Bianca Prisco Soares
Engenheira agrônoma e assistente técnica de vendas
byancaprisco35@gmail.com
Marcelo de Souza Silva
Engenheiro agrônomo, doutor e professor – Centro Universitário de Ourinhos (UNIFIO)
marcelo.silva@unifio.edu.br
Os produtores de soja estão buscando cada vez mais alternativas para aumentar a produção, reduzindo os custos. Vários fatores podem afetar diretamente o desempenho do desenvolvimento da planta e a qualidade do produto final, sendo o suprimento de nutrientes um deles.
Quando se trata da adubação na cultura da soja, existem diversos produtos contendo macro e micronutrientes, cuja utilização tem aumentado ao longo dos anos. Instituições de pesquisas têm conduzido experimentos e estudos que enfatizam a grande variabilidade de resultados relacionados à aplicação desses nutrientes.
Nutrição via foliar
Além de preparar o solo, corrigindo a acidez, cobrindo-o adequadamente e tratando as sementes, uma excelente opção para aumentar a produtividade da lavoura é a aplicação de adubo foliar, que consiste em um processo nutricional complementar para a planta.
Entre os estágios VC (primeiras folhas trifoliadas) e V4, ainda é possível realizar a adubação via solo, mas isso envolve custos elevados e o risco de a planta não conseguir absorver 100% dos nutrientes, devido à sua baixa mobilidade.
Portanto, a aplicação foliar e o tratamento via sulco de plantio são alternativas a serem consideradas. Em casos em que a adubação via solo já foi feita, é recomendável a análise foliar na lavoura. Isso envolve a coleta do terceiro par de folhas e sua análise em laboratório, a fim de identificar deficiências nutricionais ou mesmo a presença de toxicidade de nutrientes.
O período em que a planta absorve a maior quantidade de nutrientes corresponde à fase do desenvolvimento da planta em que as demandas nutricionais são mais elevadas, que vai do estágio V2 (primeira folha trifoliada completamente desenvolvida) até o estágio R5 (início do enchimento dos grãos).
A velocidade de absorção aumenta durante o período de floração e início do enchimento dos grãos, resultando em uma alta taxa de translocação na planta durante esse período.
Vale a pena?
Pesquisas realizadas pela Embrapa demonstraram retornos significativos, principalmente para manganês (Mn), cobalto (Co) e molibdênio (Mo). A carência de manganês, por exemplo, resulta em clorose entre as nervuras das folhas mais jovens, que se tornam verde-pálidas e, posteriormente, amarelo-pálidas.
Quando se trata de adubação líquida, é importante destacar a importância da quelatização, que envolve a ligação de um cátion a uma molécula orgânica com carga negativa. Isso neutraliza a carga do nutriente e facilita sua absorção pela planta de forma mais rápida e eficiente.
Quando falamos de fertilização via sulco de plantio, estamos nos referindo à modalidade de adubação que utiliza fertilizantes fluidos. Esses fertilizantes podem se apresentar na forma de soluções líquidas, isentas de sólidos, ou suspensões que contêm uma fase sólida dispersa em um meio líquido.
Eles podem ser homogêneos ou heterogêneos e, como característica principal, são manipuláveis, transportáveis, armazenáveis e aplicáveis de forma fluida na lavoura.
Resultados práticos
O uso de fertilização líquida pode resultar em uma redução de até 90% na quantidade de adubo necessária, reduzindo também a mão de obra, o consumo de combustíveis e melhorando a eficiência operacional de plantio, com uma redução de até 25% em comparação com métodos convencionais de manejo.
Os benefícios da tecnologia de aplicação líquida/foliar para a soja podem ser medidos pelo aumento da produtividade e pela maior praticidade das operações. A fertilização líquida também ajuda a reduzir a volatilização de nitrogênio em condições de alta temperatura.
Como exemplo, o uso de fertilizantes sólidos permite a aplicação em cerca de 50 hectares por dia, enquanto o uso de fertilizantes líquidos pode aumentar essa taxa para 250 hectares por dia.
O uso de fertilizantes líquidos oferece numerosos benefícios em termos de eficácia da adubação e, principalmente, na conservação do meio ambiente. No entanto, para implementar a aplicação via sulco de plantio é importante considerar princípios como a deposição do fertilizante em um local de fácil acesso às raízes da planta, reduzindo as perdas para o meio ambiente.
Isso pode ser alcançado depositando o fertilizante na camada subsuperficial do solo, próxima às raízes da soja. Nesse contexto, o uso de fertilizante líquido nitrogenado oferece alternativas estratégicas para o acesso à subsuperfície do solo.
Máxima produtividade
A utilização de adubos líquidos e foliares, juntamente com a correção do solo e outras práticas agronômicas, tem se mostrado eficaz em atender às crescentes demandas por produção agrícola de alta qualidade e sustentável.
A pesquisa contínua e a adoção de tecnologias inovadoras, como a quelatização de nutrientes, têm o potencial de otimizar a absorção de nutrientes pelas plantas, melhorando a eficiência dos fertilizantes e reduzindo os impactos ambientais.