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quarta-feira, maio 1, 2024
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Formigas que desfolham eucalipto: Como prevenir e combater?

Autores

Matheus Majela de Jesus Silva
matheus.majela@gmail.com
Adalberto Filipe Macedo
Erick Alcides Amaral Rocha
Ronald Machado Silva
Graduando em Agronomia – Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Guilherme Mateus Dias Barbosa
Engenheiro agrônomo e mestrando Produção Vegetal – UFV
Flávio Lemes Fernandes
Doutor em Entomologia e professor – UFV
Maria Elisa de Sena Fernandes
Doutora em Genética e Melhoramento e professora – UFV
Crédito Shutterstock

Formigas dos gêneros Atta e Acromyrmex distribuem-se amplamente pelo continente americano desde o Sul dos Estados Unidos, América central até o centro da Argentina. São consideradas as pragas de grande importância para as espécies florestais no Brasil, seja pelos prejuízos causados ou pelos custos e dificuldades de controle.

O gênero Atta é conhecido popularmente por saúva, enquanto o gênero Acromyrmex é conhecido por quenquém. Dentro desses dois gêneros encontrados no Brasil, algumas espécies de ambos gêneros, por ocorrerem em áreas de grande exploração agropecuária, se destacam pela importância econômica.

Ocorrência

Destacam-se pela ocorrência praticamente generalizada as espécies de Atta – saúva cabeça de vidro, saúva limão, saúva parda e saúva mata pasto. Já as quenquéns são as do gênero Acromyrmex – quenquém mirim, quenquém e quenquém de cisco.

Tais espécies consomem mais vegetação do que qualquer outro animal, até mesmo os mamíferos, podendo gerar a desfolha total ou até a morte de mudas ou de árvores já adultas. Existe uma certa preferência por culturas ou plantas, conforme a espécie de formiga, seja saúva ou quenquém. Eucaliptos, por exemplo, são preferidos pela saúva limão, enquanto a saúva parda tem preferência por pastagens e cana-de-açúcar.

A identificação das formigas é baseada na morfologia dos soldados, que são a classe de trabalho que sai do ninho em defesa de fontes vegetais utilizadas como substrato para cultivar os fungos que são a base da alimentação do inseto.

Danos

O dano causado pelas formigas em florestas cultivadas é influenciado pela densidade de formigueiros na área e pelo nível de desfolha. A produtividade sofre um impacto negativo dependendo da densidade de ninhos e é acentuado pelo nível de desfolha, e da fase de desenvolvimento da planta atacada. Esses ataques podem ser muito mais complexos do que apenas a redução da área foliar e, consequentemente, da capacidade fotossintética.

Pesquisas mostraram que 200 formigueiros/ha de quenquéns causam perdas de 30% das plantas de eucalipto. De forma geral, os maiores prejuízos ocorrem nos dois primeiros anos de implantação, podendo causar a mortalidade das plantas. Pesquisadores estimam que um sauveiro consome durante um ano 86 árvores de eucalipto e 161 árvores de pinus, num total de uma tonelada de vegetais.

Se levarmos em conta quatro sauveiros adultos, em média, por hectare, o consumo estimado será de uma tonelada de folha, que corresponderá a 14,5% de perda da produção de madeira por hectare. Além disso, essa praga pode representar 75% dos custos e do tempo gasto no controle de pragas em reflorestamentos, e em casos extremos de alta infestação e desfolha, se o produtor não enfrentar o problema, o prejuízo é certo e pode alcançar até 50% de perda.

Manejo

O manejo adequado dos plantios visando o controle das formigas deve se apoiar no monitoramento quanto ao nível de infestação e desfolha. Para isso, a identificação da espécie de ocorrência na área e das características edafoclimáticas, dentre outras, são estratégias importantes que podem contribuir para minimizar os danos causados pelas formigas cortadeiras em plantações florestais.

O controle do inseto é realizado geralmente por meio de métodos mecânicos, biológicos, culturais e químicos, sendo os dois últimos os mais utilizados. Antes do plantio é importante que se faça uma inspeção prévia e rigorosa na área de implantação, fase que corresponde à na estação seca, pelo menos 15 dias antes do preparo do solo, para facilitar a localização de formigueiros e carregamento da isca pelas formigas.

É desejável que essa inspeção seja feita abrangendo também uma faixa de pelo menos 50 metros de largura no entorno de toda a área para se localizar ninhos que não estão na área, mas que podem atacar a cultura futuramente.

Técnica

O preparo de solo com a aração e gradagem é citado como uma prática importante na eliminação de formigueiros jovens, pois nesses ninhos a rainha se encontra a aproximadamente 20 cm de profundidade, coincidindo com a câmara arável do equipamento. No plantio, o uso de barreiras é um dos métodos mais antigos e um dos mais utilizados em pomares para evitar o ataque das formigas às copas das árvores.

Depois do plantio, o controle de formigas deve ser efetuado de forma localizada e em até 30 dias. Posteriormente, é necessário realizar a manutenção do controle onde se deve observar a presença de formigas cortadeiras e/ou de plantas cortadas, mediante inspeções semestrais, durante todo o ciclo do plantio.

Métodos químicos para controle de formigas cortadeiras são os mais frequentemente utilizados, sendo o produto químico aplicado diretamente nos ninhos ou em área total, nas formulações pó, líquida ou líquidos nebulizáveis, ou apresentado na forma de iscas granuladas, aplicadas nas proximidades das colônias.

Esse é método mais prático e econômico no controle de formigas cortadeiras, e consiste na mistura do ingrediente ativo com um veículo (geralmente é usado o bagaço de laranja) atraente para as formigas, que é carregado por elas para o interior do ninho.

O produtor deve se atentar a alguns pontos, como não usar as iscas em dias chuvosos ou sob solo molhado, pois se desagregam e as formigas não conseguem carregá-las. De forma geral, se aplica de 08 a 10 gramas de isca por metro quadrado de terra solta do formigueiro para o controle das saúvas, enquanto para quenquéns se aplica 10 gramas de isca por ninho.

Os principais grupos químicos utilizados são Fenil pyrazol (Blitz®), Benzoil-uréia (Formilin 400®), Fosforado (Pyrinex®, Pik-isca ®, Pikapau®, Attafós®, Landrin®, Urutu-Ag®, Tatu®, Formifós®, Iskatoks®), Sulfonas fluoralifáticas (Mirex-S®, Attamex-S®, Pikapau-S®, Tamanduá Bandeira-S®, Dinagro-S®, Fluramin®).

Alternativas

Existem outros dois métodos, a termonebulização e o pó seco, porém, são menos usados por demandarem alto custo ou necessidade de mão de obra. Nos últimos anos, tem aumentado o número de trabalhos nas áreas de controle biológico, especialmente sobre controle microbiano, e de controle cultural, principalmente em relação à resistência de plantas, na tentativa de buscar alternativas ao químico, ou mesmo viabilizar uma associação de diferentes estratégias de controle para formigas cortadeiras em áreas de reflorestamento.

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