Givago Coutinho – Doutor em Fruticultura e professor efetivo do Centro Universitário de Goiatuba (UniCerrado) – givago_agro@hotmail.com
A figueira cresce naturalmente na ausência de podas, formando plantas de grande porte, fato que acontece nos países produtores de figos do mundo, como a Líbia, Turquia, Itália e Portugal. Já no Brasil, as figueiras são conduzidas no sistema de podas drásticas, visando à redução dos ramos que cresceram e produziram no ciclo anterior, durante o período de inverno.
Nos primeiros três anos, após o plantio, busca-se formar uma estrutura adequada para inserção dos ramos produtivos. A essa técnica denomina-se poda de formação.
A condução
Em razão do sistema de manejo de podas das figueiras, realizado no Brasil, inicialmente a condução é em haste única e quando a planta atinge os 50 cm de altura faz-se o desponte. Esse desponte ou poda inicial consiste na eliminação da gema apical e pode ser feito com tesoura de poda.
Ao realizar-se essa operação aparecem brotações laterais, que devem crescer livremente até atingirem 10 cm, para depois serem selecionados no máximo três brotos equidistantes no tronco, sempre a partir de 30 cm do solo, eliminando o excesso.
A partir daí, deixa-se crescer somente esses ramos, eliminando qualquer brotação que ocorrer, tanto no tronco como nos próprios ramos. Todos esses passos ocorrem no primeiro ano pós-plantio.
A partir do segundo ano, no inverno, entre os meses de junho e agosto, realiza-se a segunda intervenção na planta, visando a sua formação. É a partir dessa fase que a poda de formação se confunde com a poda de produção, pois ao realizar-se essa operação, uma poda drástica nos ramos se dá preparando a planta também para a produção nesse ano, pois a figueira produz seus frutos nos ramos resultantes dessa poda.
Recomendações
Os procedimentos da poda são os seguintes: os ramos serão cortados distantes do tronco entre 10 e 15 cm, deixando-os, no mínimo, com duas gemas por ramo. Uma vez iniciadas as brotações, deixa-se os brotos crescerem também até atingirem 10 cm, selecionando-se somente as duas brotações voltadas para o exterior do ramo e eliminando-se o excesso.
Dessa forma, cada planta irá desenvolver seis ramos, que também deverão ser conduzidos, eliminando qualquer brotação, tanto neles quanto no tronco principal.
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No terceiro ano, também no inverno, realiza-se novamente a poda, agora nos seis ramos que a planta desenvolveu, nos mesmos procedimentos do segundo ano, reduzindo-se esses ramos entre 10 e 15 cm de comprimento. No início da brotação, quando esses atingirem 10 cm de comprimento, preservam-se apenas duas brotações por ramo.
Assim, a figueira terá então 12 ramos por planta, que crescerão livremente e produzirão frutos. No próximo inverno, a figueira já estará com sua estrutura de copa formada e, dessa forma, iniciarão as podas de produção propriamente ditas.
Poda de plantas adultas
A partir do momento que a planta apresenta-se com 10 a 14 ramos (média 12), tem-se a conformação da figueira definitiva. É nessa fase que se iniciam as podas anuais de frutificação, considerando a planta já adulta.
O processo da poda segue os mesmos procedimentos descritos anteriormente para a formação. As brotações que produziram no ciclo anterior devem ser reduzidas. Corta-se cada ramo a cerca de 5,0 cm da base, em bisel (corte do ramo com leve inclinação para o interior da planta) a fim de facilitar o escorrimento de água da chuva e o aumento da superfície externa do ramo.
Após a brotação, quando esses estiverem com aproximadamente 10 cm de comprimento, realiza-se a desbrota, devendo-se selecionar um a quatro brotos por ramo, preferencialmente voltado para o exterior da planta.
Conduzem-se esses ramos livremente, eliminando toda e qualquer brotação, tanto nos ramos novos como no tronco. O número de ramos produtivos selecionados por ramo no momento da desbrota é em função do espaçamento e do destino da produção. Em espaçamento mais amplo, pode-se conservar mais ramos e em espaçamentos mais adensados menos ramos no momento da desbrota.
Casos específicos
Normalmente, para a produção de figos verdes para a industrialização, são preservadas duas a três brotações por ramo (total de 12 a 18 ramos por planta) e na produção de figos maduros somente um ou dois (total de seis a 12 ramos por planta).
A frutificação irá ocorrer na inserção das folhas com o ramo, na medida em que ele se desenvolve. É de fundamental importância manter as folhas na planta, para que o fruto tenha o desenvolvimento desejado, pois a queda prematura, causada, principalmente, por doenças, afeta seu desenvolvimento.
Deve-se dar especial atenção à produção de figos maduros para mesa. Os ramos resultantes da poda devem ser retirados do pomar e, com as restrições ambientais para queima, recomenda-se que sejam triturados e utilizados como cobertura morta para o próprio pomar.