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O que fazer em caso de deficiência de fósforo em milho

Combater a deficiência de fósforo no milho é crucial para otimizar o rendimento das plantações.

Fabio Olivieri de Nobile
Doutor e professor em Fertilidade do Solo – Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (UNIFEB)
fabio.nobile@unifeb.edu.br
Letícia Ane Sizuki Nociti Dezem
Doutora e professora em Produção Vegetal – Faculdade São Luís de Jaboticabal
agronomia@saoluis.br

A deficiência de fósforo é um problema comum em plantas de milho e pode afetar seu crescimento, desenvolvimento e produtividade. O fósforo é um nutriente essencial para as plantas, desempenhando um papel crucial na fotossíntese, no metabolismo energético e na transferência de energia nas células.
Quando há falta excessiva desse nutriente, as plantas de milho exibem sintomas característicos que podem ser observados nas folhas, caules e raízes.

Sintomas

Figura 1. Deficiência em folhas mais velhas, com coloração verde intensa e arroxeada.
Fonte: PlantwisePlus (2018).

Os sintomas iniciais de deficiência de fósforo em plantas de milho geralmente aparecem nas folhas mais velhas, localizadas na parte inferior da planta, as quais exibem um verde escuro ou azulado e podem ficar arroxeadas, especialmente nas bordas (Figura 1).
O crescimento da planta pode ser retardado e as folhas afetadas podem ficar mais estreitas e mais alongadas do que o normal.

Além disso, a deficiência de fósforo pode causar um encurtamento dos internódios, resultando em um crescimento compacto da planta. As folhas também podem apresentar clorose, ou seja, uma coloração amarelada ou esbranquiçada entre as nervuras, indicando uma redução na produção de clorofila. Esse sintoma pode se espalhar para folhas mais jovens à medida que a deficiência de fósforo se agrava.
Outros sinais de deficiência de fósforo incluem o desenvolvimento de raízes fracas e pouco desenvolvidas. As raízes podem ser mais curtas e mais finas do que o normal, com um sistema radicular menos vigoroso. Isso ocorre porque o fósforo desempenha um papel importante na formação e no desenvolvimento das raízes, bem como na absorção de outros nutrientes pelas plantas.
É importante destacar que os sintomas de deficiência de fósforo podem variar em intensidade, dependendo do estágio de desenvolvimento da planta e das condições ambientais. Além disso, a deficiência de fósforo pode ser confundida com outras deficiências nutricionais ou problemas de estresse (Figura 2).

Figura 2. Sintomas de diferentes nutrientes na cultura de milho.
Fonte: IRIGATEC (2021).

Ponto de partida

Para confirmar a deficiência de fósforo, é recomendado realizar análises de solo e de tecido vegetal, que podem fornecer informações precisas sobre a disponibilidade desse nutriente para as plantas.
A identificação visual de deficiências nutricionais em plantas, como o milho, é uma ferramenta essencial para os agricultores diagnosticarem problemas e tomarem medidas corretivas. No caso específico da deficiência de fósforo, existem alguns sinais visuais característicos que podem ajudar a identificar o problema.
Vale ressaltar que essas informações são baseadas em pesquisas e estudos científicos na área agrícola.
Para uma identificação mais precisa da deficiência de fósforo no milho, é importante levar em consideração outros fatores, como o histórico de fertilização do solo, a presença de doenças ou pragas e possíveis interações com outros nutrientes. Portanto, a análise visual deve ser complementada por testes de solo e análises foliares para um diagnóstico preciso.
Vários fatores podem contribuir para essa deficiência, incluindo características do solo, práticas agrícolas inadequadas e interações complexas entre o fósforo e outros nutrientes.

Características do solo

A disponibilidade de fósforo no solo é afetada por suas características físicas e químicas. Solos ácidos, com baixo pH, são propensos à fixação de fósforo, tornando-o indisponível para as plantas.
Além disso, solos com alto teor de argila podem reter fósforo de forma excessiva, dificultando sua absorção pelas raízes das plantas de milho.

