24.6 C
Uberlândia
quinta-feira, novembro 21, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioDestaquesCorda-de-viola: Controle em lavouras cafeeiras

Corda-de-viola: Controle em lavouras cafeeiras

Daniela AndradeMestre em Fitotecnia e gerente de Planejamento Agrícoladaniela.agronomia9@gmail.com

Corda-de-viola – Créditos: João Paulo Teixeira

A corda-de-viola, também conhecida como cipó, corriola, campainha ou jetirana, é um grupo de plantas daninhas de hábito trepador, com caule, ramos e folhagens volumosas, podendo alcançar três metros de comprimento.

Na cultura do café, a presença dessa planta tem se tornado um grande problema devido à dificuldade no manejo e os prejuízos na produção. Os principais prejuízos são devido à concorrência da invasora com o cafeeiro por nutrientes, água e luz.

Aproveitando os cafeeiros como seu tutor, a corda-de-viola acaba se tornando duplamente prejudicial, pois, além de concorrer por água e nutrientes, também acabam encobrindo a folhagem e, muitas vezes, toda a copa dos cafeeiros, impedindo-a de exercer suas funções de fotossíntese. Além disso, atrapalham as pulverizações na folhagem e os trabalhos de colheita, e são hospedeiras de pragas e doenças.


Causas

A infestação de corda-de-viola nos últimos anos vem aumentando devido às seguintes razões (Matiello, 2016):

 a) O manejo de plantas daninhas por herbicidas em área total é falho, pois a operação, em sua maioria, não consegue atingir a corda-de-viola que está próxima ou junto à linha do café. E, antigamente, isso não era um problema, pois era comum na capina a enxada “pegar” a corda-de-viola nesse local.

b) Não existe um herbicida seletivo à corda-de-viola. Com isso, hoje não se consegue realizar uma aplicação para corda-de-viola sem prejudicar o café. E, assim, o manejo fica dificultado quando estão sobre o cafezal.

c) O uso de colhedoras mecanizadas ajuda na disseminação das sementes. A colhedora, quando passa, estraçalha a corda-de-viola e as sementes se depositam no interior da máquina. Então, estas são carregadas para outros pontos da lavoura.

d) O recolhimento do café do chão também contribui para distribuir as sementes e, por fim, a “volta do cisco” para debaixo da copa dos cafeeiros coloca a semente num local de difícil acesso.


Sintomas de corda-de-viola

Normalmente, a corda-de-viola se desenvolve entre os pés de cafés, na linha, devido ao manejo intenso de herbicida e roçagens nas ruas.

Quando o agricultor faz o giro nas lavouras, ele deve observar a copa do pé de café para identificação da corda-de-viola. A erva possui uma folhagem mais escura e aveludada que o cafeeiro. Porém, quando estão no topo das lavouras, a única alternativa é entrar com a capina, pois nesse momento já passou o “time” de controle, e também não existe um herbicida seletivo para aplicação quando chega a esse tamanho.

Os sintomas no cafeeiro aparecem quando a corda-de-viola foi controlada (corda-de-viola foi morta), principalmente se feita de forma tardia, pois o local onde estava instalada a corda-de-viola fica enfraquecido e com poucas folhas devido à sombra.

Caso não for controlada, na colheita isso pode ser agravado, pois ao passar a colhedora a erva embaraça na máquina, “puxa” e arranca os galhos ou até mesmo o pé de café inteiro, dependendo do seu porte.

Prevenção e controle

Quanto ao controle da corda-de-viola, a antecipação para a época do início das águas, estágio que as ervas possuem tamanho menor e ainda não subiram nas plantas de café, é o ideal. Para isso, deve-se aplicar herbicida adequado, podendo ser uma aplicação sequencial (três semanas após a primeira), podendo ser associados, de acordo com a necessidade, ao glifosato.

O uso de pré-emergente na linha dos cafeeiros reduz bastante a infestação da corda-de-viola, porém, o custo desse tipo de herbicida ainda é elevado, sendo recomendado para áreas infestadas.

Caso algumas ervas se desenvolvam entre as plantas de café e escapem desse controle químico, haverá necessidade de fazer o repasse manual, arrancando antes das ervas subirem nos cafeeiros e evitando que produzam sementes.

Com ervas já encobrindo os cafeeiros, usar apenas o arranquio na raiz próximo ao solo, sem tirar as ervas, pois na retirada pode-se derrubar frutos de café dos ramos. Uma alternativa que alguns agricultores estão realizando é a adaptação de hastes laterais, em roçadeiras, e de bicos que joguem herbicida mais debaixo da saia do cafeeiro, o que reduz o trabalho do repasse manual.

Outra alternativa é um implemento que funciona como uma roçadeira, o qual possui uma corda que vai “batendo” no pé do café com a finalidade de enrolar a corda-de-viola, porém, ainda são protótipos e ideias que estão sendo testadas em campo.

Todo cuidado é pouco

O erro mais frequente no combate à corda-de-viola é o escape do controle no estágio inicial da erva, quando a mesma já subiu no pé de café. Se isso acontecer, recomenda-se apenas a capina manual para o arranquio das mesmas e isso vai elevar o custo por hectare, podendo inviabilizar o tratamento por esse meio, além da dificuldade de contratação urgente de várias pessoas para realização do manejo manual.

A melhor forma de evitar esses erros ainda é realizar a inspeção periódica da lavoura, se possível, com técnicos treinados ou mipeiros para identificação do nível de infestação e assim realizar o manejo na hora certa, evitando desperdício de produto.

Quanto custa?

Volto a ressaltar que a melhor e mais econômica estratégia é realizar o manejo antecipado com bons produtos herbicidas e cuidados na operação de aplicação para atingir o alvo (corda-de-viola), estando na linha ou na rua.

Quando necessário, entrar com capinas em pequena parte da lavoura. Entretanto, se esse manejo for feito de forma errada, o custo dessa operação será altíssimo.

ARTIGOS RELACIONADOS

ANVISA autoriza uso do paraquat por mais três anos

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), vinculada ao Ministério da Saúde, decidiu rever sua posição de suspensão do herbicida paraquat do mercado brasileiro...

Nutrição e resistência às doenças com o silício

  Paulo Henrique Leite Machado Graduando em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), membro do grupo PET Agronomia, coordenador de imprensa do Grupo de Estudos...

O fósforo e as substâncias húmicas

Nilva Terezinha Teixeira Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, Bioquímica e Produção Orgânica do Centro...

Entrelinhas do café: benefícios de plantas de cobertura

A longevidade da lavoura é favorecida por um solo mais rico em microrganismos, umidade, temperaturas adequadas e reciclagem de nutrientes

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!