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terça-feira, abril 30, 2024
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Manejo nutricional da abobrinha italiana

Foto: Shutterstock

Liliane Marques de Sousa
Engenheira agrônoma e mestranda em Fitotecnia – Universidade Federal de Viçosa (UFV)
liliane.engenheira007@gmail.com
Walleska Silva Torsian
Engenheira agrônoma e doutoranda em Fitotecnia – ESALQ/USP
walleskatorsian@usp.br

A abobrinha italiana (Curcubita pepo L.), também conhecida popularmente como abobrinha de moita, de tronco ou de árvore, é originária do continente americano, indo do Peru até o Sul do Estados Unidos, pertence à família das cucurbitáceas, que tem como outros representantes o melão, a melancia, o pepino, entre outras culturas.

Está entre as 10 hortaliças que possui maior valor econômico e de maior produção no Brasil, sendo notável que a maior exploração desta cultura se encontra na região centro-sul do País.

No Brasil, a abobrinha é muito apreciada pelo seu sabor, boa digestão, textura leve e por ser um alimento de baixo valor calórico, além de fornecer sais minerais, fibras e vitaminas, com destaque para a vitamina A.

Particularidades

Os frutos apresentam coloração verde clara, com estrias verde escuras, e devem ser colhidos quando imaturos, por possuir maior aceitação por parte do consumidor. Quanto ao tamanho dos frutos, a preferência dos compradores varia.

Por exemplo, supermercados, atacadistas do Entreposto Terminal de São Paulo (ETSP) e os sacolões preferem comprar abobrinha italiana do tipo 3A com tamanho menor que 20 cm. Já os feirantes e distribuidoras preferem o tipo 2ª, com tamanho entre 20 a 23 cm e 1A maior que 23 cm.

A Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP) recebeu, no ano de 2016, cerca de 47,3 mil toneladas de abobrinhas, principalmente das variedades brasileira e italiana, advindas de 11 Estados brasileiros.

Segundo o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no ano de 2017, a produção brasileira foi cerca de 228.943 toneladas distribuídas entre 34.848 estabelecimentos agrícolas, sendo a região sudeste responsável pela maior concentração de estabelecimentos (44,78%), com produção nacional de 78,35%.

Cultivo

Ademais, a abobrinha pode ser cultivada em todo território nacional, sendo que nas regiões norte e nordeste e em grande parte das regiões sudeste e centro-oeste a época de plantio é o ano inteiro.

Já na região sul, onde o frio é mais intenso, deve-se evitar a época do inverno para o plantio. Nas regiões produtoras, as cidades que se destacam são Piedade (SP), Caldas (MG), Ribeirão Branco (SP), Ibiúna (SP), Porto Feliz (SP), Santa Rita de Caldas (MG), Pedra Bela (MG), Coimbra (MG), Santana de Pirapama (MG) e São Miguel Arcanjo (SP).

Nutrição

O manejo nutricional da abobrinha italiana é um dos grandes passos para ter uma boa produção. Recomenda-se que as correções químicas e adubações sejam realizadas com base na análise de solo da propriedade com o auxílio de um engenheiro agrônomo ou técnico da área.

A calagem, caso necessária, deve ser feita para corrigir a acidez do solo e elevar a saturação de bases a 80% e o teor de magnésio a um mínimo de 9 mmolc dm-3, sendo feita a lanço em área total ou somente no sulco de plantio, de preferência entre 30 e 60 dias antes do plantio em campo.

É importante destacar que as quantidades maiores ou menores de nutrientes exigidos pelas plantas dependerão dos resultados das análises de solo ou foliar, das cultivares de plantas, do ciclo da cultura, da produtividade esperada, do espaçamento e do sistema de irrigação adotado e das condições climáticas da região e da área de cultivo, assim como a relação de custo/benefício para o produtor.

Sistema orgânico

Foto: Shutterstock

Para realizar a adubação orgânica, recomenda-se aplicar entre 30 a 40 dias antes da semeadura ou transplante de mudas, misturando bem com o solo dos sulcos, 10 a 20 toneladas por hectare de esterco bovino bem curtido ou composto orgânico ou, então, 1/4 destas doses de esterco de galinha, suíno, caprino, ovino, equino ou 1/10 de torta de mamona pré-fermentada.

Usar as maiores quantidades de fertilizante orgânico para os menores espaçamentos em função do maior adensamento e, consequentemente, maior demanda pelas plantas.

A adubação deve ser feita em função do resultado da análise de solo. Na ausência da análise, de forma geral, recomenda-se para a adubação de plantio a seguinte adubação por cova: aplicar 1,5 kg de composto orgânico; 70 g de termofosfato ou de superfosfato simples ou, então, 100 g de fertilizante NPK 04-14-08 ou 04-16-08 da fórmula comercial.

Se preferir, aplicar de 30 a 40 kg/ha de nitrogênio; 60 a 240 kg/ha de superfosfato simples (P2O5) e 20 a 120 kg/ha de cloreto de potássio (K2O). Aplicar, juntamente com o NPK de plantio, 10 a 20 kg/ha de enxofre, e em solos deficientes de 1,0 a 2,0 kg/ha de manganês.

Em cobertura

A adubação de cobertura, assim como as demais, deve ser realizada conforme a análise de solo. No entanto, na ausência da análise, recomenda-se realizar quatro adubações, de preferência com intervalos de 15 dias.