Práticas de manejo do solo

O manejo inadequado do solo pode levar à deficiência de fósforo em lavouras de milho. A remoção excessiva de resíduos culturais, como a palha, pode reduzir os níveis de fósforo disponível no solo.
Além disso, o uso excessivo de fertilizantes nitrogenados pode aumentar a demanda por fósforo, resultando em uma deficiência desse nutriente.

Interferência de outros nutrientes

A deficiência de outros nutrientes, como zinco, ferro e manganês, pode afetar a absorção e utilização do fósforo pelas plantas de milho. Por exemplo, altos níveis de zinco podem inibir a absorção de fósforo pelas raízes das plantas, levando à deficiência desse nutriente essencial.

Variedades de milho

Algumas variedades de milho podem ser mais suscetíveis à deficiência de fósforo do que outras. A seleção de variedades adaptadas ao ambiente local e com maior eficiência na absorção de fósforo pode ajudar a minimizar o impacto dessa deficiência.

Condições climáticas

Condições climáticas adversas, como temperaturas frias e umidade excessiva do solo, podem reduzir a disponibilidade de fósforo para as plantas de milho. O frio e o excesso de água podem diminuir a atividade das enzimas envolvidas na liberação de fósforo no solo, dificultando sua absorção pelas plantas.

Pesquisas

A deficiência de fósforo é comum em milho
Créditos: Shutterstock

Vários estudos têm investigado os efeitos da deficiência de fósforo na qualidade dos grãos de milho. Uma pesquisa realizada por Zhang et al. (2015) demonstrou que a deficiência de fósforo resultou em diminuição significativa nos teores de amido e proteína dos grãos de milho.
Além disso, os grãos provenientes de plantas deficientes em fósforo apresentaram menor teor de óleo, o que pode afetar negativamente a qualidade nutricional do produto final.
Outro estudo realizado por Li et al. (2018) mostrou efeitos da deficiência de fósforo na composição de aminoácidos. Os resultados mostraram que a deficiência de fósforo resultou em alterações significativas na concentração de aminoácidos essenciais, como lisina, triptofano e treonina.
Essas mudanças na composição de aminoácidos podem ter implicações na qualidade da proteína do milho e sua utilização em rações animais.
Além dos efeitos na qualidade dos grãos, a deficiência de fósforo também afeta a produtividade do milho. Um estudo conduzido por Yang et al. (2016) demonstrou que a aplicação adequada de fósforo no solo resultou em um aumento significativo no rendimento de grãos de milho.
A falta desse nutriente essencial pode limitar a capacidade da planta de produzir energia, crescer e desenvolver-se adequadamente, resultando em menor produção de grãos.

Manejo nutricional

Uma das técnicas recomendadas para a adubação fosfatada é a aplicação direta de fosfato no solo. Nesse caso, o fertilizante fosfatado é incorporado ao solo pela aplicação em sulcos ou na linha de semeadura. Essa técnica permite uma melhor distribuição do fósforo próximo às raízes das plantas, favorecendo a absorção eficiente do nutriente.
Outra técnica é a adubação fosfatada em cobertura. Nesse caso, o fertilizante fosfatado é aplicado durante o crescimento das plantas de milho, após a emergência das plântulas. A aplicação em cobertura pode ser feita por meio da distribuição do fertilizante na superfície do solo ao redor das plantas ou por meio da fertirrigação.
A técnica auxilia no fornecimento contínuo de fósforo às plantas durante seu desenvolvimento, suprindo suas necessidades nutricionais ao longo do ciclo de cultivo.
Além disso, técnicas de adubação fosfatada de liberação controlada também podem ser utilizadas. Nesse caso, fertilizantes fosfatados especiais são utilizados, nos quais o fósforo é liberado gradualmente no solo, disponibilizando-o de forma contínua às plantas.
Essa técnica visa otimizar a eficiência de uso do fósforo, reduzindo perdas por lixiviação ou fixação no solo e fornecendo o nutriente de acordo com a demanda das plantas.
A escolha da técnica de adubação fosfatada mais adequada deve levar em consideração as características do solo, a disponibilidade do fertilizante, o manejo e as recomendações específicas para a cultura do milho. É essencial realizar uma análise do solo para determinar a quantidade de fósforo disponível e, assim, estabelecer as doses corretas de adubação.

