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Como adubar a cebola de forma assertiva

A qualidade, sanidade e o rendimento dos bulbos de cebola estão intimamente ligados com uma adubação equilibrada.

Daniela Aparecida Teixeira
daniela.teixeira@hotmail.com

Henrique Vasque
henrique.vasque@unesp.br
Doutores em Agronomia – UNESP/Botucatu

A cebola (Allium cepa L.), da família Aliaceae, é uma espécie originária da região da Ásia Central que tem como características clima seco e semiárido.

Foto: Shutterstock

É a terceira hortaliça mais consumida no país, ficando atrás apenas do tomate e da batata. O Brasil se destaca como o oitavo no ranking mundial da produção dessa olerácea, com 1.500.000 toneladas.

Importância do potássio

De forma geral, o potássio está relacionado com os processos osmóticos, dentre os quais podemos citar a abertura e fechamento dos estômatos (estruturas responsáveis pela realização de trocas gasosas), permeabilidade das membranas, fotossíntese, etc.

Na cebola, o processo está relacionado com a bulbificação, onde ocorre redução do potencial osmótico que, por esse motivo, permite a entrada de água e de fotoassimilados, culminando na formação dos bulbos.

Quando há a deficiência desse macronutriente, ocorre murchamento das folhas, com amarelecimento das mais velhas e posterior seca, que influenciará diretamente na bulbificação.

O excesso também causa danos, como: dificuldade de absorção de cálcio e magnésio, que acarreta na diminuição da produção, aumento dos custos de produção e impactos ambientais.

Adubação adequada

A qualidade, sanidade e também o rendimento dos bulbos de cebola estão intimamente ligados com uma adubação equilibrada. Segundo a literatura, não apenas o desenvolvimento vegetativo está dependente desse fator.

Foi observado, na cultura, que doses adequadas de nitrogênio e potássio tiveram menor severidade quando os indivíduos foram acometidos por míldio. Quando a adubação nitrogenada é realizada abaixo do que é exigido pela cultura, acarreta em quedas significativas na produção, com bulbos de tamanho reduzido.

Quando em excesso, afeta a qualidade e leva a perdas na colheita e pós-colheita, principalmente por doenças bacterianas. 

Nutrientes necessários

Além dos macronutrientes, como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre, a cultura também tem necessidades de zinco, boro, cloro, cobre, ferro, manganês e molibdênio.

A adubação deve ser realizada de acordo com a análise de solo de cada localidade. Quando não houver uma específica, procurar regiões com condições edafoclimáticas semelhantes às da área de produção e seguir essa recomendação.

Na região sudeste, Minas Gerais e São Paulo têm seus próprios protocolos. Na região do Distrito Federal observa-se que há utilização de elevadas doses de fósforo, por se tratar de latossolos de baixa fertilidade natural (solos de vegetação de Cerrado). 

De maneira geral, recomenda-se adubação de cobertura com nitrogênio e potássio 30 – 40 dias pós-plantio. Em solos arenosos, essa adubação deve ser fracionada para que ocorra melhor aproveitamento desses nutrientes já que, pela característica do solo, esses fertilizantes podem ser facilmente lixiviados.

Condições adversas

Segundo a EPAGRI, a alta pluviosidade, aliada a elevadas temperaturas, são as maiores responsáveis pelo surgimento de bacterioses, que acarretam em perdas dos bulbos por apodrecimento.

Há a recomendação, como medida preventiva, de aplicação de doses mínimas de nitrogênio pós-colheita para evitar esse problema. Alguns produtores, quando há previsão de altas chuvas, já fazem a aplicação no final do ciclo da cultura para evitar possíveis perdas.

Outros nutrientes

Diferente do nitrogênio e do potássio, que podem ser aplicados de forma fracionada, o fósforo deve entrar já no início do ciclo, que é quando ocorre maior demanda.

Já o enxofre (S) é essencial na produção de cebolas, por ser um macronutriente relacionado com a formação de compostos responsáveis pela característica de pungência.

Porém, em muitos casos acaba sendo esquecido, por já estar contido nas formulações de adubação fosfatada utilizadas na cultura. Para adubações com baixos teores desse micronutriente, recomenda-se a aplicação de 30 – 50 kg/ha, juntamente com a adubação sintética e/ou orgânica.

Curiosamente, segundo a Embrapa, a adubação de micronutrientes baseada em análise de solo é utilizada apenas no estado de São Paulo. Nas demais regiões produtoras, há uma recomendação genérica, realizada no sulco de plantio, de 1,0 a 2,0 kg/ha de boro e de 2,0 a 4,0 kg/ha de zinco.

Em solos com altos teores de matéria orgânica ocorre a deficiência de cobre Sendo assim, recomenda-se a aplicação de 1,0 a 2,0 kg/ha.

Periodicidade

A adubação se baseia nas fases de desenvolvimento da cultura. Neste caso, compreende três fases bem definidas: semeadura ao início de formação de bulbos (60 – 70 dias). Segunda fase (70 – 110 DAS), onde acontece o acúmulo de biomassa seca e desenvolvimento dos bulbos. 

Terceira fase, após os 110 DAS ocorre a translocação dos fotassimilados para o bulbo até a maturação dos mesmos e cessa o crescimento vegetativo. O fósforo é aplicado no início, pois é exigido desde o desenvolvimento inicial.

Já o nitrogênio e o potássio fazem parte das adubações de cobertura. Importante sempre seguir a exigência da cultura, com base na análise de solo. Como uma forma de ilustrar podemos citar Minas Gerais. Quando a fonte de nitrogênio é orgânica, de forma geral, recomenda-se 40 t/ha de esterco de curral, enquanto que para São Paulo a dose fica em 15 t/ha, ou 500 kg/ha, se a fonte for torta de mamona.

Resistência da cebola

O tripes, hoje, é considerado a principal praga da cultura. O desenvolvimento do inseto-praga é favorecido em condições de clima quente e seco.

Nutrição adequada, principalmente de fonte nitrogenada, é muito importante, pois o nitrogênio em excesso deixa o tecido vegetal mais tenro, o que acaba sendo um atrativo para o ataque do inseto. 

Salienta-se que a nutrição, somada a um manejo assertivo, têm sido os maiores aliados dos produtores. Em sistema de plantio direto, técnica bastante utilizada hoje nas regiões produtoras, nota-se diminuição da população do inseto.

Os aminoácidos

Existem, no mercado, fertilizantes com adição de aminoácidos que desempenham a função de estimular o vegetal, na fase crescimento, e a tolerar situações de estresse como altas temperaturas, secas e granizo.

Esse aminoácido exógeno atua na estabilização de membranas e na eliminação de substâncias nocivas provenientes do estresse causado por esses fatores externos. Para culturas como a cebola, que são exigentes em potássio, pode-se recomendar adubação potássica com complexados de aminoácidos, pois estes são indicados para culturas que se encontram em condições de estresse causados pelo adensamento de plantio, secas, altas temperaturas, solos salinizados, etc.

Por se tratar de complexação, esses compostos têm liberação mais rápida, o que pode culminar na diminuição de perdas ocasionadas por esses fatores abióticos. 

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