Carlos Henrique Feitosa Nogueira
Doutor em Entomologia Agrícola e professor – Universidade do Estado da Bahia (UNEB)
feitosa_nogueira@yahoo.com.br
A vitivinicultura na região do Submédio do Vale do São Francisco é uma das atividades agrícolas mais tecnificadas no Brasil. A cada ano essa atividade tem ganhado mais espaço no cenário brasileiro, visto que, além de gerar divisas é responsável pela geração de empregos diretos e indiretos na região.
Alerta
Apesar de toda tecnologia empregada na videira, a cultura vem sofrendo com alguns problemas fitossanitário, com destaque para a cigarrinha-verde Empoasca sp. (Hemiptera: Cicadellidae).
A cigarrinha-verde é um inseto que apresenta coloração verde clara. A fêmea, após o acasalamento, realiza sua postura de maneira endofítica, próximo às nervuras principais da parte abaxial da folha.
A cigarrinha-verde é um inseto hemimetabólico, em que as ninfas se assemelham aos adultos, diferenciando apenas na ausência de asas (presente nos adultos). Na fase jovem, estes insetos passam por cinco instares, porém, é a partir do terceiro instar que começam a apresentar os primeiros vestígios de asas.
Danos
Ao sugarem a seiva das plantas, os insetos adultos podem injetar substâncias tóxicas presentes em sua saliva, no sistema vascular das plantas, podendo causar fitotoxicidade e o travamento dos brotos, além de provocar uma baixa nutricional da planta.
Esta praga pode provocar perdas superiores a 60% na sua produção, quando submetidas a ataques severos deste inseto.
Controle
Entre os produtores de uva, o principal método de controle da cigarrinha-verde é o químico, porém, em virtude do uso indiscriminado de inseticidas sintéticos associados à falta de informações pelos produtores a respeito da biologia e comportamento dessa praga, esse método não vem alcançando resultados de controle satisfatório.
Daí a necessidade de que pesquisas visando o desenvolvimento de novas moléculas químicas para o controle da cigarrinha-verde na videira.
Figura 1. Ninfa de cigarrinha-verde em folhas de videira
Você sabia? – O que é ‘ponte verde’ e sua importância no manejo?
As cigarrinhas possuem alto poder adaptativo a diversos hospedeiros o que favorece o movimento e sobrevivência dessa praga durante todo o ano. Assim, as próprias plantas nativas que estão próximas a área de cultivo de uva, podem se tornar hospedeiros do inseto, e assim que as primeiras brotações da cultura surgirem, eles podem migrar novamente para a cultura, caracterizando a ‘’ponte verde’’: cultura – plantas nativda – cultura, dificultando o manejo. Segundo Madalosso, M.G. (2019), a ocorrência da “ponte verde” é um dos fatores mais importantes para manutenção do inóculo inicial de patógenos biotróficos, pois dá continuidade à epidemia e mantem a incidência da praga de forma recorrente nos pomares produtivos