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Manejo do boro e manganês na soja

O manejo adequado do boro e manganês na soja é essencial para garantir uma colheita abundante e saudável.

Muriel Cicatti Emanoeli Soares
Analista de Pesquisa e Desenvolvimento – Technes

Uma adequada nutrição das plantas é fundamental para alcançar altas produtividades, sendo que alguns nutrientes são requeridos em maiores quantidades, enquanto outros em menores, contudo, ambos são essenciais para o pleno desenvolvimento vegetal e, sem eles, as plantas não conseguiriam completar seu ciclo.

Dentre os micronutrientes que demonstram respostas significativas na cultura da soja, estão o boro e o manganês, sendo que seu incremento pode trazer respostas positivas para a produtividade da cultura.

Uma adequada nutrição é fundamental para altas produtividades
Foto: Shutterstock

O boro

O Boro é muito importante para a translocação de açúcares e transporte de carboidratos no interior das plantas, na manutenção da integridade da membrana, na formação de parede celular, fixação biológica e metabolismo do nitrogênio, além de ser crítico nas fases de florada e frutificação, garantindo melhor germinação do grão de pólen, crescimento de tubo polínico, pegamento de flores e frutos e, assim, maior produtividade.

Diretamente, a adubação com boro na soja também é capaz de promover melhorias na produtividade da cultura, ao contribuir para o pegamento de flores e a granação e reduzir o chochamento de grãos.

Indiretamente, estudos indicam que o boro contribui para a fixação biológica de nitrogênio, ao garantir a manutenção da integridade do sistema vascular da planta, o que facilita o transporte de nutrientes para os nódulos.

Além disso, outras pesquisas indicam que o boro é capaz de sustentar a boa atividade da nitrogenase, uma enzima-chave no processo de fixação biológica de nitrogênio. O boro possibilita isso, ao controlar os níveis de ácido ascórbico das células, um composto antioxidante responsável por proteger a enzima nitrogenase contra o oxigênio livre tóxico presente no interior das plantas.

Quanto de boro a soja precisa?

Em termos de exigência, as dicotiledôneas, como a soja, necessitam DE uma concentração de boro no tecido vegetal de 20 – 70 mg kg-1, ou seja, maior do que as monocotiledôneas, que exigem de 5,0 a 10 mg kg-1.

A cultura da soja, para a produção de 1,0 tonelada de grãos, extrai, aproximadamente, 75 g de boro, dos quais 30% são exportados nos grãos.

Nas condições brasileiras, em que os solos são, em sua maioria, ácidos, o boro é absorvido pelas plantas principalmente na forma de ácido bórico H3BO3, o qual é uma molécula não iônica (sem carga), muito móvel no solo e, consequentemente, altamente lixiviável, mas também rapidamente absorvida pela planta, já que é o único elemento que não precisa de transportadores de membranas ou carreadores para ser absorvido.

Quase que em sua totalidade, o boro é absorvido por fluxo de massa, o que quer dizer que, à medida que a planta absorve água, ela absorve o nutriente, existindo, assim, um limiar muito tênue entre as doses ideais de boro e aquelas que podem causar sintomas de toxicidade para as plantas.

Para o solo

A disponibilidade de B no solo é resultado da interação entre textura do solo (teor de argila), teor de MOS e acidez do solo. Além desses fatores, outro parâmetro fundamental é a umidade do solo. O excesso de chuvas pode ocasionar lixiviação de B no perfil do solo, causando deficiências, principalmente em solos arenosos.

Diante disso, sempre é recomendado que sejam utilizadas fontes de boro de liberação progressiva ao invés de fertilizantes de alta solubilidade em água, como o ácido bórico. Isso porque fertilizantes como o ácido bórico podem ultrapassar o teor ideal de boro na soja no momento da aplicação e ainda serem facilmente perdidos para as camadas mais profundas do solo, pelo processo de lixiviação.

Dessa forma, fontes alternativas como o octaborato de sódio vêm se tornando muito promissoras.