Na dose certa

A quantidade ideal de fósforo a ser aplicada na adubação de milho varia de acordo com diversos fatores, como o teor de fósforo no solo, a cultivar utilizada, as condições climáticas e o manejo adotado. No entanto, pesquisas brasileiras têm fornecido diretrizes para orientar os produtores na escolha da quantidade adequada desse nutriente


Recomendações
Tipo de solo Quantidade de fósforo
Baixa disponibilidade de fósforo Aplicação de 40 a 60 kg/ha de P2O5
Teores médios a altos de fósforo Doses entre 20 e 40 kg/ha de P2O5
Plantio direto, com acúmulo de matéria orgânica na camada superficial 30 kg/ha de P2O5
Sistemas convencionais de preparo do solo 60 e 90 kg/ha de P2O5

Além disso, é importante considerar as recomendações oficiais para a adubação de milho no Brasil, uma vez que se estabelece valores de recomendação para cada estado brasileiro, levando em conta características específicas de cada região.
Essas recomendações podem ser consultadas para determinar a quantidade ideal de fósforo a ser aplicada na adubação de milho de acordo com a localidade.
É válido ressaltar que a análise de solo é fundamental para determinar o teor de fósforo disponível e auxiliar na tomada de decisão sobre a quantidade a ser aplicada. A análise fornece informações sobre a fertilidade do solo, permitindo um ajuste mais preciso da adubação.

Prevenção

Uma das principais medidas preventivas é a aplicação correta de fertilizantes fosfatados. O uso de adubos ricos em fósforo, como superfosfato simples, superfosfato triplo e fosfato monoamônico, pode suprir a demanda de fósforo das plantas e evitar a deficiência.
A quantidade e o momento da aplicação dos fertilizantes devem ser determinados com base nas características do solo, nos níveis de fósforo disponível e nas necessidades específicas da cultura do milho. Recomenda-se fazer uma análise do solo para identificar a quantidade de fósforo disponível e ajustar a dose de adubação.
Outra medida preventiva importante é a prática da rotação de culturas, que contribui para melhorar a disponibilidade de fósforo no solo, reduzindo a sua fixação e aumentando a eficiência de utilização pelas plantas. Ao alternar o milho com outras culturas, como leguminosas fixadoras de nitrogênio, por exemplo, é possível enriquecer o solo com matéria orgânica e nutrientes, incluindo o fósforo.
Além disso, é fundamental garantir uma boa gestão da matéria orgânica no solo. A incorporação de resíduos vegetais, estercos e outros materiais orgânicos contribui para a melhoria da estrutura do solo, promove a atividade microbiana benéfica e aumenta a disponibilidade de fósforo para as plantas.
A manutenção do pH adequado do solo é outra medida preventiva relevante. Solos com pH abaixo do ideal podem apresentar maior fixação de fósforo, dificultando a sua absorção pelas raízes das plantas.
Nesse sentido, a calagem pode ser uma estratégia eficaz para elevar o pH e melhorar a disponibilidade de fósforo. Recomenda-se fazer uma análise de solo para verificar a necessidade de calagem e ajustar a quantidade de calcário a ser aplicado.
Por fim, a adoção de práticas de manejo, como o plantio direto e a cobertura do solo, pode contribuir para prevenir a deficiência de fósforo. Essas práticas ajudam a reduzir a erosão e a fixação do nutriente, promovendo a conservação do fósforo no sistema solo-planta.

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