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Floresta de eucalipto

Produtividade e rentabilidade

Madeira – Crédito: Ana Maria Diniz

O eucalipto é a espécie arbórea de uso industrial mais plantada no Brasil. Suas folhas e madeira podem ser utilizadas para diferentes fins, como: energia, celulose e papel, laminação, serraria, medicamentos, cosméticos, tecidos e alimentos.

O ciclo do eucalipto depende das condições do clima e solo da propriedade e da finalidade para qual será usada a madeira. Pode-se iniciar o corte a partir dos seis e oito anos de idade para a produção de lenha, carvão vegetal, mourões e para celulose. Em plantios destinados para a produção de madeira serrada, o corte normalmente é feito após os 12 anos de idade das plantas.

Uma característica interessante da planta de eucalipto é que há a rebrota. Ou seja, depois do primeiro corte há a brotação de uma nova planta no toco (cepa) que ficou no solo. A rebrota pode ser utilizada para mais dois cortes. Essa característica é uma vantagem para o produtor que, com apenas um plantio, pode realizar três colheitas.

Florestas plantadas gerando lucros

Além da participação econômica, o segmento de florestas plantadas promove a inclusão social via geração de empregos, impactando 3,8 milhões de pessoas direta e indiretamente, somando empregos diretos (0,5 milhão) e indiretos, incluindo o setor primário e processamento industrial.

Toda a floresta plantada no Brasil, com diferentes espécies de árvores, ocupa uma área de 7,83 milhões de hectares e se destinam aos mais variados usos:

• 36% papel e celulose;

• 29% madeira em tora;

• 12% siderurgia a carvão vegetal;

• 10% em ativos florestais (Timos);

• 6% painéis de madeira e pisos laminados;

• 4% produtos sólidos de madeira;

• 3% outros segmentos.

De toda essa floresta, 73% (5,7 milhões de hectares) são ocupados pelo plantio de árvores de eucalipto. E esse plantio é localizado principalmente nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

A produtividade das florestas plantadas no Brasil vem aumentando. Em 2020, mesmo com condições climáticas não muito favoráveis, houve um crescimento de 0,5% na produtividade do eucalipto. Esse aumento se deu pelo investimento em pesquisa genética para o aperfeiçoamento de técnicas de manejo florestal e melhoria das espécies produzidas.

Espécies de eucalipto mais utilizadas no Brasil

Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), mais de 600 espécies do gênero Eucalyptus apresentam potencial em plantações industriais.

No entanto, aproximadamente 20 espécies são comercialmente cultivadas no mundo. Muitas delas apresentam resistência ao cancro, uma doença importante para a cultura do eucalipto que é causada por várias espécies de fungos (Cryphonectria cubensis, Valsa ceratosperma – fase sexuada, e Cytospora spp. – fase assexuada e Botryosphaeria ribis).

Uma das espécies mais amplamente distribuídas no mundo e a mais plantada no Brasil, o Eucapyptus grandis ocorre naturalmente em regiões de clima quente e úmido, com temperaturas que variam entre 3,0 a 32°C.

Principais usos do Eucalyptus grandis

Além de ser a maior fonte de matéria-prima para a indústria de celulose no Estado de São Paulo, a espécie E. grandis também é recomendada para serraria e laminação. É amplamente utilizada para produzir caixas e para a construção. Por somente produzir madeira de alta densidade a partir do 12º ano após o plantio, essa espécie não é recomendada na indústria de geração de energia.

Eucalyptus urophylla

Por apresentar tolerância ao cancro, esta espécie é recomendada para regiões tropicais quentes e úmidas. A árvore apresenta rápido crescimento, média a alta densidade de madeira, com diâmetro acima de 1,2 metros e podendo atingir mais de 50 metros de altura. A maior plantação desta espécie no mundo é localizada no Brasil.

Devido à elevada densidade de madeira, E. urophylla é recomendada para a indústria energética na produção de carvão e de construção por apresentar alta resistência, sendo utilizada para produzir móveis, muros e quebra-vento.

Eucalyptus benthamii

Esta espécie é conhecida por ser tolerante a geadas. Esta característica é interessante para regiões em que a temperatura média anual seja de aproximadamente 14°C, por isso, no Brasil seu cultivo ocorre em regiões subtropicais.

As árvores possuem alta produtividade e atingem, em média, 50 metros. A preferência para cultivo é em solo com presença de argila e profundidade entre 0,5 a 1,5 metros.

Árvores da espécie E. benthamii são recomendadas para reflorestamento, indústria de celulose e produção de lenha, carvão e serraria.

Eucalyptus saligna

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E. saligna tem como uma de suas características mais importantes a sua altura, podendo atingir mais de 65 metros. O clima recomendado para esta espécie é o quente e úmido, com temperaturas que podem variar de 24 a 33°C no verão e, -2 a 8°C em períodos mais frios.

Geadas causam menos severidades em comparação com a espécie denominada E. grandis. Apresenta melhor desenvolvimento em solo franco-arenoso e bem drenado.

As características da E. saligna são similares às da espécie E. grandis. No entanto, a primeira espécie apresenta maior densidade de madeira. Sua utilização é generalizada, mas recomenda-se maior uso na indústria de construção de móveis e laminados, energética e para celulose.

Eucalyptus deglupta

Não está entre as variedades mais produzidas no Brasil, no entanto, apresenta características que despertam grande interesse. Quando a espécie está na fase adulta e quando seu tronco descasca, surgem novas camadas de cores que aparecem como manchas azuladas, avermelhadas e esverdeadas.

Tal característica deu o nome de eucalipto arco-íris à espécie. Tem boa adaptação ao clima quente e úmido e solo de boa drenagem, podendo atingir três metros em um ano.