Como fazer a adubação de boro na soja

Por apresentar baixa mobilidade na planta e ter grande importância para o crescimento das raízes, o boro deve estar presente em quantidade satisfatória no perfil do solo e, portanto, ser aplicado preferencialmente via solo.

Esta modalidade apresenta correção lenta, duradoura e preventiva e deve ser feita quando os teores do solo estiverem abaixo do nível adequado.

A aplicação de B no sulco de plantio geralmente não é recomendável, em função do risco de ocorrência de fitotoxidez. Uma das maneiras mais viáveis de aplicação de B é em área total na dessecação, podendo ser realizada a mistura com os herbicidas normalmente utilizados nessa operação.

A fonte tradicionalmente mais utilizada nessa modalidade é o ácido bórico (17% B), na dose de 2,0 a 4,0 kg ha-1, fornecendo em média de 0,34 a 0,68 kg ha-1 de B. Essa modalidade tem algumas restrições, pelo fato de o ácido bórico ser altamente lixiviável no solo e dos problemas operacionais relacionados com a dificuldade da dissolução do produto no tanque de pulverização.

Por essa razão, o uso de octaborato de sódio (20% B) vem crescendo significativamente. É uma fonte altamente solúvel, que não apresenta problemas na dissolução no tanque e que não é facilmente lixiviado, como o ácido bórico.

O fornecimento de micronutrientes via foliar permite correção rápida, porém, menos duradoura. Devido à baixa mobilidade do boro na planta de soja, recomenda-se que a aplicação, quando feita via folha, seja parcelada ao longo do ciclo da cultura, visando atingir a maior quantidade possível de tecidos da parte aérea.

As fontes mais indicadas para essa aplicação e as mais comuns são o ácido bórico, octaborato de sódio e boro Mea.

Otimização dos nutrientes

Pensando em melhorar o aproveitamento do boro pelas plantas, minimizando as perdas em sua aplicação, a Technes Agrícola, que sempre busca inovações e produtos de qualidade para garantir a satisfação dos produtores através da obtenção de plantas mais sadias, com maiores produtividades, lançou seu mais novo produto: o Boroduo.

Trata-se de é um fertilizante organomineral Classe A para uso via foliar, fertirrigação e solo, à base de boro na forma de octaborato de sódio e ácido bórico (um dos mais concentrados do mercado), além da presença de triptofano, metionina e 12% de ácidos fúlvicos.

A combinação das fontes de boro traz mais segurança e vantagens ao produtor. O balanço entre octaborato e ácido bórico foi pensado de forma a garantir um maior efeito residual do elemento, com redução dos riscos de lixiviação e toxicidade, sem deixar de atender prontamente a necessidade de B pela planta.

Foto: Shutterstock

Além do mais, é totalmente compatível com outros elementos e com os defensivos usados na dessecação. Ainda, a presença do triptofano, que é precursor do hormônio auxina, auxilia na divisão e diferenciação das células, favorecendo o bom crescimento vegetativo e radicular.

A metionina, que é percursora do hormônio etileno, auxilia no crescimento radicular e no espessamento da cutícula das células, tornando-as mais resistentes.

O manganês

O manganês, por sua vez, é essencial à síntese de clorofila, estando diretamente ligada ao processo de fotossíntese. Várias enzimas da fase escura da fotossíntese, da glicólise, do ciclo do ácido cítrico e do metabolismo secundário das plantas, por exemplo, dependem do manganês para serem ativadas ou terem a sua atividade modulada.

Plantas deficientes em manganês podem apresentar um tamanho reduzido e serem mais suscetíveis ao ataque de fitopatógenos, já que esse nutriente está envolvido com as funções de divisão, extensão celular e produção de metabólitos secundários.

Para evitar que isso ocorra, são recomendadas práticas adequadas de adubação associadas ao manejo correto da correção do solo, já que a concentração de manganês no solo é altamente dependente do pH.

Quando ocorre deficiência de manganês, a fotossíntese é afetada, diminuindo o nível de carboidratos solúveis na planta, prejudicando também outras reações de transporte de elétrons.

