Suzeth Carvalho Sousa – Graduanda em Engenharia Agronômica – Unicerrado – suzecarvalho10@gmail.com
O pepino (Cucumus sativus) é uma hortaliça da família Cucurbitaceae, muito consumida e apreciada em todas as regiões do Brasil. Além disso, devido às suas propriedades nutritivas e farmacêuticas, é utilizado em medicamentos e cosméticos.
Assim como a maioria das culturas, o pepino também sofre a incidência de ervas daninhas, que competem por água, luz, nutrientes e espaço físico, além de serem hospedeiras de insetos-praga e doenças. Essa competição afeta o desenvolvimento da cultura e, consequentemente, ocasiona uma menor produtividade e qualidade dos frutos.
Prejuízos
Algumas ervas daninhas, além da concorrência com a cultura, prejudicam ainda mais os cultivos de pepino devido à produção de compostos químicos tóxicos, conhecidos como aleloquímicos, que podem modificar o crescimento das plantas e diminuir ou eliminar a capacidade de competição, gerando maiores perdas no processo de produção.
Esses compostos tóxicos podem ser liberados através de exudados das raízes ou pela lixiviação pelas chuvas, devido à sua presença na matéria orgânica do solo.
Estudos com plantas olerícolas revelaram que a alelopatia de certas espécies de ervas daninhas afetaram o desenvolvimento das plântulas de pepino, reduziram a biomassa seca das raízes e dos frutos e acarretam em diminuição no comprimento da parte aérea das plantas.
Solução
É fundamental o controle dessas plantas invasoras nas áreas de cultivo dessa hortaliça. A utilização de herbicidas não é a solução final, até mesmo porque, segundo a Embrapa, não existem produtos registrados para a cultura do pepino junto ao MAPA.
Há uma diversidade de formas de manejo que, quando utilizadas em conjunto, propiciam a eliminação e diminuição dos danos causados. O integrante do manejo mais importante é a própria cultura, ou seja, uma cultura bem implantada, sadia e com boa vigorosidade tem um alto potencial de competição, por já estar ocupando um determinado espaço e dificultando a emergência e desenvolvimento das invasoras.
Em consonância, pode-se adotar medidas preventivas que visem impedir a introdução e disseminação de ervas daninhas em locais onde elas não existam. Um exemplo é a limpeza de equipamentos, veículos, pessoas e até animais, antes de adentrar a área, pois todos esses agentes podem trazer consigo propágulos dessas plantas infestantes, se tornando agentes de dispersão.
Mulching como alternativa
Outro método que vem sendo utilizado em vários tipos de produção é a cobertura do solo com o uso de filme mulching, uma técnica agrícola desenvolvida pelos japoneses na década de 1950 para uso em hortaliças.
Os plásticos empregados nessa técnica podem ser de diferentes colorações e têm o objetivo de formar uma barreira física que protege o cultivo, gerando assim melhores resultados nas lavouras.
O mulching oferece vários benefícios às culturas, como menor incidência de insetos-praga e desenvolvimento de ervas daninhas, controle da temperatura e umidade do solo, diminuição da perda de água e manutenção dos nutrientes, evita lixiviação, atua na minimização dos gastos da lavoura e ainda melhora a qualidade da colheita, devido aos frutos não ficarem em contato direto com o solo, reduzindo assim a podridão e mantendo-os limpos.
No pepino
A implantação dessa técnica no cultivo de pepino deve ser feita em canteiros elevados, onde a lona plástica é esticada em todo o comprimento e depois para os lados. É importante evitar a entrada de vento durante o processo, para que a mesma não se desloque.
Após estar bem esticada é recomendado que se coloque uma porção de terra nas laterais para que a lona se mantenha fixa e possa ser perfurada de acordo com o espaçamento a cultura. Esse sistema de cobertura plástica garante uma maior produtividade e uma antecipação na produção.
Em pepinos, o uso de plástico de coloração preta ocasiona temperaturas do solo mais elevadas nas safras de inverno, o que promove uma germinação mais rápida e desenvolvimento precoce dos frutos. Em períodos quentes, os plásticos na cor branca/prata são usados para evitar o superaquecimento do solo, mantendo assim a temperatura ideal para o crescimento da cultura.
Um estudo realizado no município de Umuarama (PR) comprovou que o uso da cobertura plástica nas cores citadas anteriormente possibilita uma maior produtividade na cultura do pepino, em virtude da maior qualidade e número de frutos por planta, pois houve aumento do peso médio dos frutos e também do percentual dos mesmos sob classificação comercial tipo 2.
Opções
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O filme plástico mulching produzido no Brasil tem as medidas padrões de largura 1,00 m, 1,20 m, 1,40 m, 1,60 m e 1,80 m. O comprimento fornecido pelos fabricantes é de 500 m ou 1.000 m.
O custo do material varia de acordo com o fornecedor, podendo ser encontrado a preços que vão desde R$ 209,00 (1,00 m x 500 m) a R$ 1.139,00 (1,80 m x 1000 m) destinados a atender a necessidade de cada produtor.
Experimentos a campo com cultivo de café na região de Minas Gerais demonstram resultados extraordinários quanto ao custo-benefício, pois houve uma redução de até 29% nos gastos com controle de ervas daninhas e até 30% no consumo de água para irrigação nos ensaios de estresse hídrico, finalizando com um aumento de 70% da produção. São dados que comprovam o retorno e eficiência da adoção desse sistema.
Técnicas
A instalação do mulching em qualquer cultivo pode ser feita de forma manual ou por máquinas especificas, o que definirá a forma é o tamanho da área. É necessário mão-de-obra qualificada para manusear o plástico, pois se colocado de maneira inadequada causa danos ao processo de desenvolvimento das plantas e redução da vida útil do material.
Outra questão é se o sistema de irrigação for o gotejo, pois esse fica sob a cobertura e em certos casos pode ocorrer o entupimento ou furos, o que dificulta a observação e correção dos danos.
A utilização de plásticos biodegradáveis nesse sistema é uma opção pouco adotada, devido ao seu oneroso custo, pois no Brasil não há nenhum fabricante, sendo necessária a importação desse tipo de material.
Gargalo
Uma dificuldade no País é o descarte após o uso, devido ao filme plástico ser composto principalmente em polietileno, uma substância que não se degrada fácil no solo e que não pode ser queimada.
O material descartado deve ser destinado para empresas de reciclagem, o que torna dificultoso o processo, em razão da existência de um pequeno número dessas empresas.