Laís Naiara Honorato Monteiro
Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia/Horticultura (UNESP Botucatu) e professora – Centro Universitário de Votuporanga (UNIFEV)
lais.monteiro@unesp.br
Beatriz Cerqueira Simões
b.simoes@unesp.br
Bruna da Silva Barros
bruna.s.barros@unesp.br
Graduandas em Engenharia Agronômica (UNESP Ilha Solteira)
No Brasil, a agricultura orgânica é particularmente relevante para o cultivo de alho (Allium sativum) e cebola (Allium cepa), duas culturas amplamente consumidas no país e com significativo valor econômico.
O cultivo em sistema orgânico, além de permitir uma produção mais sustentável, garante alimentos de melhor qualidade e constitui-se de uma alternativa para a obtenção de renda, principalmente para agricultores de base familiar.
Para melhorar a produção de aliáceas, recomenda-se realizar a rotação de culturas com plantas que tenham raízes densas, produzam boa quantidade de palha e sejam eficazes na extração de nutrientes do solo e na fixação de nitrogênio.
Durante o verão, as espécies populares de adubo verde incluem mucuna-preta, Crotalaria juncea, Crotalaria spectabilis, feijão-de-porco, girassol, milheto e sorgo forrageiro.
No inverno, são comumente utilizados aveia preta, nabo forrageiro, ervilhaca e ervilha forrageira. A melhor época para incorporar essas culturas é durante a fase de florescimento, quando há maior produção de biomassa e fixação de nitrogênio.
Aplicação de adubos orgânicos
O alho é responsivo à adubação orgânica, podendo ser feita pela aplicação de esterco de gado ou de aves completamente curtido. A quantidade recomendada de esterco bovino é de 3,0 kg/m2, enquanto que para o de aves é aconselhável 1,0 kg/m2.
O adubo orgânico deve ser distribuído a lanço sobre o solo antes da última gradagem para garantir uma ótima incorporação. Para a cebola, é indicada uma combinação de 200 g/m2 de fosfato natural e fontes orgânicas bem curtidas, como esterco de aves ou suínos (1,0 a 2,0 kg/m2), esterco bovino (5,0 kg/m2), composto orgânico estabilizado de esterco suíno (4,0 kg/m2) ou vermicomposto/húmus de minhoca (5,0 kg/m2).
Recomenda-se a aplicação a lanço de fosfato natural e fertilizante orgânico seguido da incorporação com enxada rotativa. Fertilizantes advindos de fontes externas à propriedade devem ser compostados antes do uso, para evitar problemas de contaminação química e/ou microbiológica. Somente fontes de fósforo aprovadas para cultivo orgânico devem ser usadas.
Manejo de plantas daninhas e doenças
Para evitar plantas invasoras próximas às lavouras, recomenda-se a capina em faixas. No plantio em canteiros, é melhor capinar nas linhas apenas nos momentos críticos, preservando a vegetação nas entrelinhas, ou roçando-a apenas quando atrapalhar os tratos culturais.
A cobertura morta também é desejável em sistemas orgânicos para manter o equilíbrio do solo e boas características, enquanto controla as plantas daninhas. Após o transplante de mudas, é indicado a cobertura morta nas entrelinhas. Grama seca (sem sementes), palha de arroz ou outros resíduos vegetais com alta relação C:N podem ser usados como materiais de cobertura.
Para o manejo de pragas e doenças, é fundamental a aplicação dos princípios e conceitos convencionais do Manejo Integrado de Pragas e Doenças (MIPD), como o manejo do solo e da nutrição de plantas, uso de cultivares adaptadas ao solo e clima da região, consórcio e rotação, cultivo em faixas ou em bordaduras, época ideal de plantio, melhor forma de cultivo e colheita, bem como cultivo das chamadas plantas armadilhas.
Dificuldades
O cultivo orgânico de alho e cebola pode enfrentar várias dificuldades, como:
Controle de pragas e doenças: os agricultores orgânicos contam com métodos naturais para controlar pragas e doenças, o que pode ser desafiador e demorado. As plantações de alho e cebola são particularmente vulneráveis a pragas como tripes e nematoides, que podem causar perdas significativas na produção.
Fertilidade do solo: os agricultores orgânicos precisam manter a fertilidade do solo sem o uso de fertilizantes sintéticos, o que pode ser difícil. Os agricultores orgânicos costumam usar composto, culturas de cobertura e rotação de culturas para manter a saúde do solo, mas isso pode ser um processo lento.
Controle de plantas daninhas: os agricultores orgânicos dependem da capina mecânica ou do uso de métodos naturais de controle de ervas daninhas, que podem ser trabalhosos e caros. As culturas de alho e cebola são particularmente vulneráveis, o que pode reduzir o rendimento e a qualidade.
Requisitos de certificação: os agricultores orgânicos precisam atender a requisitos rígidos de certificação para vender suas colheitas como orgânicas. Esses requisitos podem ser complexos e caros de atender, principalmente para pequenos agricultores.
Acesso ao mercado: os agricultores orgânicos podem enfrentar desafios no acesso aos mercados para seus produtos, principalmente se forem produtores de pequena escala. O mercado de alho e cebola orgânicos pode ser limitado e a concorrência pode ser acirrada.
Diferenciação do produto
Cultive diferentes variedades de alho e cebola que são únicas e não comumente encontradas nos mercados convencionais. Isso pode ajudar a diferenciar os produtos e atrair consumidores que procuram produtos especializados ou de nicho.
Embalagem: apresentar o produto de forma atraente, embalado e com rótulos informativos pode fazer com que os produtos se destaquem nas prateleiras e aumente seu valor percebido (o alho embalado sai mais caro do que o solto nas bancas).
Produtos de valor agregado: desenvolva produtos de valor agregado, como alho e cebola em pó, óleos, picles e molhos. Isso pode ajudar a criar novos mercados para os produtos e aumentar seu apelo para uma gama mais ampla de consumidores.
Certificações: obtenha certificações orgânicas para fornecer aos consumidores a garantia de que os produtos atendem a rígidos padrões orgânicos e foram produzidos usando práticas agrícolas sustentáveis e ecológicas. Isso pode aumentar o valor percebido dos produtos e levar a uma maior demanda e preços premium.
ADUBOS ORGÂNICOS RECOMENDADOS:
Para o alho
• Esterco bovino: 3,0 kg/m2;
• Esterco de aves: 1,0 kg/m2.
Para a cebola
• Combinação de 200 g/m2 de fosfato natural e fontes orgânicas bem curtidas;
• Esterco de aves ou suínos (1,0 a 2,0 kg/m2);
• Esterco bovino (5,0 kg/m2);
• Composto orgânico estabilizado de esterco suíno (4,0 kg/m2);
• Vermicomposto/húmus de minhoca (5,0 kg/m2).
Manejo
Recomenda-se a aplicação a lanço de fosfato natural e fertilizante orgânico seguido da incorporação com enxada rotativa. Fertilizantes advindos de fontes externas à propriedade devem ser compostados antes do uso, para evitar problemas de contaminação química e/ou microbiológica. Somente fontes de fósforo aprovadas para cultivo orgânico devem ser usadas.
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