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Como evitar a escassez do fósforo

Especialistas apontam que o nosso território apresenta um dos mais completos registros geológicos, com testemunhos de mais de 3 bilhões de anos da evolução das rochas que embasam o relevo da Terra. 

Rafael Garcia, CEO e Fundador da Agrobiológica Sustentabilidade, empresa do grupo Crop Care Holding.

Por Rafael Garcia, CEO e Fundador da Agrobiológica Sustentabilidade, empresa do grupo Crop Care Holding. 

Sem fósforo, não há vida no campo. Ele é indispensável para a saúde das plantas, funcionando como a moeda da energia utilizada no crescimento. Mas, para entender a dimensão e importância desse elemento para o aumento da produtividade, é necessário um breve contexto geográfico e científico. 

Os solos brasileiros são geologicamente muito antigos. Especialistas apontam que o nosso território apresenta um dos mais completos registros geológicos, com testemunhos de mais de 3 bilhões de anos da evolução das rochas que embasam o relevo da Terra. 

Isso significa que boa parte dos solos brasileiros são ácidos e pobres em nutrientes, o que acaba dificultando o desenvolvimento de culturas importantíssimas, como a do milho, por exemplo. Com a fertilidade natural do solo considerada baixa, a agricultura moderna passou a priorizar a aplicação de insumos. Um deles é o fósforo, presente em poucas quantidades, até então. 

Por ser naturalmente pouco presente nos nossos solos, esse elemento é, tradicionalmente, importado de outros países. A aplicação regular do fósforo na agricultura começou em meados da década de 1960. E justamente por termos um tipo de terreno mais argiloso e antigo, esse elemento foi se fixando ao longo de anos de aplicação contínua de insumos nas lavouras, com a ajuda de outro grande aliado da agricultura, o ferro, responsável pela cor vermelha do solo. 

As plantas absorvem somente cerca de 20% a 30% do fósforo que é aplicado, o restante fica retido no solo. Com isso, criou-se um conceito chamado Banco de Fósforo. Em 2018, a Embrapa estimava que um total de 45,7 milhões de toneladas de fósforo foram aplicadas no Brasil desde 1960, quando começou a utilização regular do insumo na agricultura, até o momento da pesquisa. Na ocasião, estimava-se que 22,8 milhões de toneladas desse montante continue fixado no solo. 

Ao mesmo tempo que temos essa “reserva” de fósforo no solo, já se fala em uma escassez mundial do nutriente, o que faz sentido, já que estamos falando de um recurso finito. Segundo estimativas de especialistas, as fontes do elemento poderiam ser esgotadas em apenas 50 a 100 anos. Mas, com o crescimento acelerado da população mundial e a alta demanda por alimentos, o esgotamento pode levar um tempo ainda menor. 

Mas no caso do Brasil, que conta com esse “banco de fósforo” acumulado ao longo dos anos, como acessar as suas reservas em um eventual cenário de crise gerada pela falta dele? O segredo está nas raízes das plantas. 

Conforme elas crescem e vão se aprofundando no solo em busca de água, produzem alguns açúcares e outras substâncias que alimentam grupos de microrganismos, que por sua vez produzem ácidos orgânicos e enzimas, acessando as reservas de fósforo e ferro, “puxando” esses nutrientes de volta para a planta junto com a água. Uma vez que são absorvidos, podemos contar com uma planta mais desenvolvida e, consequentemente, com uma maior produtividade e rentabilidade para o produtor rural. 

Hoje em dia, o mercado já conta com produtos eficientes que ajudam na solubilização do fósforo no solo, boa parte destinados a grandes culturas, como a soja e o milho. E melhor ainda: esses produtos são biológicos. Um exemplo é o Flexroots, tecnologia desenvolvida pela Agrobiológica e que cumpre essa função. 

Esses produtos, através da disponibilização do fósforo, aumentam o volume de raízes, o que ajuda na absorção de mais água e nutrientes. É uma das soluções para a escassez que podemos enfrentar no futuro. A agricultura brasileira é resiliente, e o fósforo, como sempre, se mostra um dos principais pilares para a sua pujança. 

Fontes de pesquisa: Instituto Federal do Rio Grande do Norte, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), National Geographic BrasilScience Direct

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