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Milho safrinha

Talis Melo ClaudinoEngenheiro agrônomo e mestrando em Agronomia/Energia na Agricultura – UNESP/FCA de Botucatut.claudino@unesp.br

Maurício Godoy Pereira dos SantosEngenheiro agrônomogodoymauricio.p@outlook.com

Murillo Pegorer SantosEngenheiro agrônomo e produtor ruralmurillo@rosalito.com.br

Milho – Fotos: Shutterstock

 O cultivo de milho de segunda safra, conhecido como milho safrinha, já é amplamente realizado no Brasil, já que esta cultura perdeu seu espaço no verão para o cultivo da soja, sendo a segunda cultura escolhida pela maioria dos agricultores para realizar seus investimentos.

Contudo, neste ano de 2021, com o preço elevado deste produto, a safrinha promete grande escala de produtividade no Brasil, mesmo chegando a ser cultivados em maiores períodos de risco, já que o plantio de soja 2020/21 atrasou devido ao baixo índice pluviométrico.

Entretanto, a produção estimada para este ano é 10,8% superior em relação ao que foi produzido no ano passado, sendo de 82,40 toneladas de grãos, e ainda, com alto valor de venda, trazendo ao agricultor grande rentabilidade.

Para isso, a nutrição é um dos pilares primordiais para que esta cultura possa chegar a ter altas produtividades, devendo sempre fazer o balanço correto entre os macro e os micronutrientes, para que assim a rentabilidade final seja adequada.

Nutrição primária e secundária

Os nutrientes se dividem em macronutrientes primários: N, P e K; macronutrientes secundários: Ca, Mg e S; e micronutrientes: B, Cl, Mo, Co, Cu, Fe, Zi, Mn. Também temos os micronutrientes benéficos, como o Ni, Se e Si.

Nesta matéria, iremos abordar os benefícios do Cálcio (Ca) na cultura do milho safrinha, elemento de grande importância em toda a fisiologia e construção de material vegetal, como fibras nas culturas, além de ser o componente essencial para a parede celular, formação de flores, crescimentos de raízes e mais diversas funções metabólicas.

Na safrinha, normalmente o Ca utilizado é aproveitado da calagem realizada para a cultura da soja no ano anterior, ou seja, pelo menos 130 dias antes de seu plantio. Sua necessidade para a cultura é clara, visto que sua deficiência pode causar sintomas primeiramente nas folhas mais novas, em que suas pontas apresentam pontos verdes ou esbranquiçados, lesões intercaladas, redução do crescimento nos tecidos meristemáticos e folhas arqueadas para trás.

O cálcio é um elemento imóvel na planta, ou seja, não transportado via floema. Sendo assim, adubações foliares de cálcio têm baixa eficiência, já que a cultura do milho extrai, para a produção média de 10 ton/ha, aproximadamente 32 kg de cálcio por hectare.

Desafio

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O grande problema é: como saber se a cultura da soja promoveu a correção do solo ideal quando a cultura do milho é implantada? Ou seja, o V% de 70, ou o conteúdo de cálcio no solo está adequado para a neutralização do alumínio? Ainda mais, como a safrinha é semeada praticamente em seguida à colheita da soja, o tempo de análise de solo e correção do mesmo não é suficiente, portanto, essa espera pode causar prejuízos àcultura?

Técnicas devem ser utilizadas para a minimização deste problema, por cálculos estequiométricos e recomendações já existentes por instituições e fundações de pesquisa. É possível realizar a correção do solo da soja já pensando na necessidade do milho safrinha que virá no próximo ano.

Lembrando que, para soja, normalmente se utiliza a relação 3/1 ou 4/1 para cálcio/magnésio. Já para milho foi visto que a relação 12/1 (contudo o magnésio deve estar acima de 5 mmoc dm-3) apresenta grande resposta ao agricultor. Isso deve ser analisado diretamente na calagem, pois ela irá realizar o suprimento deste nutriente para a cultura.

Outra forma pensando somente no fornecimento do nutriente para a cultura do milho safrinha é, após uma boa calagem realizada na cultura da soja, fazer o plantio do milho safrinha com fertilizantes que possuem cálcio em sua formulação, preferível de 3 a 5% de cálcio para o fornecimento total às plantas, assim sendo possível alcançar altas produtividades.

O tempo é curto, sendo impossível realizar mágicas para obtenção de altas produtividades quando estamos pensando na necessidade do cálcio pela planta, para que estão alcance o máximo potencial produtivo. Assim, devemos sempre manter o teor de cálcio no solo corrigido, o que acontece quando temos o teor de cálcio em 40 mmolc dm-3, desta forma, não ocorrerá o problema da deficiência.

Planejamento

Sendo assim, devemos pensar sempre no momento do planejamento da soja, que é a fase em que o milho responderá diretamente. Inicialmente pode parecer ao agricultor que a necessidade de calagem para as duas culturas é mais elevada, e assim mais cara, em relação às duas culturas juntas. Mas, este pensamento é necessário para que se tenha um bom ano agrícola, levando a maior rentabilidade ao agricultor.

As análises de solo são fundamentais para estas decisões, em diversas profundidades, 0 – 20 cm, 20 – 40 cm, e se possível em solos corrigidos em profundidade, realizar até mesmo a verificação do estado nutricional na profundidade de 40 – 60 cm.

Ou seja, planejar desde o início da safra, para obter bons resultados nela, e em seguida resultados expressivos na safrinha, são um investimento parcialmente maior, mas que irá apresentar altas produtividades das duas culturas. Vamos deixar o planejamento isolado para lá, afinal, a agricultura moderna deve se fundamentar no ano safra e não somente em uma cultura.

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