Arthur Arrobas Martins Barroso
Doutorando em Produção Vegetal na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) ” Campus Jaboticabal
Dagoberto Martins
Pedro Luis da Costa Aguiar Alves
Professores adjuntos da Unesp ” Campus Botucatu
O tomate (Solanum lycopersicon) é uma das hortaliças mais produzidas no Brasil. Seus frutos destinam-se para o consumo in natura ou para fins industriais (sucos e molhos). Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em 2012, foram implantados 64 mil hectares da cultura, levando a uma produção de 3,8 milhões de toneladas no país.
O cultivo do tomateiro, assim como o de outras hortaliças, envolve fatores que beneficiam a germinação de sementes e o desenvolvimento de plantas daninhas na área. No preparo do solo, o uso de arados, grades e subsoladores expõe, muitas vezes, propágulos vegetativos ou sementes dessas plantas na camada superior do solo, que, em contato com a luz e água, germinam e originam novos indivíduos.
Somado a isso, o bom desenvolvimento do tomateiro requer solos férteis e irrigação que beneficiam também o desenvolvimento de daninhas. Outro fator se relaciona ao espaçamento da cultura, elevado se comparado ao de outras (1 metro entrelinhas). Esse espaço livre fornece maior oportunidade de competição por luz, espaço radicular e água.
As plantas daninhas
As plantas daninhas são caracterizadas por elevada e prolongada capacidade de produção de diásporos, unidades reprodutivas dotadas de grande viabilidade e longevidade, capazes de germinar de maneira descontÃnua em muitos ambientes. Essas plantas normalmente apresentam rápido crescimento vegetativo e florescem de maneira precoce.
Nesse contexto, a interferência de plantas daninhas é causada, sobretudo, pela competição de plantas por recursos do meio que não estão em quantidades suficientes para ambas as espécies, como os nutrientes, além do espaço radicular, luz e água, conforme já mencionado.
As plantas daninhas podem, ainda, liberar no ambiente substâncias alelopáticas que vão interferir negativamente na cultura. Essa interferência pode ser indireta, sendo que as plantas daninhas podem abrigar pragas ou patógenos específicos da cultura.
Plantas de caruru (Amaranthus spp.) e plantas de joá de capote (Nycandra physaloides) são hospedeiras de vírus (Begomovírus). Vale ressaltar que as plantas de joá de capote e joá bravo (Solanum sissymbrifolium) hospedam nematoides (Meloidogyne spp.).
Os efeitos dessas plantas na cultura são variáveis, visto que podem ser alterados tanto o crescimento vegetativo como a produtividade e qualidade dos frutos. Estes, por sua vez, podem apresentar menor tamanho, número e massa, prejudicando a produtividade final.
Pode ocorrer, ainda, um atraso na maturação dos frutos devido ao desenvolvimento mais lento da cultura, causado pela presença de plantas daninhas, o que atrapalharia uma colheita uniforme.
Perdas
Diversos estudos medindo tal interferência chegaram a valores que variam de 20 a 80% de perdas na produção final do tomateiro. Na média, a ausência de controle reduz em 70% a produtividade final. A convivência com picão-branco (Galinsoga parviflora), por exemplo, levou a uma perda de 40%, enquanto a convivência com capim-marmelada (Brachiaria plantaginea) ocasionou perdas na ordem de 93%.
Dos fatores que influenciam a pressão biótica, a espécie de planta daninha tem grande papel. Tal interferência será mais grave quanto mais semelhante a espécie presente for da cultura; logo, a presença de solanáceas deve ser evitada no campo de produção.
Uma das principais espécies causadoras de problema na cultura é a maria-pretinha (Solanum americanum). Essa planta é cinco vezes mais competitiva que a cultura do tomate, competindo por recursos do meio de maneira muito mais agressiva (eficiente).