Guilherme Vieira Alves – Engenheiro agrônomo, consultor em cultivo de morango, certificação orgânica e sistemas orgânicos de produção – guilherme21@gmail.com
Maria Fernanda do Prado – Bióloga e produtora orgânica, responsável técnica pela produção da Quinta da Boa Vista Orgânicos – São Carlos (SP)
Ana Carolina do Prado – Jornalista, responsável pela comercialização da Quinta da Boa Vista – organicosdaquinta@gmail.com
Na Quinta da Boa Vista (QBV), localizada em São Carlos (SP), o morango orgânico é um produto que garante boa rentabilidade. Apesar de atendermos supermercados e hortifrútis, o principal canal de escoamento do nosso morango é diretamente ao consumidor, em feiras e no delivery.
É uma cadeia de comercialização curta, sem atravessadores e sem tempo de prateleira, o que favorece um preço acessível ao consumidor, boa margem de lucratividade, ao mesmo tempo em que garante qualidade e frescor dos produtos aos clientes.
O morango orgânico é um produto bastante atrativo e aceito pelo público, o que facilita sua comercialização. No entanto, apenas isso não é suficiente.
Para garantir alta rentabilidade, é preciso investir em:
1. Planejamento de instalação da cultura, incluindo desenho adequado dos canteiros, definição do espaçamento entre plantas, origem das mudas, preparo do solo, plantio correto, etc.;
2. Tratos culturais (limpezas periódicas, monitoramento, adubações e pulverizações) para obter boa produtividade ao longo da janela de produção;
3. Adequada quantificação da mão de obra, visto que é uma cultura exigente nesse aspecto, principalmente durante a colheita;
4. Mapeamento do contexto e desenvolvimento de rede de comercialização adequada aos objetivos e perfil do produtor
Manejo do plantio à colheita
O cultivo da Quinta da Boa Vista vem sendo conduzido a campo aberto. Não consideramos que exista uma técnica em específico a ser destacada, mas sim um conjunto, entre elas a rotação de culturas, a construção de canteiros elevados e a adubação equilibrada, com base em análise de solo.
O manejo adotado está se mostrando capaz de dar condições para a expressão do potencial genético e fisiológico das plantas. A QBV está localizada em região relativamente quente, e mesmo assim, aspectos importantes de qualidade no pós-colheita (cor, aroma, firmeza, sabor) vêm sendo observados, garantindo a fidelização do consumidor local. Colhemos, até o momento, 750 g/planta, entre fruta fresca e congelada, e esperamos chegar a 1,0 kg/planta.
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Iniciativas que não compensam
De modo geral, observamos os produtores: realizando adubações mal distribuídas e/ou desequilibradas ao longo do ciclo da planta, colhendo frutos precocemente, na busca de maior durabilidade pós-colheita, ao mesmo tempo em que minimizam a importância de uma logística adequada na distribuição das frutas até o distribuidor/consumidor.
É muito importante que o planejamento do projeto seja realista com o contexto do produtor e da região, ou seja, tentar fazer simples, sem muito exagero. É comum, nas etapas iniciais, não dispormos de toda a estrutura desejada, mas nem por isso deve-se minimizar a preocupação com a qualidade do produto ofertado. Este é o seu cartão de visitas, e o retrato de todo o cuidado e preocupação que você tem com o cidadão disposto a comprar seus morangos.
A capacitação e motivação da mão de obra e responsáveis também são definidoras. A experiência prévia na cultura é de grande valia, mas a observação atenta e diária no campo não pode faltar.
Custo e retorno
O custo, considerando insumos para preparo de solo e controle fitossanitário, materiais de instalação, mudas e energia elétrica, é de aproximadamente R$ 10,00/planta. No entanto, quando colocamos mão de obra, principalmente para colheita, seleção/porcionamento e distribuição direta ao consumidor, por meio de feiras e delivery, esse custo salta para R$ 15,00/planta.
O retorno da produção de morango no ano de 2020 na Quinta da Boa Vista já atingiu R$20,00/planta. No entanto, esperamos alcançar, ainda neste ano, a média de R$ 25,00/planta.