Diego Henriques Santos – Pesquisador – Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM) – dh.agroengenharia@gmail.com
Quênia de Souza Barros – Pesquisadora – Agência Amazonense de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (AADESAM) – qsflorestal@gmail.com
Versátil e benéfico à saúde, o chuchu é também um aliado da economia doméstica, por ser barato em comparação a outros alimentos. De fácil cultivo, presente em todo o planeta, cresce praticamente em todo lugar onde for plantado, podendo ser encontrado em qualquer época do ano.
O chuchu é uma planta trepadeira originária da América Central e do México. Está entre as dez hortaliças mais consumidas no Brasil. A planta é semiperene e o fruto atinge o ponto de colheita em torno de 12 a 14 dias, quando está macio e sem fibras.
Dependendo da cultivar, o fruto pode ser classificado em grande, médio ou pequeno – a cor pode ser branca, creme, verde-claro ou verde-escuro, e com ou sem espinhos macios na superfície.
Os frutos são consumidos principalmente cozidos, em salada e conserva. É um alimento nutritivo, sendo fonte de diversas vitaminas, sais minerais, aminoácidos livres e fibras. Por essas características e por ser de fácil digestão, é um alimento recomendado para dietas. Tem poucas calorias e é rico em minerais como fósforo, potássio, cálcio e magnésio, bem como em vitamina C, em fibras e antioxidantes.
Características
A planta pertence à família Curcubitaceae, a mesma do pepino, melancia, maxixe, melão e abóbora. Seu cultivo é mais comum na agricultura familiar e ideal para pequenas propriedades.
O chuchu é uma cultura dependente de insetos polinizadores, abelhas principalmente, fator que deve ser levado em consideração na decisão sobre a necessidade de se aplicar ou não determinados produtos fitossanitários.
O cultivo prefere temperaturas amenas, entre 15 e 28°C. O frio é um fator limitante e a cultura não tolera geadas. Temperaturas acima de 28°C fazem com que a planta brote em excesso e provocam queda de flores e frutos.
As altitudes ideais para a produção são aquelas acima de 700 metros, com ótima produção em altitudes entre 1.000 e 1.200 metros. Pode ser plantado o ano todo em regiões de clima quente, com irrigação.
Quanto ao solo, as plantas se desenvolvem bem em todos os tipos de solo, desde que bem preparados e manejados e não toleram terrenos encharcados. Evitar locais com ventos fortes, pois provocam a quebra de ramos e brotações e a queda de flores e frutos.
Produção brasileira
O chuchu segue crescendo em importância como alimento no Brasil, maior produtor do mundo dessa hortaliça. O País possui uma produção anual de aproximadamente 271.344 toneladas, sendo o Espírito Santo o maior produtor, com 49.972 toneladas, seguido pelos Estados de São Paulo, com 44.134 toneladas, Rio de Janeiro, com 37.490, Bahia, com 33.967 e Minas Gerais, com 32.614 toneladas.
O valor total desta produção supera a marca de R$ 133 milhões. De acordo com as estimativas do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o Brasil possui 16.160 estabelecimentos agropecuários que cultivam chuchu, sendo que 3.853 estão localizados no Estado de Minas Gerais, que concentra o maior número destes estabelecimentos, seguido pelos Estados de Santa Catarina e Bahia.
O Estado de São Paulo possui três regiões produtoras de chuchu denominadas serrana e metropolitana, localizadas no planalto, e litorânea. Na região serrana, os maiores produtores são os municípios de Amparo, Atibaia, Monte Alegre do Sul e Socorro.
[rml_read_more]
Na região metropolitana, a produção concentra-se em Embu, Guarulhos, Itapecerica da Serra, Parelheiros e São Lourenço da Serra. A região produtora litorânea está localizada no Vale do Ribeira e concentrada nos municípios de Iguape e Registro.
Tanto em São Paulo como em outros Estados são cultivados tipos varietais de chuchu e, em geral, recebem nomes locais. Em São Paulo, o tipo cultivado nas áreas de planalto é denominado “Paulista”, enquanto o tipo cultivado na região litorânea recebe os nomes “Santista” e “Iguape”.
O mercado paulista tem preferência por frutos de coloração verde-claro, sem espinhos, com gomos pouco salientes e tamanho de 12 a 17 cm de comprimento por 5,0 a 8,0 cm de largura. A intensidade da cor do fruto verde varia entre plantas e com a intensidade da insolação na época da frutificação.
Oferta e demanda
De acordo com a CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento, em 2021 os preços das principais hortaliças vendidas no atacado registraram queda no primeiro trimestre do ano, reflexo da maior oferta nos mercados, aliado a uma diminuição no consumo.
