Os desafios para os cafeicultores não acabam. Após eventos climáticos, como as recentes secas e geadas que castigaram as lavouras de café em importantes regiões cafeeiras do Brasil culminando na perda do potencial produtivo das safras de 2021, 2022 e, certamente, 2023, a cafeicultura, desta vez, se depara frente a outra enorme adversidade: as chuvas de granizo que atingiram as principais regiões produtoras de Minas Gerais, em especial, o Sul de Minas. Até então, a cafeicultura brasileira nunca se deparou com uma chuva de granizo tão abrangente, podendo esta ser considerada a maior chuva de granizo que o setor já enfrentou em toda sua história.
Essas chuvas de granizo, além de impressionar pela abrangência da área atingida, impressiona também pelo nível dos danos causados, o que, sem dúvida alguma, afetará ainda mais a safra 2023. Outro fator que chama a atenção é a recorrência em que estas chuvas vem acontecendo. Até aqui, neste segundo semestre, já foram ao menos quatro ocorrências que atingiram diversas lavouras cafeeiras de modo significativo.
Ao produtor, é cabível que adote determinadas medidas preventivas, tal como seguro de lavouras. Além disso, para as lavouras atingidas, orienta-se adoção de medidas curativas, tais como foliares com produtos à base de cobre que, além de auxiliar na cicatrização, impede a entrada de fungos, como a Phoma, e de bactérias, como pseudomonas, causadores de doenças entre as quais, caso não controladas, culminarão em perdas ainda maiores. É importante ressaltar que, para um controle eficiente, orienta-se que o produtor entre com a aplicação das foliares dentro de um período limite de 48 horas do momento em que a lavoura tiver sido atingida. Caso não seja possível, orienta-se que o produtor adicione um produto curativo, à base de triazol ou boscalida, por exemplo, o que que auxiliará no controle.
Outro ponto importante a se observar é que, ainda que o produtor tenha realizado uma aplicação foliar recente, ele deve efetuar o tratamento novamente após a chuva de granizo haja vista que a aplicação realizada anteriormente, não protege a planta da entrada de doenças nas novas lesões ocasionadas pelos granizos.
Em relação à poda, cada caso deve ser analisado pontualmente. Entretanto, de um modo geral, dado o fato de que novembro já não é mais um período propício para esta prática, o mais sensato é que, a essa altura, o produtor não entre com o manejo de podas em suas lavouras, mas sim com tratamentos fitossanitários mais frequentes em vistas de proporcionar as devidas condições para que as plantas se recuperem para a safra 2024, com exceção, das lavouras cujos danos foram seriamente graves. Portanto, no que tange à poda, cada caso deve ser analisado pontualmente.“Por fim, lembrem-se: a cafeicultura, assim como a vida, é um desafio. É um constante ultrapassar de obstáculos, uma infinita superação de adversidades. Cultivar café, é se desafiar, se superar, se erguer e reerguer, sempre com uma única certeza, o sucesso de nossa cafeicultura decorre de nossa capacidade de resiliência frente aos desafios que nunca vão deixar de surgir. Vamos adiante!!” (José Edgard Pinto Paiva – Presidente da Fundação Procafé).