Na primeira adubação, aos 15 dias após o plantio, usar 20 g de sulfato de amônio ou nitrocálcio por sulco e, nas demais, adubar com fertilizante NPK na fórmula comercial 12-06-12, aplicando 20 g por sulco, espalhando o adubo no entorno da planta com cuidado para não queimar a mesma, após a irrigação.

Também pode-se fazer em três aplicações, com 100 a 150 kg/ha de nitrogênio e 60 a 120 kg/ha de cloreto de potássio, a primeira aos 10 a 15 dias após a germinação ou transplante das mudas e a segunda aos 10 a 15 dias após a primeira, no início do florescimento.

As quantidades de nutrientes para adubação de cobertura para abobrinha italiana sob cultivo protegido devem ser de 20 a 30% mais elevadas em relação à abobrinha cultivada no campo.

Em relação às adubações foliares, deve-se também ser feita em função dos resultados de análises foliares, caso seja feito. Entretanto, na ausência das análises de folhas, após dois dias da germinação ou do transplante das mudas para campo deve-se pulverizar as plantas com solução de cloreto de cálcio a 0,2% visando impedir o surgimento desta prática após 15 a 20 dias.

Temperaturas

As abobrinhas italianas são tolerantes a temperaturas médias variando de 10 a 30ºC, entretanto, na faixa de 15 a 25ºC são as adequadas ao cultivo desta hortaliça, porque temperaturas elevadas, sobretudo, quando associadas com alta umidade, podem afetar a produção e qualidade dos frutos em função do surgimento de doenças e queimaduras pelo sol.

Este fato restringe o cultivo desta hortaliça nas regiões sudeste e sul. No entanto, o crescimento da demanda por esta hortaliça nas regiões norte e nordeste contribui para a expansão do cultivo desta cultura por muitas áreas do País.

Embora a abobrinha italiana se desenvolva nos mais variados tipos de solo, recomenda-se dar a preferência para áreas com textura areno-argilosa, de boa drenagem, profundos e de preferência com altos teores de matéria orgânica, pH entre 5,5 e 6,5, devendo evitar solos compactados, pesados e sujeitos a encharcamento, uma vez que esta hortaliça não é tolerante a tais condições.

Demandas nutricionais

Trani e Raij (1997) observaram que os teores de macronutrientes em folhas de abobrinha italiana considerados adequados são: nitrogênio de 30 a 40 g/kg de massa seca (MS), fósforo de 4,0 a 6,0 g/kg de MS, potássio de 25 a 45 g/kg de MS, cálcio de 25 a 45 g/kg de MS, magnésio de 5,0 a 10 g/kg de MS e enxofre de 2,0 a 3,0 g/kg de MS.

No entanto, a demanda nutricional é variável em função de inúmeros fatores, tais como tipo de solo, cultivar, espaçamento, sistema de cultivo, tratos culturais, entre outros.

Os nutrientes mais demandados por esta hortaliça são o nitrogênio e o potássio, sendo que o nitrogênio participa da fotossíntese, respiração, desenvolvimento e atividade das raízes, crescimento e diferenciação celular e um dos elementos que causa maiores modificações morfofisiológicas na planta, podendo alterar o número e a massa dos frutos.

Foto: Shutterstock

Por isso, para a obtenção de altas produtividades em campo é de fundamental importância evitar o excesso ou deficiência de nitrogênio. Por outro lado, o potássio, além de influenciar na produtividade da cultura, melhora a qualidade dos frutos e, consequentemente, o valor de mercado do produto.

É um dos nutrientes bastante requerido para a ativação de várias enzimas da respiração e da fotossíntese, além de atuar na resistência da planta à incidência de pragas e doenças.

Outro nutriente exigido por esta hortaliça é o cálcio. Em cultivos com espaçamento acima de dois metros nas entrelinhas e em solos com baixos níveis de cálcio, recomenda-se, além da distribuição do corretivo de acidez em área total, acrescentar de 300 a 400 kg/ha de calcário direcionado nos sulcos de plantio.

Custo produtivo

Segundo a Empresa de Assistência Técnica de Extensão Rural (Emater) do Distrito Federal, em 2015, o custo operacional de produção era em média de R$ 11.500,00 por hectare, com produtividade de 18.000 kg de frutos.

Considerando o preço médio de R$ 1,50 por quilo e produtividade de 18.000 kg, o valor recebido pela venda seria de R$ 27.000,00, neste caso, o produtor teria um lucro de R$ 15.500,00 por hectare com a produção de abobrinha italiana, mostrando-se uma atividade rentável, devido ao baixo custo de implantação, baixos tratos culturais e ao rápido retorno financeiro em função do ciclo curto da cultura.

Logicamente que, nos últimos anos, esses custos têm oscilado e aumentado em função principalmente do aumento do preço dos insumos agrícolas, especialmente fertilizantes e defensivos agrícolas, afetando diretamente a rentabilidade dos produtos.

Além do mais, os custos de produção também estão relacionados com o nível tecnológico da propriedade, que envolve sistema de produção, contratação de mão de obra, adoção de práticas culturais, como adubação, irrigação, controle de pragas (doenças, insetos e ervas daninhas), produção e produtividade esperada, tipo ou nicho de mercado onde os frutos serão comercializados, etc.

Portanto, tem-se que a relação custo/benefício da atividade dependerá de um conjunto de fatores agronômicos e econômicos adotados pelo produtor rural, podendo resultar em prejuízo, quando conduzido de forma inadequada, e resultar em maior rentabilidade, se conduzido de forma correta.

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