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Como quebrar o ciclo da mosca-branca no feijão

Quebrando o ciclo da mosca-branca: estratégias para proteger suas plantações de feijão.

Valdir Atsushi Yuki
Engenheiro agrônomo e doutor em Fitopatologia – Esalq
vatsushiyuki@gmail.com

As moscas-brancas do complexo Bemisia tabaci são de origem tropical, portanto, se reproduzem melhor nas regiões tropicais e subtropicais. Em regiões e períodos quentes, o ciclo é de aproximadamente 15 dias e de 70 dias em regiões e períodos frios.

A prevenção é a melhor opção para garantir lavoura sadia

O efeito El Niño afetou a temperatura, aumentando-a, e consequentemente reduziu o ciclo de vida, elevando o número de gerações no período. Além disso, a menor precipitação também influenciou no aumento da população dessa mosca-branca, em razão das chuvas controlarem praga, derrubando-a das folhas e matando por afogamento.

Danos ao feijoeiro

Três são as causas dos danos causados pela mosca branca:

1. Dano direto: causado pela alimentação, sugando a seiva da planta e injeção de saliva tóxica, debilitando a planta;

2. Indiretamente: as moscas-brancas excretam uma substância açucarada que cai sobre as folhas e favorece o desenvolvimento da fumagina, um fungo de coloração negra que reduz a área fotossintética e,

3. Transmissora de vírus: é vetora de inúmeros vírus de plantas. Em feijoeiro, é vetora do mosaico dourado de feijoeiro (BGMV) e do mosaico angular do feijoeiro jalo (=Necrose da Haste da Soja) (CpMMV).

Desafios

Vários são os desafios na aplicação dos inseticidas:

1. Treinamento dos produtores/aplicadores;

2. Aplicação correta dos inseticidas (princípios ativos e dose);

3. Regulagem correta e uso de bicos adequados dos pulverizadores;

4. Evitar que os inseticidas selecionem para resistência.

Espécies

Aqui vai um adendo sobre as espécies de Bemisia tabaci que ocorrem no Brasil. Antigamente, a espécie Bemisia tabaci era conhecida pelos biótipos. Hoje foram todas reclassificadas como espécies: Bemisia tabaci NW1 (New Word 1) e Bemisia tabaci NW2 (New World 2). Essas duas eram conhecidas como biótipo A e são consideradas de origem nas Américas.

Bemisia tabaci MEAM1 (Middle East-Asia Minor 1), antigo biótipo B e Bemisia tabaci MED (Mediterraneam), antigo biótipo Q, são resistentes a vários princípios ativos de inseticidas, mas de forma seletiva.

Medidas de controle

O controle da Bemisia tabaci apenas com inseticidas, atualmente, não tem apresentado resultados satisfatórios. A resistência que adquiriram após aplicações sucessivas e repetitivas do mesmo princípio ativo selecionaram moscas-brancas resistentes.

Por esse motivo, recomenda-se realizar o MIP (Manejo Integrado de Pragas), ou seja, utilizar diferentes métodos de controle visando manter baixa a população da praga durante todo o ciclo de vegetação da cultura.

Estratégias conjuntas

Um só método pode não surtir efeito satisfatório, mas no conjunto geral ela deverá ser eficiente, e as medidas recomendadas são:

a) Destruir todo resto de cultura e incorporá-la ao solo após a colheita;

b) Realizar vazio sanitário de aproximadamente 20 a 30 dias entre uma cultura e outra, mantendo o solo limpo, sem vegetação alguma;

c) Reduzir o período de plantio, ou seja, realizar o plantio de toda a área num curto espaço de tempo, a fim de evitar o escalonamento da cultura. Caso contrário, as culturas mais velhas servirão de fonte do vetor e vírus para as mais novas;

d) Logo após a semeadura, quando começarem a germinar, realizar uma pulverização com inseticida em área total. Manter essa pulverização, mas com princípios ativos diferentes por mais duas semanas;

e) Evitar o uso de inseticidas que tenham o mesmo princípio ativo, a fim de se evitar a seleção de populações resistentes;

f) O uso do controle biológico também é recomendado, e já há vários recomendados. O uso de Beauveria bassiana e Metarhizium anisoplae seria a indicação, devido à área extensiva da cultura de feijão e facilidade de aplicação. Antes de utilizar esses produtos, verifique as condições ideais para aplicação. Caso contrário, seu efeito será pequeno, ou mesmo nulo;

g) Evitar o plantio próximo à cultura da soja, tomate, berinjela, pimentão e outras culturas que colonizam a mosca-branca. No final do ciclo dessas culturas, as mosca-brancas migram para as culturas mais novas;

h) Realizar o controle das moscas-brancas nas plantas daninhas que estão nas margens das culturas;

i) Como já foi comentado, a Bemisia tabaci é de origem tropical, e por esse motivo as maiores infestações ocorrem no verão. É nesse período que as atenções sobre o controle são mais importantes.

Quebrar do ciclo da mosca-branca

A importância de quebrar o ciclo da mosca-branca é, principalmente, para evitar a infecção precoce das plantas com as doenças causadas por vírus. Quanto mais cedo as plantas de feijão se infectarem, maiores serão as perdas.

Experimentos já mostraram que plantas infectadas aos 15 dias apresentam perdas em torno de 85%, aos 30 dias 50 a 70% e no florescimento e formação de vagens 43%. Em relação à qualidade das sementes, o peso pode reduzir em torno de 50%, além de certa porcentagem apresentar-se deformada.

Prevenção é sempre melhor

Vale ressaltar que o controle da Bemisia tabaci de forma precoce, no início da cultura, é muito importante para evitar a evolução da população da mosca-branca. É bom lembrar que a quebra de ciclo ocorre com a morte da Bemisia tabaci por inanição. Se não tiver planta hospedeira para se alimentar e reproduzir, ela morre!

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