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Como evitar desperdícios pós-colheita?

Crédito Shutterstock

Maria Carla dos Santos Nogueira
Mestra em Ciências das Religiões com ênfase em Marketing, Religião e Sociedade (FU), bacharel em Administração (Unibalsas) e tutora presencial de Administração – Unopar polo Balsas (MA)
profmcarla@outlook.com
Wemerson Henrique dos Santos Ataídes
Graduando em Ciências e Tecnologias – Universidade Federal do Maranhão (UFMA), campus Balsas
wemersondossantos19@gmail.com
Yrayana Abreu Bandeira
Jovem Aprendiz no Grupo Mateus e Senac
yrayanaab@gmail.com

No cenário de hortifrúti, é de suma importância que no período de colheita os profissionais do agro estejam atentos ao processo de maturação das frutas, verduras e legumes, assim como aos atributos dos alimentos que serão colhidos, já que cada um possui características específicas, por meio das quais é possível detectar se realmente estão prontos para serem apanhados na lavoura e encaminhados ao processo de pós-colheita.
Após colher os alimentos, esses devem passar pelo processo de lavagem, de modo que a realização da limpeza requer o uso de produtos neutros ou específicos, que não alterarem o sabor ou as características do produto.
Da mesma forma, a água utilizada para higienizar os produtos de hortifrúti deve ser analisada periodicamente com vistas a detectar se essa está própria para o uso e se não causará danos aos alimentos ou mesmo à vida dos consumidores.
Depois de passarem pelos processos de colhimento, classificação, seleção e lavagem, os produtos de hortifrúti são direcionados à etapa de embalagem e armazenamento, onde normalmente recebem etiqueta e/ou rótulos que ficam visíveis ao comprador e que atendem à legislação vigente, pautada na correta identificação do produto.
De modo geral, os alimentos provenientes do pós-colheita do hortifrúti devem ser armazenados em locais limpos, higienizados e expostos a temperaturas ideais, conforme cada tipo.

Técnicas utilizadas na colheita e pós-colheita

Durante o período de colheita é obrigatório que seja feita a limpeza e a higienização dos instrumentos de trabalho, de maneira a preservar a qualidade do alimento, assim como o uso de proteção (Equipamento de Proteção Individual – EPI) por parte dos colhedores, prospectando diminuir os riscos de acidentes.
Nesse período e no pós-colheita, é de suma importância que a proposta de qualidade das frutas, legumes e verduras se mantenha em alta, refletindo os seguintes aspectos: a aparência visual (frescor, cor, defeitos e deterioração), textura (consistência, resistência e integridade do tecido), sabor, aroma, valor nutricional e a segurança do alimento, compondo um conjunto de atributos que determinam sua qualidade.
Quanto às estratégias para a melhoria e ampliação do controle da qualidade pós-colheita, destacam-se a adoção dos Sistemas de Garantia de Qualidade, como as Boas Práticas Agrícolas e/ou Produção Integrada de Frutas e Hortaliças e as Boas Práticas de Fabricação, como o resfriamento, o armazenamento refrigerado e o uso de revestimentos (comestíveis ou não). Estas ações têm mitigado o uso de agrotóxicos e reduzido as contaminações microbiológicas dos alimentos.

Próximo passo

No pós-colheita, transportar os alimentos em embalagens plásticas é uma excelente escolha, além de ser uma técnica interessante, pois evita que haja a contaminação ou algum tipo de alteração nas mercadorias, como amassos ou rachaduras, por exemplo, que ocorrem bastante em frutas e verduras, se não transportados corretamente.
Nessa etapa, também é preciso gerenciar com cautela a temperatura definida para acondicionamento e transporte dos produtos de hortifrúti e evitar o contato de produtos contaminados com itens sadios, já que a matéria orgânica em decomposição pode propagar microrganismos pelas embalagens e atrair insetos e roedores.

Pontos fortes e fracos da pós-colheita

Um dos pontos fortes do pós-colheita no hortifrúti é a rapidez com que os alimentos são colocados em locais frios. Essa ação garante que as frutas, verduras e legumes sejam bem conservados, apresentando uma boa aparência, pigmentação viva, aromatização natural e sabor, além de o alimento ficar na prateleira/gôndola por mais tempo sem estragar ou ter sua qualidade alterada.
Um dos principais pontos fracos do pós-colheita são os riscos vinculados à má gestão dessa importante etapa, assim como a quantidade de alimentos que é desperdiçada por falhas no processo, como erros de acondicionamento, armazenagem, problemas de contaminação, principalmente no transporte dos alimentos em bom estado, que acabam perdendo elementos pontuais de qualidade ou estragando nesse período de locomoção.

Índice de desperdício e perdas financeiras

No Brasil, o índice de desperdício de hortaliças chega a 55% na pós-colheita, ou seja, a maior parte do que é plantado se perde em meio a essa etapa e não chega à mesa do consumidor. Faz-se pertinente ressaltar que 20% desses produtos são perdidos ainda na sua produção, ou seja, sobram apenas 35%, que chegam à mesa do consumidor em condições próprias para o uso.
Apesar de as hortaliças terem se encontrado no eixo do contexto exposto, é notável a quantidade de frutas que também são desperdiçadas no processo de pós-colheita.
Anualmente, 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são perdidos ou desperdiçados na cadeia de alimentos, o que corresponde a 30% da produção mundial, segundo dados da FAO/ONU (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação: FAO no Brasil | Food and Agriculture Organization of the United Nations).
No Brasil, a situação não é das melhores. Tomando por base a realidade supermercadista, o prejuízo com perdas e desperdícios chega a R$ 7,1 bilhões ao ano (o equivalente a mais da metade do valor total da produção de frutas e hortaliças produzidas na roça), sendo o segmento de FLV (frutas legumes e verduras) o líder das perdas.
No Brasil, infelizmente as perdas no processo de comercialização de frutas e hortaliças já superam 30% do total produzido, enquanto em outros países o desperdício não passa de 10%, ou seja, um resultado deprimente frente às problemáticas que permeiam as questões vinculadas à correta gestão no pós-colheita.

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