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sexta-feira, abril 19, 2024
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Como evitar o acamamento na soja e feijão?

Autores

Paulo Roberto de Camargo e Castro
Professor titular – ESALQ/USP
prcastro@usp.br
Jeisiane de Fátima Andrade
Mestranda em Agronomia – ESALQ/USP

Crédito: Shutterstock

A aplicação de TIBA (ácido 2,3,5 – triiodobenzoico) em soja afeta a translocação da auxina IAA (ácido indolilacético) de forma polar, restringindo o crescimento ao nível do meristema subapical, promovendo uma quebra parcial da dominância apical que era promovida pela alta concentração auxínica no ápice da planta.

Essa baixa mobilidade basípeta do IAA leva a uma quebra de dormência das gemas dormentes basais, promovendo maior brotamento de ramos laterais na parte inferior da planta. Isto conduz a uma modificação na arquitetura da planta, que passa de uma forma oval para uma forma cônica, afetando a distribuição de luz solar no perfil da copa.

As plantas de soja crescem mais lentamente e ficam mais baixas, com características que conferem maior tolerância ao acamamento por chuva e vento, um dos problemas que atingem a cultura em diferentes regiões do Brasil.

Esse problema se estabelece em áreas de alta fertilidade, devido a desequilíbrios nutricionais, cultivares não adaptadas à região, excesso de desenvolvimento vegetativo e outros fatores estressantes que tornam as plantas muito altas e suscetíveis à queda sob condições de chuva e vento, com efeitos negativos na colheita e na produção. Consideramos que esse acamamento tem sido um dos problemas para os produtores em nossas condições.

Controle do acamamento

Visando controlar esse problema, foi realizado na ESALQ/USP experimento com soja cultivar Pintado, em que o TIBA foi pulverizado em diferentes concentrações nas plantas no estágio fisiológico V5.

Verificou-se redução significativa na altura das plantas tratadas com concentrações crescentes (30, 40 e 50 mg L-1) do retardador de crescimento em relação ao controle, sem afetar os parâmetros relacionados à produção.

Comercialmente, tem-se recomendado 30 g/ha para a cultura da soja (0,5 L/ha do produto comercial) entre V4 e V7. Na cultura do feijão recomenda-se apenas 18 g/ha. Não há necessidade de aplicação nas cultivares com hábito de crescimento ereto (tipo I). Já para as cultivares com hábito de crescimento semi-ereto (tipo II) ou prostrado (tipo III), o produto deve ser aplicado quando as plantas começarem a apresentar crescimento excessivo da haste.

Mobilidade de cálcio e ferro

Alguns trabalhos mostraram uma limitada translocação basípeta de cálcio em tomateiro, porém, outros demonstraram um considerável efeito promotor do TIBA (ácido 2,3,5 – triiodobenzoico) no transporte para baixo desse nutriente.

Efeito similar do TIBA foi encontrado na translocação do ferro, que tem frequentemente muito baixa mobilidade. Pesquisas evidenciaram indiretamente aumento no transporte de ferro sob influência do TIBA. Esse retardante de crescimento tem uma ação eficiente sobre a formação de clorofila; sendo que esse efeito pode ser devido à liberação de ferro imobilizado pelo biorregulador.

Aplicação de ferro em folhas anteriormente tratadas com TIBA aumentou o teor de clorofila, possivelmente porque o retardante facilita a distribuição do ferro absorvido, aumentando a sua disponibilidade. TIBA promove também, de forma similar ao cálcio, o transporte de ferro em distâncias apreciáveis a partir do ponto de aplicação nas folhas basais, até as mais distantes folhas apicais.

Os resultados anteriores têm especial interesse para a utilização do TIBA como um retardante de crescimento. A mobilidade e o transporte para baixo de nutrientes sugerem efeito suspensivo do TIBA sobre a polaridade, sua interferência no movimento polar da auxina (IAA) apical e seu efeito restritor na dominância apical.

TIBA promoveu, portanto, maior mobilidade de ferro e cálcio aplicados em pulverização foliar em tomateiro e macieira, enquanto que a ureia melhorou a resposta à aplicação de ferro nas folhas cloróticas de bananeira e citros; tendo sido estudados os efeitos de TIBA e ureia aplicados em plantas normais e cloróticas de limoeiro, utilizando Fe59 e cloreto férrico.

TIBA 30 mg L-1 diminuiu a absorção de Ca45 em ervilha e feijoeiro. Aplicação de TIBA 50 g ha-1 reduziu a altura de ervilha, aumentou a produção, concentrou a época de maturação, facilitando a colheita mecanizada e aumentando a concentração foliar de ferro.

TIBA (ácido 2,3,5-triiodobenzoico) é um retardador de crescimento, sendo, portanto, um biorregulador capaz de restringir o transporte polar basípeto da auxina endógena (hormônio vegetal), do ápice para a base do caule principal de leguminosas como a soja, feijão e ervilha. Esse fato evita a ocorrência do gradiente auxínico do ápice para o colo do ramo principal (caule), que em condições normais inibe o desenvolvimento de gemas dormentes, estabelecendo a arquitetura padrão do cultivar.

Deste modo, ocorre maior liberação do crescimento dessas gemas, promovendo uma alteração no desenvolvimento das brotações laterais que estabelecerão uma forma mais cônica da copa em comparação com a forma convencional mais ovalada, característica do cultivar plantado na sua região ideal.

As plantas ficarão mais baixas e vigorosas, tolerantes a condições de excesso de ventos e chuvas, evitando o acamamento. O mecanismo de ação do TIBA envolve restrição no transporte polar da auxina (IAA) do ápice (dominância apical) por meio de células do parênquima, em direção à base do caule.

No compartimento endossomal o complexo proteico P/N, mantido por uma ciclagem dependente de microfilamentos de actina, é acionado, assim como vesículas que intermediam a movimentação de IAA através das células, movimento esse que é inibido pela presença de TIBA.

Experimentação

Trabalho realizado na ESALQ/USP com pulverização do TIBA nas concentrações de 30 a 50 mg L-1 no estádio fenológico V5 na soja cultivar Pérola produziu uma planta mais compacta, com arquitetura mais cônica, tolerante ao acamamento. Essa estrutura da copa pode possibilitar um aumento no número de plantas por área, incremento na fotossíntese pela nova configuração do dossel e um equilíbrio hídrico mais adequado, característica da ação dos retardadores de crescimento, capazes de manter as folhas mais adensadas.

Deste modo, podemos considerar que aplicação de TIBA pode ser realmente importante para evitar o excesso vegetativo e queda dessas leguminosas.

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