Autores
Adria Suzane Del Vale Gaspar
Carla Beatriz Silva
Camila Juliana Generoso
Dominique dos Santos Casagrande
Isnar Borges Campos Neto
Júlia Letícia Martins Galdino
Graduandos em Engenharia Agronômica – IFSULDEMINAS, Campus Muzambinho
Felipe Campos Figueiredo – Doutor em Ciência do Solo e professor – IFSULDEMINAS felipe.figueiredo@ifsuldeminas.edu.br
Por se tratar de uma leguminosa de ciclo curto e sistema radicular pequeno e pouco profundo, o feijão acaba por ser uma planta muito exigente nutricionalmente e sensível às variações climáticas e à falta de água.
Como plantas bem nutridas apresentam maior resistência às pragas, doenças e adversidades climáticas, é importante que os nutrientes sejam colocados à disposição da planta em forma e quantidade suficiente, de modo que a mesma consiga completar seu ciclo e produzir de maneira satisfatória (IPNI, 1994).
Segundo a Embrapa (1996), os efeitos dos micronutrientes no feijoeiro são pouco observados, porém, existem inúmeros casos na literatura em que é demonstrado o efeito positivo da aplicação de zinco (Zn) e boro (B). Teixeira et al. (2003) apontam casos de resposta positiva para o zinco, boro e molibdênio (Mo).
O molibdênio é essencial ao processo biológico da fixação de N, sendo requerido no sistema enzimático da nitrogenase, bem como em relação ao metabolismo de N nas plantas (Embrapa,1996).
Segundo Ambrosano et al. (1996), a aplicação de micronutrientes, incluindo o Mo, pode contribuir efetivamente para o aumento de N nas folhas do feijoeiro, devido justamente ao fato de que esse micronutriente está intimamente relacionado à fixação de N pelas bactérias do gênero Rhizobium.
Em um trabalho realizado por Lana et al. (2008), constatou-se que a aplicação do zinco diretamente no sulco de semeadura resulta em maior produtividade de grãos de feijão.
Teixeira et al. (2003) afirma que o manganês, em concentrações adequadas, promove aumento nos teores de N.
Manejo de aplicação
Para a correta aplicação de fertilizantes na cultura do feijoeiro, sejam eles macro ou micronutrientes, deve-se realizar análises de solo e folhas, para que assim sejam elaborados os melhores planos de adubação de acordo com dados de produtividade estimada e realidade de cada produtor. Sua aplicação pode ser feita em sulco de plantio, via tratamento de sementes ou ainda por pulverização foliar.
Pesquisa e em campo
Em trabalho realizado por Lana et al. (2008), foi concluído que os maiores índices de produtividade de grãos de feijão estão ligados aos tratamentos com zinco na semeadura e tratamento de semente com cobalto e molibdênio.
No trabalho de Silva Júnior et. al. (2015) com o feijoeiro Caupi, utilizaram-se diferentes doses de boro, concluindo que a produtividade da cultura foi influenciada até a dose de 2,57 kg/ha, não ocorrendo incremento expressivo adotando doses acima desse valor.
Torres (2014) avaliou o efeito da aplicação foliar de doses de molibdênio (Mo) no feijoeiro inoculado associado a cobalto (Co), concluindo, nestas condições experimentais, que não houve interação entre estes dois micronutrientes. Porém, a aplicação de Mo gerou um aumento no número de vagens da cultura, verificando-se também uma tendência a maiores produtividades médias com o aumento da dose de Mo aplicado.
Em trabalho realizado pela Embrapa (2003), observou-se que os teores ideais de Mn e Fe, na folha de feijoeiro, são respectivamente de 30 a 300 mg/kg-1 e 100 a 450 mg/kg-1, sendo possível alcançar tais valores com adubações que levem em consideração dados de análises prévias de solo.
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Para Mn nessas condições experimentais, a testemunha já se encontrava em um nível razoável para esse micronutriente, ainda assim, complementou-se adicionando menor dose, que acabou por gerar aumento significativo na absorção deste nutriente e, provavelmente, maior eficiência na síntese de clorofila e reações enzimáticas, funções desempenhadas pelo Mn na planta (Embrapa, 2003).
Teixeira (2002), estudando a interação de doses crescentes de Zn e Mn no feijoeiro via foliar, constatou que a dose de 315 g/ha de Mn associada a 280 g/ha de Zn alcançou a máxima eficiência técnica em duas aplicações foliares, aos 25 e 35 DAE (dias após emergência), o que correspondeu a uma produção estimada de 2.275 kg/ha de grãos.
Com o uso da fonte quelatada via solo, obteve-se incremento na absorção de manganês. Tal observação pode indicar que com o uso desta fonte, pode ser reduzida a suplementação deste nutriente via foliar, mantendo-se a produtividade.
Atenção
Deve-se atentar às adubações excessivas de fósforo na área de cultivo, pois o P em excesso atua inibindo o zinco, tanto no solo quanto na planta (Lana et al., 2008). O zinco é um micronutriente muito importante para o feijão por garantir melhor enchimento de grãos do feijoeiro, quando adubado de forma correta.
Quanto aos óxidos de Cu, Mn e Zn, é indicado que sejam aplicados em formas solúveis, pois, em grânulos com menos de 40% de solubilidade em água, a eficiência desses micronutrientes é reduzida (Embrapa, 2016).
Os produtores devem ter em mente que a adubação e qualquer outra aplicação em sua lavoura deve ser realizada sempre com base em análises e, no caso de defensivos agrícolas, em dosagens pré-estabelecidas. Assim o sistema ficará em equilíbrio, bem nutrido, não havendo gastos desnecessários com produtos e/ou incrementos de doses que não trazem benefícios significativos, pelo contrário, que podem afetar negativamente sua produção.
Custo-benefício
Como atualmente o mercado já vem proporcionando essa possibilidade, é recomendado que o produtor utilize sementes já tratadas com micronutrientes, favorecendo desde o início o processo de fixação biológica – vital para o feijoeiro, embora não se deva deixar a complementação de N com fertilizantes nitrogenados -, nisto o produtor economiza em número de aplicações e consequentemente, em mão de obra, pagando um valor relativamente baixo para os benefícios proporcionados.