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O desafio de entender as respostas da soja a diferentes densidades de plantas

 

Pensar e testar novas hipóteses em agricultura e descobrir os mecanismos fisiológicos relacionados às respostas obtidas é fascinante

Crédito TMG
Crédito TMG

No dia a dia da pesquisa, a maior parte do tempo é dedicada a resolver os problemas que surgem a cada momento, dando as respostas rápidas que o agricultor precisa para programar a próxima safra.

Nesse contexto, o doutorado representa uma oportunidade fantástica de investigar a fundo observações feitas a campo e que nos intrigam. Foi com essa intenção que o engenheiro agrônomo Marcos Javier de Luca, pesquisador do INTA (Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária, Córdoba, Argentina), veio para o Brasil realizar o trabalho de doutorado sob a orientação da pesquisadora Mariangela Hungria, na Embrapa Soja, em Londrina (PR), pois estava intrigado com observações sobre o crescimento de plantas em diferentes densidades.

Em quatro anos de ensaios a campo, foi investigada a capacidade fotossintética e de fixação biológica de nitrogênio (FBN) da soja sob diferentes densidades. O objetivo era o de verificar a relação fonte:dreno, no caso representada pela capacidade da planta de regular a fotossíntese e a FBN conforme a demanda.

Sob o ponto de vista fisiológico, o tema tem vários impactos. Por exemplo, existe uma ampla discussão sobre se a FBN pode suprir as demandas de nitrogênio (N) de soja com altos rendimentos, superiores a 100 sacas/ha. Também existe o conceito de altas densidades de plantas, como a semeadura cruzada, visando altos rendimentos. Quais seriam as implicações fisiológicas da planta sob essas condições?

Resultados

Os resultados encontrados já no primeiro ano de ensaio foram muito interessantes. Foram avaliados diferentes arranjos de plantas, em densidades de 40.000, 80.000, 160.000 e 320.000 plantas/ha. Nas Figuras 1a e 1b, podem ser visualizadas as plantas sob duas dessas densidades.

Com a menor densidade, há um incremento na radiação solar disponível por planta, atingindo também as folhas inferiores que, no caso de maiores densidades, ficam sombreadas. Como consequência, nas menores densidades populacionais foram verificados incrementos nas taxas de fotossíntese e FBN por planta.

Na Figura 2 podem ser visualizadas plantas representativas das diferentes densidades. Houve concordância em todos os parâmetros avaliados, de nodulação, transporte e acúmulo de N na planta, síntese de compostos nitrogenados específicos do metabolismo da FBN e produção de biomassa de plantas.

A surpresa veio com o rendimento de grãos, pois somente na densidade mais baixa, de apenas 40.000 plantas/ha houve menor rendimento de grãos, conforme pode ser visualizado na Figura 3. Considerando as densidades de 80.000 a 320.000 plantas/ha, os rendimentos foram estatisticamente iguais, assim como os teores de proteína e óleo nos grãos.

 

 Nova Imagem (9)

Figura 3. Rendimento de soja cultivar BRS 133 (kg/ha) em diferentes densidades (plantas/ha). Somente o rendimento na densidade de 40.000 pl/ha foi estatisticamente inferior aos demais. Modificado de Luca & Hungria (Scientia Agricola, 2014).

Confirmação

Os resultados foram confirmados nas três safras seguintes em Londrina, bem como na província de Buenos Aires, na Argentina. Algumas conclusões importantes do trabalho servem para o direcionamento de pesquisas futuras.

Primeiro, não restam dúvidas sobre a capacidade da FBN em suprir a demanda de N pela soja cultivada no Brasil e na Argentina. Em comparação com as plantas em maior densidade, aquelas em menor densidade foram capazes de incrementar em quatro vezes a nodulação e as taxas de FBN por planta estando, portanto, plenamente aptas a sustentar altos rendimentos.

Segundo, foi apontada a necessidade de uma maior discussão sobre a recomendação de altas densidades de plantas. Em que pese a necessidade de maiores densidades populacionais para o controle de ervas daninhas, para mais de 90% dos agricultores com rendimentos médios da ordem de 3.000 kg/ha, sem irrigação, é muito importante considerar que em maiores densidades de plantas existe maior competição por água e nutrientes.

Desse modo, em casos de deficiência hídrica, cada vez mais frequentes, plantas em menores densidades podem tolerar melhor as condições de estresse. Outra observação constatada nos ensaios foi a redução no ataque de pragas em menores densidades de plantas, o que precisa ser mais bem investigado.

 

Essa matéria você completa encontra na edição de julho da Revista Campo & Negócios Grãos. Adquira o seu exemplar para leitura integral.

 

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