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Como obter uma alta produtividade de mandioquinha-salsa?

Autores

Luís Paulo Benetti Mantoan
Biólogo e doutorando em Ciências Biológicas/Fisiologia Vegetal – UNESP
luismantoan@gmail.com
Carla Verônica Corrêa
Engenheira agrônoma e doutoranda em Fisiologia Vegetal/Metabolismo Mineral – UNESP
cvcorrea1509@gmail.com 

Fotos: Embrapa Hortaliças

Para se obter elevadas produções de mandioquinha-salsa, vários pontos são primordiais, no entanto, a cultivar é uma das principais. Dessa forma, os centros de pesquisas e empresas sempre procuram desenvolver materiais mais produtivos e em vários casos com maiores resistências as principais pragas e doenças.

Mas, para a obtenção de elevadas produções, não adianta apenas o material genético ser de qualidade se não forem realizados manejos adequados. Assim, deve-se ter atenção especial para a preparação do solo, que precisa ser aerado, profundo para garantir a formação de raízes de qualidade, além de bem drenado.

O manejo da irrigação é outro ponto crucial, pois, em excesso, irá ocasionar o desenvolvimento de raízes pequenas, escuras e aumentar a incidência de doenças. O produtor também deve realizar a calagem e, se possível, a gessagem. Outro ponto de destaque é a adubação. Para obter altas produções, são necessárias altas doses de fósforo.

Além disso, a adubação nitrogenada deve ser bem equilibrada, pois, em excesso, resultará em excesso de formação de parte aérea e baixa produção de raízes comerciais.

Época de plantio

Em relação à época de plantio, nas regiões de altitudes entre 800 e 1.400 m a mandioquinha-salsa pode ser cultivada durante todo o ano, devendo, no entanto, evitar os locais onde há a ocorrência de geadas. No plantio de inverno, o estande pode ser maior por causa da menor perda de mudas por apodrecimento. Porém, o ciclo é mais prolongado.

A cultura apresenta melhor desenvolvimento e produtividade quando é cultivada em solos de textura média, com excelente drenagem e profundos, uma vez que não tolera encharcamento.

As condições climáticas e de solo influenciam a coloração das raízes. Portanto, deve-se evitar solos turfosos e de coloração escura, pois resultam no escurecimento das raízes, ocasionando, após a lavação, manchas escuras que reduzem o seu valor comercial.

Dependendo das condições físicas do solo, após a gradagem recomenda-se levantar camalhões com altura variável entre 20 e 40 cm, sobre os quais são feitos os sulcos onde é distribuída a adubação de plantio. Em solos arenosos, de pouca retenção de umidade, não se recomenda o uso de camalhões, mas deve-se proceder, nesse caso, à incorporação de matéria orgânica, variando de 5,0 a 10 t/ha, a fim de melhorar as condições de retenção da umidade e dos nutrientes oriundos da adubação química.

Adubação de plantio

Para uma adubação adequada e econômica, sempre se deve realizar a análise química do solo. Além disso, a prática da adubação com 5,0 kg/ha de sulfato de zinco deve ser considerada.

A adubação orgânica da mandioquinha-salsa é recomendada para melhorar o desenvolvimento das plantas. Para tal, podem ser empregados estercos ou composto orgânico. Na tabela 1 são indicadas adubações de plantio de acordo com a fertilidade do solo.

Tabela 1: Recomendação de adubação de mandioquinha-salsa, segundo a fertilidade do solo

Nível (kg/ha)
Nutriente Baixo (< 10) Médio (10 – 30) Alto (> 30)
N 60 60 60
P2O5 240 210 180
Nível (kg/ha)
Nutriente Baixo (< 60) Médio (60 – 120) Alto (> 120)
K2O 140 120 100

Fonte: Embrapa

Em relação à colheita, deve-se tomar muito cuidado para não ocasionar ferimentos nas raízes, pois eles aceleram a deterioração delas, reduzindo drasticamente a qualidade e o tempo de prateleira.

Em cobertura

Em relação à adubação de cobertura, devem-se efetuar duas aos 30-45 dias e aos 60-90 dias. Aplicações mais tardias não são recomendadas devido aos problemas causados pelo excesso de nitrogênio.

O potássio é o nutriente exigido em maior quantidade pela planta. Este nutriente é essencial para garantir a qualidade do produto comercial, resultando em maior qualidade pós-colheita. Em função de apresentar mobilidade no solo e efeito salino alto, é fundamental fornecer parte dele no plantio e parte em cobertura.

Sua deficiência reduz o desenvolvimento da parte aérea e do sistema radicular, além de ocasionar descoloração das folhas mais velhas, acamamento dos pecíolos, raízes com coloração desbotada e menos saborosas. A análise foliar é importante para avaliar o estado nutricional das plantas e, dessa forma, realizar correções nutricionais.

O uso de micronutrientes, especialmente boro e zinco, também deve ser realizado no plantio. No entanto, aplicações foliares com 3,0 a 5,0 g/L de bórax e 3,0 a 5,0 g/L de sulfato de zinco, de duas a quatro vezes, fornecem bons resultados. Recomendam-se em torno de 100 kg por hectare de nitrogênio e de 100 a 300 kg por hectare de potássio na adubação de cobertura.

Em relação a alguns resultados práticos de campo, podemos destacar:

ð Elevada produtividade, o que permite economia de área de plantio e redução de custos com implantação e manejo;

ð Planta maior e mais vigorosa, sendo recomendado, inclusive, maior espaçamento (1,0 m x 0,4 m). Por ser um material mais vigoroso, ocorre o fechamento mais rápido da área, o que reduz custos com controle de plantas daninhas;

ð Redução de 40 a 50% da necessidade de mão de obra nas fases de preparo de mudas e de plantio;

ð Material interessante para a indústria, uma vez que vem sendo crescente a demanda por material de mandioquinha-salsa para o processamento na forma de fritas fatiadas (“chips”) ou “palha”, desidratada, pré-cozida ou em sopas e cremes;

ð Promissora para atender a demanda da indústria, pois apenas 5% do volume total de mandioquinha-salsa produzido no País é destinado para a indústria. No entanto, há perspectiva de crescimento de 15% da demanda pela indústria.

Mais produtividade

A mandioquinha-salsa apresenta aspectos interessantes, como precocidade de colheita e produtividade superior a 50 t/ha, que é o dobro da cultivar mais plantada no Brasil e o triplo da média nacional. Esse aumento na produtividade garante aumento do lucro do produtor não apenas pela maior quantidade produzida por hectare, mas também pela redução dos custos de produção.

Talvez o maior desafio ainda seja as condições climáticas, pois é um fator que o produtor menos pode alterar, justamente por se tratar de uma cultura cultivada em condições de campo. Dessa forma, se por exemplo, ocorrer precipitações elevadas, com certeza o produtor terá perdas com o apodrecimento de raízes e aumento de doenças, como as bacterianas.

Assim, como o clima é um fator difícil de controlar, algumas medidas podem amenizar as perdas mesmo em condições climáticas desfavoráveis. Como exemplo, a instalação da área de cultivo em solos bem drenados e nutrição equilibrada são condições essenciais para cultivo.

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