O mesmo comportamento foi verificado em relação às frutas. Na CEAGESP, em São Paulo, as hortaliças que ficaram mais baratas foram o chuchu (-36%). Neste mesmo período, a Ceasa Minas registrou queda de 22,0% no preço do chuchu, na primeira semana de março de 2021.
Os preços caíram de R$ 2,36/kg para R$ 1,84/kg. Já na segunda semana registrou-se dois aumentos, de 28,3% e de 44,9%, e os preços passaram para R$ 3,42/kg. A variação média de uma semana para a outra foi de +24,1%, passando de R$ 2,19 para R$ 2,71 o quilo, mostrando que o produto possui uma grande variação de preço em períodos curtos de tempo.
Economistas explicam que ocorrem variações de preços em função das chuvas que afetam a colheita do início do ano, resultando em oferta menor que a demanda, e produtos ‘machucados’ nas prateleiras.
Plantio
Estima-se que no Brasil seja cultivada uma área equivalente a 5.000 hectares. A época ideal de plantio é de outubro a fevereiro para os Estados do Sul, de agosto a março para os Estados do Leste e Centro-Oeste e o ano todo para as regiões norte e nordeste, desde que haja irrigação.
O solo deve ter boa textura e estrutura, para facilitar o desenvolvimento do sistema radicular e a drenagem do excesso de água nos períodos chuvosos. O pH ideal para o chuchuzeiro é 7,0. A colheita tem início cerca de 90 a 120 dias após o plantio e atinge o máximo de produção por colheita a partir dos 150 dias do plantio.
A produção de frutos é constante, exceto em períodos de chuvas intermitentes, que prejudicam a atividade dos insetos polinizadores, e de temperaturas abaixo de 15ºC e acima de 35ºC, que provocam aborto de flores e frutos.
Faz-se de duas a três colheitas por semana para evitar que os frutos passem do ponto de consumo. É importante a colheita dos frutos no ponto certo de seu desenvolvimento, para que apresentem boa palatabilidade, sabor, capacidade de conservação e resistência ao manuseio.
Frutos novos são tenros, porém sem sabor, e são facilmente danificados. Frutos muito desenvolvidos apresentam mau aspecto, são compactos e fibrosos, pouco palatáveis. Assim, as colheitas devem ser feitas em intervalos de um a três dias, para que os frutos não passem do ponto de colheita.
Produtividade
A produtividade depende da duração da colheita. Em culturas renovadas anualmente, a média está em tomo de 80 t/ha, para um período de cinco a seis meses de colheita, como acontece nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Nas regiões de inverno ameno, onde as colheitas podem prolongar-se por oito a dez meses, como no Distrito Federal, a produtividade pode alcançar até 150 t/ha.
Custo de produção e rentabilidade
O custo de produção varia de região para região, em função principalmente do valor do adubo mineral, mas encontra-se atualmente em uma média de R$ 58.000/ha, para formação e manutenção no primeiro ano de cultivo, irrigado.
O chuchu apresenta uma boa oportunidade de renda, em função do ciclo curto, do fácil manejo e colheita quase o ano todo. Tem grande aceitação no mercado, sendo uma das hortaliças mais consumidas no Brasil, já que faz parte do dia a dia da população, seja em refeições caseiras ou em restaurantes, o que aumenta a possibilidade de venda e lucratividade.
Outro motivo é o manejo fácil da cultura, que não exige tratos especiais e cresce em qualquer área, independente do tamanho e solo. O chuchuzal começa a proporcionar renda a partir de três meses da implantação e daí em diante as colheitas se sucedem duas a três vezes por semana, por vários meses consecutivos, nas regiões livres de invernos frios.
A receita torna-se maior que as despesas a partir do sexto mês da implantação da cultura. Após o sexto mês, a receita mensal gerada é superior às despesas incorridas, proporcionando ao produtor altos retornos ao capital empregado.
A rentabilidade é bastante variável durante o ano, mas o retorno do capital é da ordem de 60%, somente no primeiro ano da cultura, em regiões como o Distrito Federal. O segundo e terceiro anos proporcionarão retornos ainda maiores, pois alguns custos deixarão de onerar a cultura.
Exigências de mercado
O mercado exige que o chuchu tenha a cor, o formato e a textura uniformes. São descartados os frutos que apresentam maior número de defeitos. Cuidados desde o plantio até a colheita são fundamentais para o sucesso da produção.
Gostei muito do conteúdo, mas seria interessante colocar as referências para ser possível o leitor se aprofundar mais sobre o tema.
Olá Vitória! As referências são os autores do artigo. Se precisar de mais informações, pode mandar um e-mail para miriam@revistacampoenegocios.com.br