Caraguatá: fruta atrai pelos benefícios medicinais

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Luiz Eduardo Santos Lazzarini
Doutor e pós-doutor – Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer)
luizlazzarini@outlook.com
Ivonete Berto Menino
Doutora e pesquisadora – Empaer
ibm_menino@hotmail.com
Douglas Manoel Silva Costa
Jenipher Stephanie Pereira das Neves 
Graduandos em Biotecnologia – Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Foto: Shutterstock

A Bromelia antiacantha Bertol, popularmente conhecida como caraguatá ou bananinha do mato devido à aparência de seus frutos (bagas amarelas), é uma espécie nativa do Brasil e ocorre da Bahia ao Rio Grande do Sul, na mata atlântica e no bioma Pampa, pertencente à família das Bromeliaceae.

É uma espécie perene monocárpica (duradoura e com floração e frutificação somente uma única vez), ereta, desprovida de caule e com estolho. Possui as folhas rígidas e resistentes, apresentando-se em rosetas basais, de forma linear, caniculadas, com margens providas de espinhos na forma de ganchos, podendo chegar a 1,90 m, com bainha medindo entre 7,0 e 8,0 cm e lâmina linear triangular medindo de 2,0 a 4,0 cm de largura.

A lâmina foliar é rijamente ereta, canaliculada, coberta de escamas esbranquiçadas e com margens espinhosas. A inflorescência emerge do ápice do caule, possuem flores perfeitas e sua reprodução pode ser feita tanto de forma sexuada como de forma assexuada.

As flores originam centenas de bagas verdes quando imaturas e amarelas a alaranjadas, quando maduras, medindo de 3,5 a 6,5 cm de comprimento por 3,2 a 5 cm de largura. Como ocorre na maioria das bromeliáceas, o término do período reprodutivo aparentemente coincide com o final do seu ciclo de vida, podendo ocorrer a perpetuação da espécie por brotações (assexuada) ou através de sementes (sexuada).

São encontradas principalmente em solos úmidos das florestas, restingas e como componente de vegetação secundária, formando agrupamentos densos em virtude de sua propagação clonal. 

Propagação

A planta cresce rápido e não necessita de cuidados especiais. A propagação ocorre por estolão, que aparece na base da planta, formando novas mudas. A Bromelia antiacantha Bertol é explorada de maneira extrativista, com importante papel econômico nas florestas tropicais e no bioma Pampa.

Em virtude disso, e apesar do uso tradicional da espécie na medicina popular, há poucos estudos sobre a produção de frutos dessa espécie. É considerada de fácil cultivo, por reproduzir de maneira sexuada e assexuada e a sua população é mantida principalmente pela reprodução clonal, que favorece o seu estabelecimento.

Considerando-se a produção e a possibilidade de renda para o produtor, tanto com a venda dos frutos como também de fibras e cerca-viva, o cultivo da Bromelia antiacantha Bertol torna-se uma atividade econômica interessante, pois é uma alternativa de diversificação de renda de produtores rurais, podendo inclusive ser utilizado em programas de incremento de renda de comunidades rurais e semiurbanas.

Benefícios à medicina

Há relatos do uso de caraguatá desde a década de 1940 pelos índios Bororós no sul do Brasil. Essa planta também pode ser utilizada como ornamental, em cercas vivas, ou então na extração de fibras.

Entretanto, o destaque no cultivo dessa espécie é o uso medicinal no preparo de xaropes para problemas respiratórios, como asma e bronquite, pois entre suas propriedades medicinais está a ação expectorante.

Uma das estratégias mais comuns utilizadas na seleção de espécies para estudo de suas propriedades farmacológicas, fitoquímicas e agronômicas é conhecida como etnofarmacológica, em que se leva em consideração as espécies utilizadas na medicina popular e/ou tradicional das diversas regiões do País.

O caraguatá tem uma boa participação na história brasileira de plantas utilizadas nessa referida medicina popular e/ou tradicional, principalmente nas regiões sul e sudeste. Sua utilização na medicina popular é descrita desde a década de 1940, principalmente na forma de sucos e xaropes devido a suas propriedades anti-helmínticas, antitussígenos e até mesmo no tratamento de cálculos renais.

O xarope é muito utilizado pela população devido à sua ação expectorante e no tratamento nas infecções respiratórias, e no tratamento de asma e de bronquite. Os frutos podem ser consumidos tanto “in natura” ou em extratos para tosse.

Há relatos da utilização do sumo dos frutos também na cicatrização de feridas. As propriedades medicinais da espécie são decorrentes da presença de polifenois, flavonoides e taninos.

Versatilidade

Além disso, os frutos também são ricos em um composto chamado bromelina, que é uma proteinase utilizada na indústria alimentícia para amaciar carnes, estabilizar cervejas e dar crocância em alimentos assados.

Também são ricos em vitamina C e possuem níveis relevantes de manganês, cálcio, potássio e magnésio. Entretanto, mesmo com elevado valor nutricional e potencial medicinal, há poucos estudos sobre as ações biológicas e medicinais dessa espécie.

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