Os sintomas típicos de deficiência nas folhas envolvem clorose internerval nas folhas novas (pois sua mobilidade é baixa na planta), ficando as nervuras verdes e grossas, junto ao aparecimento de manchas pequenas necróticas, que podem deixar as folhas deformadas.

Manganês e o glifosato

A possibilidade de aplicar o glifosato sobre a soja permitiu o aproveitamento desta operação para fornecer, em conjunto, micronutrientes via foliar para a cultura, o que é uma prática interessante para reduzir custos operacionais. Dentre todos os elementos, o manganês é o mais comum nesta mistura e acaba sendo também o mais polêmico.

Num primeiro momento, levantou-se a hipótese de que a aplicação de glifosato pudesse indisponibilizar e/ou interferir no metabolismo do Mn pela planta, devido à sua capacidade de complexar cátions di e trivalentes.

Porém, há alguns estudos mostrando que essa inativação não ocorre. O amarelecimento das folhas de soja observado após a aplicação do glifosato é uma resposta das cultivares RR a um metabólito formado no processo de degradação do defensivo, que pode reduzir temporariamente o teor de clorofila das folhas e, após a sua completa degradação, tudo se reestabelece.

Dicas interessantes

Tendo em vista a participação do micronutriente no processo fotossintético e sua extração e exportação pela cultura da soja, a adubação foliar de Mn em conjunto com a aplicação de glifosato pode ser uma alternativa interessante.

Isso porque, primeiramente, busca reduzir custos operacionais (redução do número de operações mecanizadas) e proporcionar adequados níveis do nutriente para a planta (já que o período de maior exigência pela cultura geralmente coincide com o período de aplicação do glifosato) e também proporcionar melhores condições para a soja se recuperar do estresse causado pela aplicação do glifosato.

Este é um importante agente na mitigação de estresses oxidativos, ou seja, pode não ser a causa, mas pode auxiliar na redução de estresses decorrentes dessas aplicações.

Embora não haja comprovação da interação do manganês com o glifosato no meio intracelular, devido ao fato do glifosato ser um agente complexante, este continua sendo capaz de complexar o Mn2+ em soluções, tendo alta reatividade em caldas de pulverização.

A escolha da fonte correta de manganês para ser utilizada em mistura com o glifosato é fundamental para evitar perdas, tanto no fornecimento do Mn para a soja quanto no controle de daninhas pelo glifosato.

É sempre importante ficar atento aos produtos que serão adicionados em mistura, para que não ocorram perdas operacionais ou de eficiência de controle dos produtos aplicados.

Lançamentos

Visando atender as necessidades de manganês das plantas, garantindo boa eficiência de absorção, com alta solubilidade e boa compatibilidade de mistura com glifosato, a Technes está lançando o WiMn.

WiMn é um fertilizante organomineral Classe A para uso via foliar com 25% de manganês, além da presença de 6% de ácidos fúlvicos e 7% de aminoácidos, incluindo lisina e triptofano.

Além dos benefícios já citados do Mn e do triptofano, a lisina é ativadora da molécula de clorofila, atuando diretamente no metabolismo das plantas.

O conjunto de outros aminoácidos essenciais na formulação do WiMn está relacionado à melhoria da fotossíntese, formação de compostos fenólicos, maior velocidade de recuperação de diferentes tipos de estresses, entre outros.

A presença de ácidos fúlvicos e aminoácidos, por exemplo, pode auxiliar na absorção dos elementos minerais, com maior velocidade de translocação, minimizando perdas na aplicação e melhorando o aproveitamento pelas plantas.

Além do mais, não podemos esquecer que essas substâncias são classificadas como bioestimulantes e, além de servirem como carreadores dos nutrientes no interior das células, podem também trazer benefícios próprios no desenvolvimento das plantas em diferentes aspectos, melhorando estruturação e sanidade, promovendo equilíbrio em seu metabolismo e fisiologia, garantindo plantas mais vigorosas e produtivas.

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