Wilson Reis Filho
Pesquisador da Epagri à disposição da Embrapa Florestas
Mariane Aparecida Nickele
Pós-doutoranda – UFPR
As saúvas são consideradas os insetos que maiores danos causam à atividade agro-pastoril-florestal. Algumas espécies desfolham, indistintamente, mono e dicotiledôneas, e por este motivo constituem a pior praga das florestas plantadas.
Prejuízos
Já vimos danos causados formigas cortadeiras atingirem 70% das mudas de Eucalyptus nas primeiras semanas após o plantio. Isso pode ocorrer em áreas de implantação que, até então, eram mantidas como pastagem.
Nessas áreas mais abertas há uma ocorrência maior de formigas cortadeiras do que naquelas com vegetação mais densa. Em locais abertos é mais fácil a fundação e a manutenção dos ninhos, devido à menor diversidade de inimigos naturais e à menor ocorrência de obstáculos naturais para que as rainhas, após o acasalamento, alcancem a superfície do solo e iniciem a fundação dos seus ninhos.
Há, entre as espécies, as que são mais prejudiciais, não só pela maior quantidade e tamanho dos ninhos, como a saúva-limão (Atta sexdens), mas também pela voracidade das operárias no corte de parte das plantas, como a saúva-cabeça-de-vidro (Atta laevigata).
Há espécies de formigas cortadeiras que ocorrem particularmente em alguma região, como é o caso da Atta opaciceps, encontrada somente no Nordeste, da Atta sexdenspiriventris,que ocorre só no Sul, da Atta vollenweideri, que ocorre no MS e RS e da Atta robusta, considerada ameaçada de extinção, que só ocorre na região do RJ e ES.
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Ataque
O período que uma floresta plantada sofre os maiores danos causados por formigas cortadeiras é nos primeiros meses após o plantio, quando as plantas estão mais vulneráveis ao corte efetuado por estes insetos.
No caso do Eucalyptus, recomenda-se o monitoramento durante todo o ciclo em algumas regiões do País, ou somente até o primeiro ano em outras regiões, como nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
No caso de florestas de pinus, o ataque das formigas cortadeiras é mais agressivo nos primeiros 30 dias de idade do plantio, mesmo assim, raramente causa mortalidade maior do que 10% das plantas, isso quando for área de reforma de plantio. O problema será mais sério em áreas de implantação.
Na região Sul, o número de espécies de formigas cortadeiras do gênero Acromyrmex(quenquéns) é bem maior que as do gênero Atta. Em alguns locais não há a ocorrência de saúvas, sendo registradas apenas as quenquéns. As espécies de quenquéns mais frequentes e prejudiciais aos plantios florestais são Acromyrmexaspersus, Acromyrmexcoronatus, Acromyrmexcrassispinus, Acromyrmexheyeri, Acromyrmexlundii, Acromyrmexniger e Acromyrmexsubterraneus.
Nas demais regiões do Brasil, o número de espécies de quenquéns também é maior do que o número de espécies saúvas e, mesmo assim, a preocupação com as quenquéns é menor, devido aos ninhos de saúvas serem maiores, mais visÃveis e atacarem as plantas durante todo o ciclo florestal.
Nem por isso as quenquéns deixam de ser importantes, pois há sempre um maior número de ninhos por área do que de saúvas. Tanto é assim que, mesmo após o combate localizado de todos os ninhos de saúvas, se não for feita distribuição sistemática de isca formicida granulada, visando eliminar os ninhos de quenquéns, haverá perdas por ataque de formigas cortadeiras.
Controle
Em uma área infestada por sauveiros grandes recomenda-se utilizar a termonebulização visando o controle desses ninhos, pois com a aplicação de isca granulada seria mais difícil alcançar a mesma eficácia.
A utilização de isca granulada no combate às saúvas pode seguir o que atualmente é chamando de dose única (DU), ou seja, 10 gramas de isca por olheiro que estiver a 40 cm ou menos um do outro. Por segurança, recomenda-se verificar se a quantidade final de isca não está abaixo do que seria aplicado, utilizando-se o critério de 10g/m2 de terra solta, pois alguns olheiros podem estar mais distantes da parte central do ninho.
O combate às formigas cortadeiras em plantios de Eucalyptus deve ser realizado desde antes da colheita, atividade conhecida como combate pré-corte raso. Em locais onde há a ocorrência só de quenquéns não é necessário realizar o combate pré-corte raso.
Antes do novo plantio, deve-se fazer o controle pré-plantio de maneira sistemática, aplicando de 0,9 a 2 kg ha-1de isca granulada, utilizando-se micro-porta-iscas de 5 g (MIPI’s) e distribuindo-os de maneira sistemática em toda a área, no mÃnimo 15 dias antes do plantio ou preparo de solo, para dar tempo de ocorrer a eliminação dos ninhos.
O combate pós-plantio deverá ser localizado e realizado, no máximo, em até 30 dias após o plantio. Nos locais de ocorrência só de quenquéns, efetuar repasses na área aos 60, 90, 180 e 360 dias após o plantio. Em locais de ocorrência de saúvas, além desses repasses, realizar também rondas anuais até o final do ciclo.