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Manejo e controle do Pythium em alface

Crédito Claudia de Mima Toledo

Lucas Alves de Oliveira
Graduando em Agronomia – FCA/UNESP
lucasa.oliveira@outlook.com.br
Claudia Ap. de Lima Toledo
Engenheira agrônoma e doutoranda em Agronomia/Proteção de Plantas – FCA/UNESP
claudia.lima.toledo@gmail.com
Franciely da Silva Ponce
Engenheira agrônoma e doutora em Agronomia/Horticultura – FCA/UNESP
francielyponce@gmail.com

A alface (Lactuca sativa) é uma planta anual da família das Asteraceae e apresenta grande importância econômica, pois é a hortaliça mais cultivada e consumida no Brasil. A produção anual é de 1,5 milhão de toneladas, distribuída em todas as regiões do País.
O Estado de São Paulo é o maior produtor, com cerca de 8,0 mil hectares cultivados com alface. No mercado estão disponíveis cultivares do grupo Lisa, Crespa, Romana, Mimosa e Americana, bastante apreciadas pelo mercado consumidor.

Desafios

O clima é o principal entrave à produção de alface, sendo altas temperaturas e pluviosidade as condições climáticas mais prejudiciais. As altas temperaturas favorecem o pendoamento precoce e a formação de látex nas plantas, que perdem o valor comercial.
Dentre as doenças mais importantes do cultivo de alface, podemos destacar o Pythium ou podridão da raiz, que ocorre tanto em cultivo a campo como em hidroponia. Os fungos do gênero Pythium podem ocasionar podridão em diversas espécies em cultivo hidropônico, no entanto, as espécies P. aphanidermatum, P. ultimum, P. aphanidermatum, P. helicoides, P. intermedium e P. dissotocum são as mais prejudiciais ao cultivo de alface.

Sintomas de Pythium em alface

O Pythium é um fungo oomiceto, que provoca grandes perdas, especialmente em condições de alta temperatura, pois a proliferação do patógeno, principalmente em cultivos hidropônicos, é maior.
Os sintomas de Pythium em alface são a formação de lesões de coloração marrom que comprometem a absorção de água e nutrientes, promovendo o murchamento das plantas mesmo em condições hídricas adequadas. Além disso, as plantas apresentaram sintomas de deficiência nutricional, tombamento da planta e morte.
Em sistema hidropônico, o fungo se dispersa via solução nutritiva e quanto mais alta a temperatura, maior a reprodução e facilidade de dispersão dentro do sistema de cultivo. Em cultivo em solo, o encharcamento e altas temperaturas favorecem a maior incidência da doença, comprometendo a produção, principalmente durante o verão.
Em sistemas hidropônicos, a temperatura nas canaletas pode atingir até 31°C, comprometendo a produção, uma vez que a planta será prejudicada pela temperatura elevada das raízes; além disso, há mais chances de incidência de Pythium.

Formas de prevenção da doença

Dentre as alternativas de controle e manejo de Pythium, o controle adequado da temperatura é um dos mais eficientes. Desta forma, muitos produtores investem em sistemas de resfriamento de água, o que auxilia na redução dos problemas relacionados à temperatura elevada no sistema de cultivo hidropônico.
O uso de telas de sombreamento para a redução da temperatura no sistema de cultivo também tem sido empregado, no entanto, é importante lembrar que o uso da tela não substitui o uso do plástico que protege a estrutura.
O plástico que cobre as estufas auxilia no maior controle das condições climáticas do sistema de cultivo, além disso, impede a contaminação da água da solução pela água da chuva.
O material da canaleta também influencia no aquecimento da solução, sendo mais recomendado no manejo de Pythium a utilização de canaletas de plástico policloreto de vinila (PVC) na cor branca para evitar o aquecimento. A utilização de mudas sadias, com boa formação radicular e livre de contaminantes, também é uma das medidas de controle de doenças no cultivo de alface.
No cultivo em solo, a melhor forma de prevenção é o cultivo em solos bem drenados, evitar o excesso de irrigação, além de utilizar mudas sadias. No caso de ocorrência do Pythium na área, as plantas devem ser arrancadas e destruídas e as ferramentas devem ser muito bem higienizadas, para que o inóculo não seja disseminado na área de cultivo.

Controle do Pythium

O uso de fungicidas químicos deve ser evitado, pois a eficiência é baixa devido às condições de cultivo. Além disso, devido ao ciclo da alface ser curto, há grande risco de contaminação.
O controle de Pythium pode ser realizado utilizando-se Trichoderma como controle biológico da doença, tanto em sistema hidropônico como em solo. A recomendação depende do produto comercial utilizado e do nível de incidência da doença, e pode variar de 0,2 a 1,0 mL do produto comercial por litro de calda.
A calda de Trichoderma que pode ser aplicada no substrato ou por imersão das mudas antes do transplante. Em sistema hidropônico, recomenda-se uma dosagem que varia de 1,0 a 2,0 L de produto comercial para um volume de 1.000 litros de solução nutritiva.
A redução da podridão provocada por Pythium em plantas após a aplicação de Trichoderma ultrapassa 50%, enquanto que a sobrevivência das plantas é de mais de 80%.
Outros produtos biológicos a base de bactérias do gênero Bacillus e Pseudomonas estão sendo testados para o manejo da podridão da raiz, em campo e em hidroponia. Em cultivo de pepino, a aplicação de Bacillus subtilis foi eficiente na redução da incidência de Pythium, podendo futuramente ser mais um produto para o controle de podridão no cultivo de alface.

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