É utilizada como árvore ornamental, mas também possui características que permitem a sua utilização para produção de celulose.

Afinal, como escolher o que plantar?

A escolha da espécie a ser cultivada vai depender do planejamento do agricultor, das condições climáticas e de solo da propriedade e, para qual finalidade será destinada a produção. Não existe uma única espécie que atenda a todas as possibilidades de produção, por isso o planejamento do plantio deve ser feito com antecedência.

Esse planejamento precisa estabelecer, além das espécies de eucalipto, as demandas do mercado regional para que a comercialização seja mais efetiva, posteriormente.

A biotecnologia e o melhoramento genético têm trabalhado no desenvolvimento de clones melhorados para as principais espécies de eucalipto. Buscam maior homogeneidade de produção, maior produtividade e tolerância a geada, que é um grande problema da cultura para algumas regiões do Brasil.

Desmistificando o eucalipto transgênico

O eucalipto transgênico contribui para consolidar o Brasil como referência no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, ferramenta que deve contribuir na produção de celulose e papel nacionais, visto que 100% desses produtos utilizam as florestas plantadas de eucalipto como matéria prima.

O Brasil ocupa posição de destaque no setor mundial de florestas plantadas, não só em áreas de reflorestamento, como também plantações de árvores para a extração de madeira e outros produtos, como a celulose. Além do eucalipto, que é responsável por 70% das florestas plantadas no país, o gênero Pinus é também muito utilizado.

As condições climáticas favoráveis e tecnologias desenvolvidas por empresas e instituições nacionais fizeram com que o País, ao longo das últimas décadas, mais que dobrasse sua produtividade média de madeira.

Mesmo com todos os avanços e investimentos na cultura do eucalipto brasileiro, o cultivo dessa planta ainda enfrenta alguns desafios. A adaptação à ampla variabilidade ambiental, abrangendo solos frágeis e com baixa fertilidade, é um dos principais problemas.

Para superar esses desafios, a biotecnologia tem sido a estratégia mais apropriada para impulsionar a produtividade.

Produtivo e rentável

O eucalipto transgênico brasileiro – que tem o nome de H421 – possui o gene Cel 1 (que expressa a proteína Cel), foi extraído da planta Arabdopsis thaliana, e confere crescimento mais rápido às plantas, aumentando também a maior produção de madeira. Os estudos mostram que esse eucalipto produz cerca de 20% mais celulose do que a planta convencional.

Onde podemos usar o eucalipto:

• Na fabricação de celulose, papel e chapas;

• Em aplicações nos produtos de base florestal;

• Geração de açúcares usados para produção de etanol de segunda geração.

Adoção do eucalipto transgênico

Por mais que todas as pesquisas e a avaliação de cada transgênico seja baseada na análise de especialistas, que conhecem profundamente o funcionamento dos genes, a síntese de proteínas por eles codificadas e outros aspectos técnico-científicos o avanço do plantio do eucalipto transgênico ainda caminha a passos lentos.

O setor florestal conta com instituições certificadoras que conferem selos aos produtos que atendem a seus critérios de salvaguardas ecológicas aliados a benefícios sociais e viabilidade econômica.

A certificação das plantações florestais não é obrigatória, porém, elas atestam as práticas sustentáveis das fabricantes e, sem elas, boa parte dos países não aceita a madeira. Pelas regras atuais, se a empresa fizer o uso comercial de uma árvore transgênica, mesmo que em uma área pequena, ela perde a certificação de todas as suas áreas.

Ou seja, todo o trabalho de pesquisa, desenvolvimento e regulamentação está estagnado por uma certificação que não leva em consideração os benefícios e a segurança de uma cultura transgênica. Algo semelhante ao que tem acontecido com o atraso no cultivo do arroz transgênico e que poderia estar salvando vidas.

Tecnologia e avanços na produção de eucalipto

Os desafios na cultura do eucalipto não param, assim, os pesquisadores continuam estudando o genoma da planta a fim de desvendar a funcionalidade de muitos genes ainda desconhecidos e desenvolver variedades resistentes e mais produtivas.

No entanto, o consumo de madeira e celulose deverá triplicar até 2050. Portanto, soluções para responderem a essa demanda precisam ser consideradas, evitando a falta de matéria-prima para muitos setores da economia.

As novas pesquisas buscam, por exemplo:

• Elevar dureza e volume de madeira;

• Melhorar a qualidade da madeira;

• Aumentar o teor de celulose para produção de papel e tecidos;

• Ganhar eficiência e rendimento;

• Reduzir a lignina (macromolécula cuja função é dar aos tecidos vegetais rigidez e impermeabilidade);

• Promover tolerância a estresses bióticos;

• Promover tolerância a estresses abióticos.

Eucalipto transgênico tolerante ao frio

Os estudos de funcionalidade genética têm sido muito importantes para o desenvolvimento de plantas resistentes a diversos estresses, a exemplo do eucalipto transgênico tolerante a geadas e baixas temperaturas, trabalho esse liderado por pesquisadores da França, Vietnã e África do Sul.

De fato, o desenvolvimento dessa tecnologia só foi possível após identificação de dois genes (CBF EguCBF_K e EguCBF_Q) que conferem a tolerância ao frio na espécie Eucalyptus gunnii, que não é muito utilizada comercialmente.

Com isso, os pesquisadores introduziram esses genes em um híbrido de Eucalyptus (E. urophylla x E. grandis), que tem maior valor comercial e agora poderá ser plantado em regiões com temperaturas baixas mais extremas.

No mesmo segmento de pesquisa, plantas de eucalipto tolerantes a solos salinos também já foram desenvolvidas no Japão, com transferência de genes de tolerância salina da planta Mesembryanthemum crystallinum para o eucalipto.

Fonte: Croplife Brasil

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