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Mulching diminui o uso de água no café

Laís Sousa Resende

Engenheira agrônoma, mestranda em Fitotecnia na Universidade Federal de Lavras (UFLA)

Caroline de Abreu Knüppel

Graduanda em Agronomia – UFLA

Dalyse Toledo Castanheira

Engenheira agrônoma e doutoranda em Fitotecnia” UFLA

dalysecastanheira@hotmail.com

 Crédito ElectroPlastic
Crédito ElectroPlastic

Nos últimos anos nota-se que as mudanças climáticas estão se tornando cada vez mais recorrentes, influenciando de forma direta na agricultura. Nesse sentido, a cultura do café também pode ser prejudicada devido a sua alta sensibilidade frente às alterações de temperatura e precipitação.

As altas temperaturas, aliadas a baixos índices de chuva, podem causar diversos danos ao cafeeiro, como: o baixo pegamento na floração, o não enchimento de grãos e a queda de frutos prematura. Essas situações levam a perdas significativas na produtividade, prejudicando também a safra seguinte.

Logo, o estudo de alternativas que visam a otimização da água na cafeicultura é de grande importância para solucionar os impactos da crise hídrica que estamos vivendo atualmente. Pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Minas Gerais, estão estudando o uso de diferentes técnicas agrícolas como ferramentas potenciais para reduzir tais impactos.

Uma dessas tecnologias é o uso do “mulching“, um plástico agrícola de polietileno muito comum na horticultura, e devido aos grandes benefícios vem ganhando espaço em cultivos perenes. Esse filme plástico cobre o solo ao redor das plantas, proporcionando inúmeras vantagens.

Vantagens

O mulching forma uma barreira física e reduz a troca de vapor d’água entre o solo e a atmosfera. Consequentemente, há a diminuição de forma significativa da evapotranspiração da água, mantendo o solo úmido por mais tempo. Ademais, o solo mantém-se em temperaturas amenas, acarretando na menor amplitude térmica entre o dia e a noite.

A maior umidade do solo, juntamente com a barreira física formada, melhora o aproveitamento de fertilizantes, pois evita a lixiviação, resultando em uma boa disponibilidade de nutrientes para as plantas e no maior crescimento destas. Em virtude disso, reduz-se o índice de replante na área, há o maior arranque inicial das mudas, e as plantas estão mais preparadas para períodos de veranico e estresse.

O plástico agrícola ainda é responsável por suprimir as plantas daninhas na área. Como há a cobertura do solo, as sementes das plantas infestantes não germinam. Esse é um fator muito importante, visto que o controle do mato em cafeeiros jovens apresenta-se oneroso e de difícil acesso.

Assim, nos primeiros anos de cultivo eliminam-se as capinas manuais e também o uso de herbicidas na linha de plantio. Esse fato é de grande valia, já que as capinas podem causar injúrias nas plantas pelo “corte da enxada“, e o uso demasiado de herbicidas pode ocasionar na fitotoxicicidade de mudas.

Em cafeeiros irrigados, a técnica ainda proporciona um melhor aproveitamento dos recursos hídricos. Como o solo se mantém úmido por mais tempo, diminui-se a lâmina aplicada e a frequência de irrigação. Há, então, a redução da mão de obra e economia de água.

Custo-benefício

A média do custo de implantação é de aproximadamente R$ 2.500 por hectare. Se considerarmos seis capinas durante dois anos agrícolas (tempo médio de duração do plástico no campo), somado à aplicação de herbicidas pré e pós-emergentes, o custo do mulching pode ser até mais barato em relação ao manejo convencional.

Não só em termos econômicos devemos analisar a tecnologia. As inúmeras vantagens citadas acrescidas da redução da mão de obra e do uso de agroquímicos nas lavouras tornam o mulching uma tecnologia de grande potencial na cafeicultura.

Produtividade

A próxima etapa da pesquisa é avaliar os resultados de produtividade, uma vez que o café demora em torno de dois a três anos para ter a primeira produção significativa.

Na primeira produção, também chamada pelos cafeicultores de “cata“, houve um aumento considerável quando comparamos o uso do mulching em áreas com o solo descoberto. Possivelmente haverá uma precocidade na produção, já que as plantas se estabelecem mais rápido na área e desenvolvem primeiro.

O plástico agrícola elimina as plantas daninhas - Crédito Dalyse Catanheira
O plástico agrícola elimina as plantas daninhas – Crédito Dalyse Catanheira

Como implantar

Existem duas possibilidades para o produtor implantar o mulching. A primeira é plantar as mudas na área e depois vir com o plástico por cima, fazendo uma abertura para colocar a muda. Na segunda, o plástico é colocado primeiro e depois se faz o plantio das mudas.

As operações de colocar o plástico na área podem ser feitas de forma manual ou mecanizada. Além disso, há a opção no mercado em que a lona já vem perfurada, facilitando a implantação.

Após a instalação, recomenda-se o “chegamento“ da terra próximo à lona para fixar o material no local. No caso da operação mecanizada, esse procedimento já é feito. Salienta-se que, como a tecnologia é nova na área do café, ainda estão sendo desenvolvidas inovações para otimizar seu uso no campo.

No campo, o plástico é mantido em torno de dois anos ou até o café atingir a primeira produção significativa. Quando o café entra na fase de produção,manter o plástico na lavoura é inviável, pois o cafeicultor precisa fazer a prática de “varrição“, que consiste em recolher os frutos de café que caem no chão, e essa atividade pode danificar o plástico.

Nesse sentido, há uma busca constante no mercado por um material que seja ecologicamente correto e sustentável: o mulching biodegradável, logo o produtor não precisa retirá-lo do campo, pois este se deteriora e decompõe sozinho. Porém, para as outras opções existentes é necessário retirar de forma manual.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de março 2018 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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