Antonio Carlos Andrade Gonçalves
Engenheiro agrícola, doutor em Agronomia e professor da Universidade Estadual de Maringá (UEL)
A técnica da irrigação consiste em captar água de alguma fonte superficial ou subterrânea e levá-la até o solo onde as plantas são cultivadas, de forma que estas sejam atendidas em suas necessidades hÃdricas, sem restrições.
Desde os mais rudimentares procedimentos para a irrigação, nos primórdios da atividade agrícola humana, até os dias atuais, muito conhecimento foi consolidado em torno dessa técnica, permitindo avanços em termos de materiais, equipamentos, procedimentos, técnicas de manejo e identificação das necessidades de água pelas culturas.
Tudo isso tem contribuÃdo para que a água seja utilizada com mais eficiência, promovendo incrementos de produtividade e de qualidade dos produtos, enquanto as perdas de água no processo são minimizadas.
Métodos de irrigação
Alguns métodos de irrigação se caracterizaram como mais adequados ao longo da história e são largamente empregados nos dias atuais. Cada um pode apresentar vantagens ou desvantagens, conforme as condições locais.
Um dos métodos mais empregados em todo o mundo é o da irrigação por aspersão, no qual a água é aspergida sobre as superfícies de solo e planta, simulando uma chuva com intensidade e duração controladas. Diversas culturas, inclusive hortaliças, são irrigadas com sistemas de irrigação que empregam esse método.
Na cultura do tomate, são empregadas principalmente a aspersão (convencional e pivô central), em se tratando de tomateiro industrial; e a irrigação por sulcos, por aspersão e por gotejamento, com relação ao tomate de mesa (MAROUELLI; SILVA, 2002; VISSES, 2013). Embora qualquer método possa ser utilizado nas mais diversas circunstâncias, a opção por um deles pode ser mais conveniente.
Entre um e outro
A ocorrência de doenças e o ataque de pragas podem influenciar fortemente a produção de tomate, sendo que o controle de tais agentes promove grande parte do elevado custo de produção dessa cultura. Nesse sentido, a irrigação por aspersão, mais largamente empregada, tem como inconvenientes a criação de um ambiente úmido junto à parte aérea das plantas, o que favorece o desenvolvimento de fungos.
Além disso, ao ser aplicada, a água tende a lavar os produtos que se depositaram sobre a parte aérea, sobretudo fungicidas, podendo reduzir a eficiência do controle de doenças. De acordo com Marouelli et al. (2012), o sistema de irrigação por sulcos, mais utilizado em tomate de mesa, apresenta menor custo de implantação e maior emprego de mão de obra.
Esse sistema, no entanto, depende muito do preparo da superfície para que a água possa ser aplicada. Ainda assim é considerado de baixa eficiência, promovendo grandes perdas de água.
Investimento
A irrigação por aspersão tem custo mais elevado, mas emprega menos mão de obra, é mais versátil em termos de condições operacionais, pode ser automatizada de acordo com as necessidades e apresenta maior eficiência de utilização da água, o que a torna muito utilizada em condições gerais.
De modo geral, a irrigação por aspersão tende a apresentar um custo médio da ordem de R$ 3.000,00 por hectare, com o emprego de sistemas portáteis, e de R$ 6.000,00, em se tratando de pivô central ou sistemas fixos de aspersão.
Por outro lado, os sistemas de gotejamento apresentam custo médio de aproximadamente R$ 10.000,00 por hectare, de acordo com Marouelli e Silva (2011). Apesar de serem valores relativamente elevados, eles representam um pequeno percentual do custo total de produção do tomateiro.
Vale ressaltar que sistemas de irrigação adequadamente dimensionados e operados possibilitam incrementos de produtividade da ordem de até 40%, podendo dobrá-la em termos médios, assegurando um retorno rápido do investimento realizado. Assim, a irrigação por gotejamento se apresenta como uma opção viável para a irrigação na cultura de tomate.