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Manejo nutricional do trigo

O manejo nutricional adequado e equilibrado, além de grande incremento em produtividade e qualidade de grãos de trigo, também pode tornar a planta mais resiliente

Giovani Facco Gerente de Experimentação Biotrigo Genética

Rafaela Muraro Assistente de Experimentação

Trigo – Créditos: Diogo Zanatta

O melhoramento genético possibilitou, ao longo dos anos, a seleção de cultivares de trigo com maiores tetos produtivos, em consequência elevou também a necessidade de incremento nutricional nas plantas.

A cultura do trigo vem passando por transformações intensas nos últimos 20 anos, as quais alteraram o tipo de planta para portes mais baixos, menos propensos ao acamamento, redução de ciclo, sistema radicular mais eficiente, intensidade, número e homogeneidade de perfilhos, resistência a doenças de difícil controle e, principalmente, na produtividade e qualidade nutricional dos grãos produzidos.

Alterações nos aspectos voltados à morfologia de plantas auxiliaram a compor o potencial produtivo, e os patamares alcançados atualmente revelam toda essa mudança. A qualidade do trigo brasileiro confirma esse fato e evoluiu ao ponto de os moinhos nacionais cada vez mais optarem pelo produto interno em razão da evolução principalmente em relação às características qualitativas, como cor de farinha, força de glúten, peso de hectolitro e estabilidade.

Desta forma, os derivados de trigo atendem o gosto do mercado consumidor e esse cenário promove uma maior liquidez de comercialização aos grãos produzidos pelo produtor.

Eficácia nutricional

Para que essa qualidade e produtividade seja expressa de forma plena para ser absorvido pelo sistema radicular, a nutrição de plantas precisa estar cada vez mais ajustada com a necessidade requerida, em quantidades necessárias e formas disponíveis na solução do solo.

Assim, o conhecimento da marcha e o acúmulo de nutrientes para as cultivares de trigo de alta performance se faz necessário para planejamento e condução da fertilização aplicada a campo, evitando não somente a falta de nutrientes como o excesso, que pode ser tão prejudicial quanto.

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Etapas: manejo nutricional adequado e equilibrado

O nitrogênio (N) é o nutriente necessário em maior quantidade pelas gramíneas. Na cultura do trigo, de maneira geral são necessários 33 kg de N por tonelada de grãos produzidos. No caso das cultivares de ciclo precoce, que tem menos tempo do plantio à colheita para compor a sua produtividade e absorver os nutrientes necessários, é indicado um maior aporte inicial de N.

Esse volume maior pode fazer a diferença na produtividade, e o fracionamento em pós emergência garante essa disponibilidade. Para os ciclos tardios, o período de absorção e assimilação é maior, tendo assim mais tempo para absorver nutrientes e compor a sua produtividade. Nesses casos, o fracionamento do N em pós emergência (duas ou três vezes) evita a falta do mesmo ao longo do ciclo.

Nutrientes e volumes diferentes para cultivares

A produção não depende exclusivamente de nitrogênio. Cultivares que possuem maior qualidade nutricional nos grãos também carecem de quantidades ligeiramente maiores de outros nutrientes que são interligados aos componentes de qualidade e produtividade.

Isso demonstra que para a cultura existe variabilidade na demanda nutricional entre cultivares de trigo. Os macronutrientes necessários em maior quantidade para compor a produtividade são, respectivamente: nitrogênio, potássio e fósforo, seguidos de cálcio, magnésio e enxofre.

O volume necessário é calculado em kg/ha, o que os difere dos micronutrientes, os quais são necessários em gr/ha, porém, não são menos importantes.

Nitrogênio

Necessário em maior quantidade e com dinâmica de solo que possibilita perdas por intempéries climáticas, o nitrogênio é dividido e aplicado em pelo menos três momentos distintos: semeadura, duplo anel e espigueta terminal.

Essas fases antecedem momentos de alto requerimento do nutriente pela planta. Mais importante que os percentuais aplicados em cada fase é entender o quanto é necessário realizar a aplicação, quanto o solo pode fornecer, o fracionamento conforme o ciclo da cultivar, a condição de clima e a fonte de nitrogênio aplicado.

Outros nutrientes importantes

Ocupando a segunda e terceira colocações dos nutrientes mais demandados, a suplementação de potássio (K) e fósforo (P) tradicionalmente é realizada em linha de plantio no momento da semeadura e, em casos específicos, a lanço.

Grande parte dos produtores realiza a correção do sistema produtivo com P e K no inverno pela distribuição em menor espaçamento entre linhas comparado aos cultivos de verão. Os nutrientes Ca, Mg e S, nem sempre recebem a atenção merecida, e por vezes são repostos via fontes de calcário (Mg e Ca), gesso agrícola (Ca e S) ou então fonte pouco solúveis de S.

Você sabe qual nutriente limita a produtividade da sua lavoura?

Os macronutrientes atuam em funções estruturais, enzimáticas, constituintes de aminoácidos, proteínas, armazenamento de energia, entre outras funções que os demandam em maior quantidade.

Demandados em menor quantidade, porém constituintes de ácidos, enzimas, ou então desencadeadores de processos internos das plantas, os micronutrientes exercem papel primordial e nem sempre são comtemplados na análise de solo, ou então no programa de correções e fertilização.

Para as cultivares em estudo, os mais demandados são respectivamente o ferro, manganês, zinco, boro e cobre. Os nutrientes, independentemente de sua classificação, são exportados via grão ou então retornam ao solo via palha.

Marcha e acúmulo de macronutrientes

A genética das cultivares está cada vez mais eficiente para o uso dos nutrientes, porém, o volume exportado (produzido) de grãos é cada vez maior, e estes devem ser repostos a fim de manter os níveis adequados para a cultura sequente.

Para que seja possível descrever a quantidade de cada nutriente necessário nos distintos estádios de desenvolvimento da cultura do trigo, são realizados na área de pesquisa da Biotrigo Genética em Passo Fundo (RS) ensaios de marcha e acúmulo de nutrientes.

O objetivo desses testes é entender o comportamento, nos distintos estádios de desenvolvimento da cultura do trigo, da absorção e assimilação e acúmulo de nutrientes para cada cultivar. É por meio dessas análises que se torna possível concluir qual são os mais demandados ao longo do ciclo e quais são exportados via grão em maior quantidade.

O gráfico 1 demonstra valores médios de quanto é acumulado dos macronutrientes até o momento do espigamento, quanto é exportado via grão e o quanto retorna para o solo via palha. Os testes, considerando a base para cálculo da taxa de fertilização ou reposição dos macronutrientes, foram realizados nas cultivares TBIO Ponteiro e TBIO Trunfo, resultando em uma produtividade média de 4.198,5 kg/ha.

Gráfico 1 – Marcha e acúmulo de macronutrientes -TBIO Ponteiro e TBIO Trunfo

Conhecer a demanda nutricional da cultura do trigo permite o dimensionamento e posicionamento correto dos nutrientes dentro do ciclo da cultura, maior taxa de retorno do investimento e, sem dúvidas, permite que a planta possa expressar ao máximo sua genética e maior resiliência as adversidades.

Mais produtividade

Ser assertivo com a fertilização permite que a planta acesse os nutrientes os quais ela necessita em cada estádio do desenvolvimento, e ter a certeza de que ele não estará em falta ou então, seu excesso não estará prejudicando a disponibilidade de outro nutriente.

Nutrida adequadamente, a planta expressará seu máximo potencial genético, e aliado a bom manejo fitossanitário, a planta vai expressar sua máxima produtividade em cada ambiente.

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