Autores
Fellipe Kennedy Alves Cantareli – felipecantarelli2009@hotmail.com
Marcela Maria Zanatta – zanatta.marcelamaria@gmail.com
Engenheiros agrônomos e mestrandos em Agronomia/Produção Vegetal – Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Jade Cristynne Franco Bezerra – Engenheira florestal e mestranda em Agronomia/Produção Vegetal – UFPR – jadefranco9@gmail.com
Claudia Maia de Andrade – Engenheira agrônoma e pós-graduanda em Gestão e Produção Sustentável de Florestas – Universidade do Estado do Pará (UEPA) – claudia.andrades@outlook.com
Vitor Quintela Sousa – Engenheiro agrônomo – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) – quintelav@gmail.com
A goiaba-serrana (Acca sellowiana) é uma árvore frutífera nativa da mata atlântica brasileira, e vem despertando o interesse tanto como objeto de pesquisa por suas características nutracêuticas, sendo um fruto rico em vitaminas e minerais, como também visando o mercado de frutos, tanto para o mercado interno quanto exportação, sendo uma espécie potencial para a produção, especialmente para a região sul do Brasil.
Apesar de ser um fruto nativo, sua produção comercial é pouco explorada a nível nacional. Estudos vêm sendo realizados, principalmente na Epagri, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina, no desenvolvimento de novos cultivares, manejo e condução do pomar, controle de pragas e doenças, colheita e pós-colheita dos frutos.
Tendência
O mercado de alimentos funcionais obteve um aumento significativo nos últimos anos, pelo fato de a goiaba serrana ser um alimento que também pode ser classificado como funcional.
Devido às suas características nutricionais, o potencial de inserção desse fruto no mercado brasileiro é promissor, tendo em vista a exigência dos consumidores por produtos que possuam características alimentares que possam, além de oferecer sabor agradável, fazer bem à saúde.
Nos últimos anos, foram inúmeros os potenciais benefícios relacionados ao consumo da goiaba serrana para a saúde, atribuídos à presença de uma variedade de compostos bioativos nos frutos, como polifenóis e vitamina C (Pasquariello et al., 2015).
Além disso, a goiaba serrana é um fruto rico em fibras, minerais como cálcio, magnésio, potássio, zinco e vitaminas do complexo B.
Rentabilidade
Pouco conhecida na maior parte do Brasil, a goiaba serrana se destaca em cultivos comerciais em outras partes do mundo, como na Colômbia, Estados Unidos e Nova Zelândia.
No Estado de Santa Catarina, a goiabeira serrana conta com cerca de 20 agricultores familiares da região que se dedicam a sua produção em uma área de aproximadamente 12 hectares, com uma produtividade média registrada de 15 a 20 ton/ha.
Os produtores recebem cerca de R$ 4,00 a R$ 5,00 por quilo dos frutos in natura, enquanto no mercado ele é vendido no valor de R$ 7,00 a R$ 10,00.
No entanto, alguns produtores conseguem agregar valor aos frutos, por meio do processamento, transformando-os em diversos pratos, como sorvetes, mousse, geleia, compota, chutney e brigadeiro (Epagri, 2020).
Investimento
O preço de cada muda de goiabeira serrana varia entre R$ 10,00 e R$ 15,00 no mercado, podendo o produtor interessado encontrar mudas com menor valor, caso adquiram em maiores quantidades.
Para iniciar o cultivo, alguns investimentos devem ser feitos para alcançar a qualidade dos frutos a serem inseridos no mercado consumidor, o que, consequentemente, resultará na rentabilidade esperada pelo produtor que investe na cultura.
O principal investimento é quanto à compra de mudas de goiabeira serranas, que devem ser livres de pragas e doenças aparentes, e com maior uniformidade possível para que futuramente se tenha uma produção mais linear.
Deve-se observar as características das cultivares escolhidas pelo produtor, de acordo com a característica dos frutos de interesse para comercialização, seja para o consumo in natura ou para o mercado de produtos processados.
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Atenção para a fitossanidade
Quanto às pragas, a espécie que mais causa injúrias à goiabeira serrana é a mosca-das-frutas, podendo ocorrer 100% de infestações no período de maturação, nos quais devem ser feitos controle, como é o caso do ensacamento dos frutos, uma prática eficiente e fácil de ser empregada em pomares menores. Deve ser feita quando os frutos atingirem 2 2mm de diâmetro, em média.
Além de insetos, essa cultura apresenta grande tendência à antracnose. Esse fungo pode atingir frutos maduros ou em desenvolvimento, causando áreas necróticas nos frutos, bem como desfolha completa nos ramos. Em condições favoráveis ao desenvolvimento do patógeno, a área necrosada abre-se, mostrando uma massa rósea de conídios, com consistência gelatinosa.
Dicas importantes
A recomendação da Epagri para o cultivo da goiabeira serrana é realizar o preparo do solo antes da instalação do pomar, que por se tratar de uma cultura perene, depois de plantada não possibilita o movimento do solo para incorporação dos corretivos ou adubos.
Outra orientação é realizar o plantio no início da primavera, após o preparo da área. O espaçamento recomendado é de cinco metros entre linhas e três metros entre plantas, totalizando 667 plantas por hectare.
Levando em consideração o preço da muda, o investimento inicial em mudas para implantação de um pomar de goiaba serrana seria de aproximadamente R$ 6.670,00 por hectare. Ao incluir os custos com operações manuais e mecanizadas, como de adubação e mão de obra para o plantio, os custos por hectare ficariam em torno de R$ 17.000,00 por hectare. No entanto, há uma redução significativa nos anos consecutivos.
Produção
A goiabeira serrana pode ter início na sua produção no segundo ano após o plantio, no entanto, o pico de produção ocorrerá após o quarto ano. Após uma produção estável, a rentabilidade de um pomar de goiaba serrana para o produtor que vende os frutos in natura pode ultrapassar os R$ 100.000,00 por hectare, valor esse que pode ser muito superior para os que realizam o processamento dos frutos.
Levando em consideração o potencial que a goiabeira serrana pode oferecer e a visibilidade internacional que esse fruto vem adquirindo ano após ano, este se mostra um fruto promissor para ser inserido na fruticultura nacional, trazendo bons rendimentos para quem investe, e mostrando que os frutos nativos brasileiros podem ser as super frutas do futuro.