismos.
O calcário
O insumo empregado na prática da calagem é o calcário agrícola, composto essencialmente por carbonatos de cálcio e magnésio, aplicado tipicamente a lanço em área total, variando de acordo com o manejo.
De forma geral, recomenda-se a aplicação do insumo em pré-plantio, com antecedência de dois a três meses, de modo que o mesmo possa reagir de maneira adequada. A reação do produto se dá de forma lenta, e depende da capacidade de retenção de água e aeração do solo, além da reatividade do produto, marcada especialmente por área superficial específica das partículas.
A reação química entre carbonato de cálcio e água ocasiona a liberação de hidroxilas no meio, neutralizando a acidez do solo.
Quanto aplicar?
A determinação da dose de calcário a ser aplicada em uma área de cultivo pode ser obtida por inúmeros critérios, mas define-se basicamente pelas exigências nutritivas da cultura implantada e análise química do solo.
Exemplos de metodologias destinadas à determinação da demanda de calagem são: correlação positiva existente entre pH e a porcentagem de saturação por bases do solo (V%) e fornecimento adequado de cálcio e magnésio, de acordo com as demandas nutricionais da cultura.
Tomando como referência a lavoura de milho, pode-se definir a quantidade de calcário a ser aplicada por meio de ambas metodologias citadas, seja baseado no cálculo da elevação da saturação por bases a 70%, ou nas quantidades de cálcio e magnésio que devem ser aplicadas para que os teores no solo atinjam os níveis recomendados por alguma literatura específica, a exemplo do Boletim 100 – IAC.
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